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Clássico renovado

Novo ‘Aladdin’ encanta o público, mas sofre em comparações com a animação original

Por Richard Molina
Especial para o Diário
23/05/2019 | 07:29
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Divulgação


Refilmagens de longas clássicos tendem a ser polêmicas. Com raras exceções, elas não agradam ao público dos longas originais, mas ainda assim conquistam fãs. O novo Aladdin, que estreia hoje nos cinemas do Grande ABC, deve seguir o mesmo caminho.

Aladdin (1992) foi um longa histórico da Disney que fez parte de um período de graça para o estúdio, conhecido como era da renascença. Após a morte dos irmãos Walt e Roy Disney (1966 e 1971, respectivamente), e a saída de muitos animadores do estúdio nos anos 1980, o departamento de animação acumulou fracassos comerciais e de crítica até quase fechar. Essa maré baixa começou a mudar em 1989, com o lançamento de A Pequena Sereia, inaugurando o renascimento do estúdio. Seguiram-se os igualmente clássicos A Bela e a Fera (1991), Aladdin e O Rei Leão (1994).

A aventura do ladrão órfão crescido nas ruas de Agrabah é o segundo longa desse período a ganhar uma refilmagem live-action (que usa atores reais ao invés da animação). E tal como o antecessor, A Bela e a Fera (2017), carrega o peso de reapresentar uma história que agrade a novas audiências, respeitando o filme original enquanto atualiza e complementa conceitos.

O primeiro desafio é imediato: os personagens de carne e osso precisam ter tanto carisma e simpatia do público quanto suas contrapartes animadas. E isso começa na escolha do elenco. No caso, a Disney se esforçou para encontrar profissionais árabes ou com esta ascendência, para serem fiéis às etnias dos personagens no mundo real. Mena Massoud, nascido no Egito, foi escolhido para interpretar Aladdin. Naomi Scott, de ascendência indiana, é a Princesa Jasmine, e Marwan Kenzari, com família da Tunísia, é o vilão Jafar. A aparência física e o figurino dão o primeiro passo para emular os personagens clássicos e, embora algumas diferenças saltem aos olhos, elas não são necessariamente ruins. É questão de interpretação e preferência, acima de tudo.

O novo filme, dirigido por Guy Ritchie e escrito por ele junto com John August, tem dois ritmos, apressado no início e se desenvolvendo com mais calma do meio para o fim. Insinuações de violência do desenho que poderiam passar por xenofóbicas foram abrandadas e os personagens ganharam novas características. Aladdin é menos íntegro e mais ladrão no começo, menos seguro, e Jafar tem um passado que o permite se conectar com o herói. Jasmine ganhou um arco narrativo próprio, tendo que superar a insegurança para se provar merecedora da confiança do sultão. Ganhos de história, nem tanto de execução ou personalidade.

O ponto alto é o Gênio de Will Smith, tão carismático e divertido quanto o dublado por Robin Williams (voz de Márcio Simões no Brasil). Mesmo com falas e ações idênticas ao original, Smith consegue imprimir a sua personalidade no personagem, mantendo-o interessante e ao mesmo tempo sendo mais sábio e compreensivo.

Smith também entrega muito bem as canções icônicas da animação. Aliás, a performance musical é uma constante, afinação e emoção vibrando dos atores o tempo todo. A trilha clássica ganhou um tratamento moderno, ressaltando graves e arrancando arrepios positivos. A nota baixa fica para Jasmine, que em solo seu (novidade do filme) quebra regras preestabelecidas no longa. Uma hora que deveria ser de epifania para a personagem parece solta e, em certa medida, forçada.

Aladdin é uma abordagem nova da história, atualizada para os novos tempos, visualmente deslumbrante e que encanta. Mas os fãs antigos, ao assistirem, vão sentir da saudade da primeira Noite da Arábia. 




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