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Imunidade contra a Covid-19 posta à prova!
Antonio Carlos do Nascimento
22/08/2020 | 18:04
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Um Surto de Covid-19 ocorrido em barco pesqueiro, no Alasca, com 122 tripulantes, nos trouxe valiosas e promissoras informações acerca da resposta imunológica desenvolvida por nossos organismos após a infecção pelo Coronavírus.

A testagem pré-embarque da tripulação demonstrou através do RT-PCR (padrão ouro no diagnóstico da Covid-19) que 120 tripulantes eram negativos para a presença do Coronavírus em suas vias aéreas, sendo que 6 desses apresentavam anticorpos IgG positivos (Abbott Architect), apontando infecção prévia por este agente submicroscópico. Porém, ainda que não tenham sido expostos os motivos, outros dois tripulantes supostamente infectados e assintomáticos, embarcaram sem que fossem submetidos às testagens.

Após 18 dias no mar, o reconhecimento do surto viral obrigou o retorno da embarcação, sendo então constatado que 104 dos 122 tripulantes haviam desenvolvido Covid-19. Curiosamente, dos 6 que embarcaram com sorologia positiva para IgG contra o Coronavírus, 3 deles foram infectados, enquanto os outros 3 não apresentavam qualquer sintomatologia relacionada à doença.

O armazenamento das amostras (pré-embarque) do soro destes 6 indivíduos permitiu que as mesmas fossem reestudadas quanto aos subtipos de imunoglobulinas, já que o teste Abbott Architect dosa a IgG contra a nucleoproteína (IgG-N) do Coronavírus, as quais não impedem a entrada deste vírus na célula hospedeira. O teste é utilizado por se admitir que todos os subtipos de IgG se elevam (embora não simultaneamente) em resposta a este processo infeccioso.

Após reavaliação sorológica foi verificado que os 3 tripulantes IgG positivos não infectados apresentavam imunoglobulinas contra a lança viral (S= "spike domain" e RBD ="receptor binding domain) e estes anticorpos (IgG-S e IgG-RBD) não são titulados pelo teste Abbott Architect.

Os outros 3 tripulantes IgG positivos que desenvolveram a Covid-19 apresentavam níveis de anticorpos muito baixos, no limite inferior da detecção, e suas imunoglobulinas eram aquelas voltadas contra a nucleoproteína do Coronavírus (IgG-N).

Este estudo sugere que as Imunoglobulinas G (IgG) que nos promovem imunização contra a Covid-19 sejam os anticorpos IgG-S e IgG-RBD, contra a lança viral - espícula de conexão do vírus com as células hospedeiras-, enquanto as Imunoglobulinas contra a nucleoproteína (IgG-N) viral não nos confiram proteção. Poderíamos então testar positivo para IgG e ainda sim sermos suscetíveis a reinfeção.

Além disso, fica também sugerido que uma determinada vacina será tão mais eficaz quanto maior for sua capacidade de induzir o sistema imunológico na produção das imunoglobulinas contra a lança viral.

O estudo contempla um número muito pequeno de indivíduos com testes positivos para IgG submetidos a ambiente altamente contaminante, mas torna possível que seja necessário investigação adicional em indivíduos que testem IgG positivo para Covid-19.

Este ensaio também não afasta a possibilidade que as Imunoglobulinas contra a nucleoproteína (IgG-N) do Coronavírus não possam arrefecer a gravidade da reinfecção.

Fonte: NEUTRALIZING ANTIBODIES CORRELATE WITH PROTECTION FROM SARS-COV-2 IN HUMANS DURING A FISHERY VESSEL OUTBREAK WITH HIGH ATTACK RATE.




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