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Futuro do Jd.Kennedy segue incerto

Uma semana após tragédia, famílias que tiveram casas interditadas iniciam mudança; demais moradores da área de risco de Mauá aguardam auxílio

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
09/01/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


 Entre lama e pertences perdidos, moradores do Jardim Kennedy, em Mauá, iniciaram ontem nova fase da vida: a do recomeço, com a esperança de que 2018 seja um ano melhor. Uma semana após deslizamento de terra matar criança de 10 anos e deixar outra pessoa ferida, seis famílias vizinhas ao palco da tragédia iniciam processo de mudança do local. Enquanto isso, aqueles que ficam relatam incertezas e medos em relação ao futuro no bairro.

Ontem, durante a terceira visita do Diário ao local, onde ocorreu a primeira tragédia do ano no Grande ABC, ao menos três famílias foram vistas tentando recuperar pertences em casas interditadas pela Defesa Civil do município. Ao todo, sete moradias foram lacradas.

“Já estamos na segunda semana de 2018, mas a impressão que tenho é a de que ainda estou num furacão de emoções e só depois disso vou poder recomeçar minha vida”, desabafa a dona de casa Joana D’Arc Ferreira, 40. Moradora do bairro há nove anos, ela teve a casa interditada na semana passada pela administração municipal, porém só ontem conseguiu fazer a remoção total de seus móveis. “Tive dificuldades para encontrar uma casa que conseguisse pagar com o auxílio-aluguel da Prefeitura (no valor de R$ 400). É muito complicado deixar uma casa que você comprou para voltar ao aluguel.”

A situação se repete na moradia da também dona de casa Carina Estela Ramos, 29. Ela, que teve seu barraco totalmente destruído durante o deslizamento de terra do dia 1º, vive agora na casa do pai. “Estou esperando a doação de móveis para me mudar para um cortiço aqui mesmo no Kennedy.”

No sábado, cinco dias após a tragédia, o prefeito Atila Jacomussi (PSB) foi até o bairro pela primeira vez. No local, onde vivem 300 famílias, prometeu realizar a remoção de moradias localizadas em área de risco. Passados dois dias da visita, pouca coisa mudou.

A faixa vermelha usada pela Defesa Civil para identificar residências interditadas ainda é vista por toda a parte em meio às casas desmoronadas. Porém, o aviso que traz mensagem de perigo e iminência de desmoronamento não é suficiente para que famílias que se espremem nas pequenas vielas do Jardim Kennedy desocupem a área.

“Na realidade, ninguém quer estar aqui. Todo mundo quer ir para uma casa mais digna, num lugar melhor. A questão é que o pessoal da Prefeitura só promete. No sábado falaram que cadastrariam outras famílias em área de risco. Pegaram meu nome, mas até agora não fizeram nada. Para que vou sair daqui?”, indigna-se a dona de casa Vanda Barboza, 39.

Moradores ressaltam que a área é considerada de risco há mais de dez anos, desde que foi ocupada de forma irregular. A promessa da Prefeitura era a de que famílias que residem em zonas extremas fossem realocadas em conjunto habitacional na Rua Capitão Rufino Ângelo Ramos, localizado a menos de cinco minutos do local da tragédia. A construção das moradias, no entanto, conforme noticiado no ano passado pelo Diário, está com obras paralisadas há mais de oito anos e, atualmente, é ocupada por outras famílias.

“O certo seria a Prefeitura cumprir essa promessa. Do que adianta abandonar minha casa e voltar a viver de aluguel nessa fase da minha vida. Por mais que more num barraco, gastei R$ 2.500 aqui. Dinheiro fruto do meu trabalho”, ressalta o ajudante geral José Timóteo da Silva, 53.

André Naja Almeida dos Santos foi enterrado no Cemitério Santa Lída no dia 2.




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