Economia Titulo Mercado de ações
Bolsa tem primeira queda de
pessoas físicas em cinco anos

Enquanto em 2010 o número de investidores físicos
era maior que 615 mil, neste ano foi menor que 590 mil

Por Erica Martin
Do Diário do Grande ABC
03/12/2011 | 07:13
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Em outubro foi registrada a primeira queda no número de pessoas físicas em relação ao mesmo mês do ano anterior desde 2006, quando a Bolsa começou a consolidar as estatísticas mensais. Enquanto no ano passado o número de investidores físicos era maior que 615 mil, neste ano foi menor que 590 mil, queda de 4,4%. "Considero significativa essa saída, que foi ainda maior, quando as pessoas físicas começaram a ter prejuízos por conta da volatilidade, ou seja, altas e baixas seguidas", explica o assessor financeiro da corretora Futura, Renato Bandeira de Mello. Para o operador Senior da TOV Corretora Júlio Mora, a primeira queda em outubro, após seis anos, está relacionada ao cenário ruim, que desestimulou o investidor cada vez mais. As oscilações fizeram com que os investidores parassem de acreditar na recuperação da Bolsa. "Em 2006 e 2007 muitas empresas abriram capital. Em 2008, a Bolsa seguiu bem, até maio, quando houve a crise (por conta do subprime). Mas em 2009 voltou a se recuperar. Porém, em 2010, as variações retomaram e em 2011 o cenário só piorou", comenta Mora.

A baixa acumulada no ano do Ibovespa, índice que reúne as 60 ações mais negociadas da Bolsa de Valores, chegou a 16,5% na noite de ontem com 57.881 pontos."Os investidores acompanham notícias que mostram o momento atual da Bolsa, que não é bom", comenta o diretor da Valore Investimentos Personalizados, em Curitiba, Sérgio Quintella.

Por outro lado, quem não tem recursos alocados em renda variável tem a oportunidade de comprar ações mais baratas. "O investidor deve diminuir a exposição no mercado acionário quando os preços estão altos e comprar quando estão em queda", comenta o operador Senior da TOV Corretora, Júlio Mora. "Mas o brasileiro não gosta de esperar o longo prazo para ter ganhos", comenta o analista da Gradius, que administra a corretora Gradual, Felipe Miranda. De acordo com Quintella, da Valore, um dos papéis da Petrobras, por exemplo, corresponde a 94% do valor do patrimonial da empresa, mas segundo ele, a ação já poderia representar 180% do seu valor de mercado. "Por conta do pré-sal e outros investimentos feitos pela companhia", comenta o especialista.

 

RENDA FIXA

Como forma de estancar as perdas, as pessoas optam por deixar a renda variável e buscar investimentos mais conservadores. Mesmo com a Selic em queda, hoje em 11% ao ano, as aplicações que remuneram de acordo com a taxa de juros, como é o caso dos títulos da dívida pública, são procuradas pelos investidores. "O cliente prefere correr menos riscos e ter rentabilidade menor", comenta Melo.

 

MUDANÇAS

A meta de 5 milhões de investidores pessoas físicas na Bolsa estimada até 2014, já foi alterada. De acordo com a BM&FBovespa a superação ficará para 2018. A mudança no cronograma está relacionada ao ritmo menor da Bolsa de Valores. "Em 2008, o Ibovespa registrou 70 mil pontos, já era para ter alcançado os 90 mil pontos. Mas isso não aconteceu por conta do cenário global, o que impacta no ingresso dos investidores", comenta Quintella. Ele explica que, ao notar a crise, os investidores institucionais e estrangeiros, que aplicam seu dinheiro na Bolsa brasileira, vendem seus papéis com objetivo de barrar as perdas com as volatilidades. Mas aqui os papéis têm grande liquidez. "Vale e Petrobras são empresas grandes e sólidas, as ações delas são facilmente negociadas", comenta Quintella. Isso significa que mais papéis ficam disponíveis para negociação, por conta da oferta maior, a ação se desvaloriza. "No curto prazo (pelo menos nos próximos dois meses) ainda terá muita incerteza, diante das turbulências na Europa", diz Miranda.




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