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Região perde participação no índice de consumo nacional

Com pandemia de coronavírus, consumidores devem gastar neste ano R$ 1,96 bilhão menos que em 2019

Yara Ferraz
do Diário do Grande ABC
11/04/2020 | 23:30
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Nario Barbosa/DGABC


A pandemia de coronavírus vai trazer efeitos econômicos que terão impacto direto no potencial de consumo do Grande ABC previsto para 2020. Com a prorrogação do decreto de quarentena, as famílias vão comprar ainda menos – a não ser os itens essenciais – , o que vai repercutir na perda de participação da região como polo de consumo do País.

De acordo com prévia do estudo IPC Maps 2020, da IPC Marketing e Editora, realizado a pedido do Diário, com base nos dados nacionais disponibilizados pelo Banco Central, os consumidores da região devem consumir R$ 77,75 bilhões neste ano, o que representa que a cada R$ 100 gastos no País, R$ 1,65 será no comércio da região. No ano passado, esse montante chegou a R$ 79,71 bilhões, o que conferia que a cada R$ 100 gastos no País, R$ 1,70 fosse consumido no Grande ABC.

Lembrando que, em 2019, a região já tinha perdido o quarto lugar no ranking dos maiores polos consumidores do Brasil para a capital de Minas Gerais, Belo Horizonte. A retração no montante em relação ao ano passado representa R$ 1,96 bilhão (veja mais informações sobre os dados na arte ao lado).

De acordo com o coordenador do estudo, Marcos Pazzini, a perda da região só não é pior porque atualmente há uma dependência menor da indústria automotiva. “Se essa situação acontecesse 20 anos atrás, quando a economia da região dependia quase que totalmente só das montadoras, o baque seria maior. Isso porque apesar de os salário melhores que eram pagos, o setor vai sofrer muito com essa crise. Agora, como as finanças das pessoas vão ficar mais comprometidas, a troca do carro usado por um carro novo vai estar em quinto plano. Anteriormente, quando a economia da região não era diversificada, ou o setor estava muito ruim ou é muito bom e a economia colhe os frutos disso. A diversificação foi um remédio amargo para região, porque veio com o fechamento de fábricas e demissões, mas boa parte dos trabalhadores se viraram com microempresas e geraram outros empregos”, analisou Pazzini.

Os últimos dados divulgados pelo Ministério da Economia sobre emprego formal, por meio do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), mostram que 2019 foi encerrado com saldo positivo – número de admissões menos as demissões – de 4.803 vagas. Nas sete cidades, o resultado da região foi impulsionado pelos setores de serviços (7.962 postos) e comércio (1.928). Já a indústria ficou no negativo e demitiu 4.924 pessoas. Além disso, a indústria também vem perdendo participação no PIB (Produto Interno Bruto), mas a automotiva ainda responde por 23% do valor do indicador de 2017 – último dado disponível.

No comércio, o setor que deve mais sofrer as consequências da pandemia são os de bens não essenciais. Entre eles, roupas e calçados, por exemplo. Porém, Pazzini destacou que os segmentos de viagens e o automotivo devem sofrer bastante retração durante a pandemia.

“Supermercados e demais estabelecimentos que comercializam itens de alimentação, como os próprios restaurantes, conseguem operar em sistema de delivery. Agora o comércio geral, como vestuário, por exemplo deve sofrer muito. Eu destaco também o setor de turismo e viagens, porque até o consumidor ter segurança para voltar a viajar para o Exterior e também comprar um carro, por exemplo, deve demorar bastante”, afirmou o coordenador do estudo.

Ele destacou que o auxílio emergencial de R$ 600, que foi liberado pelo governo federal para os informais, auxilia neste momento. “É uma ajuda necessária para incentivar as MEIs a saírem da crise”, disse.

Comércio de itens não essenciais da região é afetado pela quarentena

As associações comerciais da região afirmaram que a pandemia já prejudica os lojistas que precisam ficar fechados durante o decreto estadual de quarentena. Mesmo assim, as entidades rejeitam o isolamento vertical, quando só as pessoas do grupo de risco, como idosos, devem se manter em casa. Tal medida não é recomendada pelas autoridades de saúde, mas defendida pelo presidente da república Jair Bolsonaro (sem partido).

“Em um primeiro momento, eu achei que não deveria fechar e sim flexibilizar com as lojas abertas e disponibilização de álcool em gel e demais medidas de segurança. Mas, segundo as determinações da OMS (Organização Mundial da Saúde), do próprio Ministério da Saúde e das demais autoridades da área é o isolamento total. Não temos o que fazer por que neste momento o importante é preservar vidas. Ficamos nesse impasse, mas vamos acatar o que as autoridades recomendarem”, afirmou o presidente da Acisbec (Associação Comercial e Industrial de São Bernardo), Valter Moura. Segundo ele, são cerca de 15 mil comércios na cidade.

O presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André), Pedro Cia Júnior, afirmou que as conversas com o poder público continuam diariamente sobre o assunto. “Conversei com o prefeito até porque existe uma cobrança para flexibilizar um pouco. Mas, o medo do poder público é o estouro no número de casos. Nosso pleito seria uma flexibilização consciente e vertical, mas apesar de acontecer uma preocupação dos dois lados, não podemos esquecer que isso é problema de saúde”, afirmou.<EM>

De acordo com os empresários, um dos problemas é que o crédito disponibilizado pelo governo federal e anunciado pelas instituições financeiras não está chegando para os empresários por causa da burocracia. “Parece que bancos estão com medo de não receber o que vão emprestar, mas ele precisam entender que estamos em uma economia de guerra. É preciso congelar a dívida passada, se for o caso, para que o empresário consiga se manter neste período sem demitir”, afirmou Moura.

O coordenador do IPC Maps, Marcos Pazzini, a diminuição da burocracia é importante, “Nesse momento não tem muito o que fazer. A vida é mais importante. Porém, depois que tudo isso passar temos que diminuir a burocracia para a retomada das empresas”, disse.  




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