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Fábio Reis atira para todos os lados
Nelson Cilo
Do Diário do Grande ABC
03/08/2009 | 07:03
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A exemplo do zagueiro Diego e do meia Tássio, dois pratas-da-casa desvalorizados pelo Santo André, o centroavante Fábio Reis, não menos corajoso, decidiu falar tudo ao se referir aos conflitos que o levaram a sair do clube. Atualmente, ele atua no futebol amador - defende o Vila Sá e o Ajax da Capital. Cada rodada semanal rende um razoável cachê para que ele reforce o orçamento familiar.

Depois de participar diretamente de algumas importantes conquistas na temporada 2003 - como a Copinha de Juniores, o acesso à Série B do Campeonato Brasileiro e a Copa Estado (título que levaria o time ao troféu da Copa do Brasil de 2004), o artilheiro decidiu cobrar direitos, mas, como resposta, o colocaram no olho da rua.

Se não fosse o São Caetano, que o contratou, ele teria parado bem antes. Ainda novo, resolveu pendurar as chuteiras no circuito oficial. É o preço de quem assumiu um ousado comportamento ao reivindicar, também em nome dos colegas, direitos que considerava mais do que justos. Vieram as represálias. "Procurei reagir. Isso me custou caro", assume Fábio Reis, que acaba de concluir um curso para treinadores. "Ao contrário do que aconteceu comigo, farei as coisas limpas. Vou contribuir para limpar a sujeira dos bastidores. Sou assim", garante.

A mulher dele, Fabíola, o ajudou a superar as incertezas dos piores momentos. "O pouco que pude acumular deu para comprar uma casinha (um apartamento bem localizado na área central de São Caetano)", orgulha-se o pai de Ana Júlia e Fabinho. "Taí (o casal de filhos) um dos motivos de tanta luta na vida", emociona-se.

Entre outros pontos polêmicos, Fábio Reis revela que, de um modo geral, muitos monitores de escolinhas recebem dinheiro dos pais que, em troca, querem ver os filhos aprovados. "Só que os meninos ficam lá durante uns 15 dias e, em seguida, são dispensados para que novos candidatos venham para tentar a sorte", exemplifica, ao citar a vergonhosa corrente da corrupção. Só que o atual artilheiro do Vila Sá e do Ajax-SP não cita nomes. "Como é que você juntaria documentos que confirmasse tudo isso? Impossível. Mas isso existe", jura.

Segundo ele, um técnico que o comandou levava dinheiro até dos jogadores. "Sei de um ex-colega que entrava no esquema. Agora, ele atua em um clube grande. Li que o Diego denunciou um colega ladrão. Que nos roubava nos vestiários. O mesmo rapaz apontou uma faca na minha cara lá no refeitório. Ele não respeitava nossas cozinheiras. Nem os porteiros nem os funcionários mais simples. Resolvi comprar a briga. Aí o valentão pegou uma faca e investiu contra mim", lembra.

Um dia, um clube pretendia colocá-lo no futebol europeu, mas pediu que Fábio Reis assinasse um documento do tipo caixa dois. Ele já estava fora do Santo André. "Seria R$ 1 milhão acima da importância supostamente real. É o chamado por fora... Não concordei. Então, me emprestaram para... Nunca me arrependi", confidencia.




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