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Márcio França muda críticas e libera geral
Fábio Martins
Do Diário do Grande ABC
07/01/2011 | 07:01
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Ricardo Trida/DGABC


Parece que Deus mandou sinais ao presidente estadual do PSB, Márcio França, que depois de ser empossado como secretário de Turismo do governo Geraldo Alckmin (PSDB) mudou totalmente o tom enfático dos discursos contrários às administrações tucanas à frente do Palácio dos Bandeirantes. Como em um passe de mágica, o socialista, que durante todo o ano passado articulava a ligação mais estreita com os petistas, agora fala em respeito ao cenário político regional e a liberação dos diretórios municipais prezando a autonomia local.

Principalmente em São Bernardo, França pregou a aproximação com o PT, cujo partido continua como situação no governo federal e chegou a profetizar em reunião com o prefeito Luiz Marinho (PT) que "quem não interpretasse os sinais teriam as sanções que Deus mandar", referindo-se aos vereadores que não acatassem orientação da executiva estadual de migrar para a base de sustentação petista na cidade. Atualmente, está aberta conversa com diferentes projetos políticos.

"Não tive diálogo com os vereadores nos últimos dias e nem acredito que seja a minha tarefa (definir o rumo da legenda nos municípios). No nosso partido, as cidades têm autonomia de gestão. Então, eles devem decidir isso lá. Não sou eu, à distância, que posso mensurar isso. O prefeito (Marinho), por exemplo, foi eleito e também veio de transição com a saída do (William) Dib (PSDB), que é um amigo, mas foi trilhar por outro caminho. A decisão que eles tomarem nós vamos referendar", contemporizou.

Desde o fim do ano passado, França barganhou na cota do PSB uma vaga no ministério do governo Dilma Rousseff (PT), porém sem sucesso pessoal. Apesar de o partido ter garantido duas Pastas da União após trabalhar na campanha petista, ele precisou rever seus posicionamentos e começar a afagar as gestões do PSDB no governo do Estado de São Paulo.

"Vai ser uma gestão diferente do outro. A montagem da equipe já mostra um pouco isso. Mais político no sentido de agregar novos partidos e certo toque de esquerda com minha presença. O governador passa a ser jogador importante na política brasileira. As decisões que ele tomou no início pelo menos foram significativas e mostram vontade de poder amenizar esse tom antagônico que existe entre PT e PSDB."

Para explicar a nova postura, o dirigente declara que o PSB já faz parte há muitos anos de alguns governos do PSDB. "Fizemos parte da gestão do Aécio (Neves, de Minas Gerais), Beto Richa (Paraná) e outros governos do PSDB. Tenho excelentes amigos no PT e acho que têm muitos quadros no partido que devem ser ressaltados, porém a cada instante, em cada eleição existe um momento. Na minha cidade, São Vicente, por exemplo, ganhei duas eleições contra o PT."

 

Postura do dirigente não estranha partidários da região

 

Além de São Bernardo, onde o presidente estadual do PSB, Márcio França, frequentemente buscava entendimento com a bancada da sigla, outros diretórios poderiam estranhar a nova postura do dirigente, eleito deputado federal. Contudo não é o que de fato acontece.

O presidente municipal do PSB de Diadema, José Manoel da Silva, o Adelson, disse que nada muda com a nomeação. "Antes ele estava com o PT no governo federal e nós com o PSDB, já que fui vice do Zé Augusto (da Silva Ramos, deputado estadual tucano). Ele vai respeitar as realidades locais do partido. Ninguém vai nos obrigar a mudar os planos. Temos uma parceria honesta com o PT."

França afirma ter consultado as executivas estadual e federal para tomar a posição e diz que ambos entenderam que a sigla deveria ter espaço no governo do Estado. "A legenda foi a terceira mais votada na eleição de outubro, fez 2,1 milhões para deputado federal e acreditamos que isso tem caminho de crescimento e uma das formas de se crescer é demonstrar a competência de seu serviço e jeito de governar dentro de outros governos."

Segundo o dirigente da sigla em Mauá, Carlos Thomaz, França sempre trabalhou no sentido de respeito a autonomia dos diretórios municipais. "Onde está dando certo vamos permanecer. O França deixou claro que não há linha de pensamento de mudanças."

Para Thomaz, a questão vai de encontro com cada conjuntura política municipal, enfatizando que esta situação ocorre também em outros partidos. O dirigente avalia ainda que a relação histórica de cada cidade é levada em consideração. "A ideia é respeitar a base, continuar ocupando os espaços e ampliar o alinhamento", disse o socialista.

O presidente estadual adiantou que a composição está vinculada ao projeto também para 2012. "Com a atitude de confiança e lealdade do governador, agora terei (a mesma) com relação a ele. Onde pudermos estar comporto vamos estar, mas isso é daqui dois anos."




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