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Estrela Azul leva esperança a jovens carentes do Zaíra
Cadu Proieti
Do Diário do Grande ABC
27/12/2011 | 07:00
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O que começou em uma conversa de bar em 1976 se tornou entidade que atende cerca de 700 crianças e adolescentes carentes, de 7 a 16 anos, na região dos bairros Jardim Zaíra, Cerqueira Leite e morro do Macuco, em Mauá. A Associação Estrela Azul é organização não governamental e tem como objetivo realizar a inserção social de jovens em situação de vulnerabilidade ou risco social, oferecendo programas educacionais, profissionais, esportivos, culturais e de lazer.

"O começo foi complicado. Conseguimos o terreno por meio de doação e o prédio foi construído pelos próprios associados. O intuito inicial era ter um espaço de recreação para os integrantes da associação. Mas na década de 1980 mudamos a característica e começamos a trabalhar com Educação Infantil", explicou Maria Helena Martins, assistente social e responsável técnica da entidade.

A organização se mantém financeiramente por meio de convênios com a Prefeitura, que repassa R$ 36 mil por ano, e com o governo estadual, que paga R$ 37,50 por mês a cada jovem cadastrado. O restante dos recursos vem por meio de doações da sociedade civil e de empresas.

Os alimentos usados na produção das refeições chegam à associação a partir de parceria com o Ministério da Justiça, que ordena infratores a pagarem cestas básicas à instituição como pena alternativa. A Prefeitura também destina vale-compra no valor R$ 1.300 por mês, revertidos para a compra de mantimentos.

 

ORÇAMENTO

Maria Helena comentou que mesmo com todos esses recursos a associação ainda encontra dificuldades financeiras. "É difícil pagar as contas. No ano passado fechamos com R$ 90 mil de deficit. Para suprir, temos de alugar a quadra para jogos e casamentos, vender espaços de muro para propaganda e alugar a louça para eventos." A entidade tem orçamento anual de aproximadamente R$ 3 milhões.

A instituição conta com área de 1.100 metros quadrados, divididos em três imóveis, onde estão instalados refeitório, cozinha, quadra, biblioteca, sala de jogos, brinquedos e informática. Além de manutenção dos prédios, o orçamento é utilizado para pagar custos com câmera de segurança, material esportivo, funcionários, professor de Educação Física, pedagogo, departamento financeiro, marketing e assistente social. "Ainda precisamos contratar uma psicóloga", finalizou a responsável técnica da associação.

 

 

Esporte é a principal arma contra o tráfico

A maioria das crianças e adolescentes atendidos pela Associação Estrela Azul é do Jardim Zaíra, onde o índice de criminalidade é alto. Com isso, a entidade utiliza o esporte como atração para afastar os jovens do caminho do tráfico. São oferecidas aulas de judô, ginástica artística e futsal.

O esporte evita o problema com as drogas porque o jovem vem para cá e tem toda essa oferta de aprendizado. Tem chances de crescer no esporte e isso é fundamental. Duas garotas da ginástica artística daqui já chegaram à Suíça para fazer apresentações. Acaba sendo um espelho para as outras crianças", disse Maria Helena Martins, assistente social e responsável técnica da entidade.

Ela afirmou que as drogas sempre foram o maior problema para o trabalho social na região. "Em 1999, de 100 meninos que faziam futsal, perdi dez para o tráfico. Estamos perdendo muitos jovens para o crime nessa região do Zaíra. Se observarmos, temos muito mais mulheres aptas para o mundo do trabalho do que homens."

Porém, a assistente social acredita que o sentimento de ver uma criança conseguir passar a infância longe do crime é impagável. "Não tem preço ver uma pessoa na rua que faz questão de te cumprimentar e dizer que está bem na vida, apresenta a família e fala muito obrigado pelas broncas que dei. Dediquei minha vida toda a esse trabalho e isso é muito gratificante", relatou.

A qualificação profissional e inserção dos jovens no mercado de trabalho também são aspectos que seduzem os jovens. Dos cerca de 700 frequentadores do espaço, 147 estão trabalhando por meio do programa Jovem Aprendiz, fruto de parcerias entre a entidade e empresas da região.

"O adolescente não pode entrar em uma empresa sem noções de higiene, respeito à hierarquia e capacitação. Ensinamos tudo isso a eles", s




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