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FHC promete aumentar áreas demarcadas para os índios
Por Do Diário do Grande ABC
22/04/2000 | 14:20
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O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou neste sábado, em discurso comemorativo dos 500 anos de descobrimento, que o governo vai continuar demarcando as terras indígenas e que está disposto a atender o pleito dos índios para aumentar as áreas já demarcadas no país, hoje calculadas em 11% do território nacional. O presidente atribuiu os protestos de índios e militantes do MST realizados contra o seu governo na festa do descobrimento "aos ecos do passado escravagista, oligárquico e patriarcal, que até hoje pesam sobre a sociedade brasileira e fazem dela uma das uma das mais injustas do mundo", destacou Fernando Henrique, em pronunciamento diante do presidente de Portugal, Jorge Sampaio e mais 300 convidados, realizado no hotel Vela Branca, no centro histórico de Porto Seguro. "Hoje, no Brasil, nós temos uma consciência aguda das chagas sociais que fazem parte da herança destes quinhentos anos', afirmou Fernando Henrique para uma platéia de autoridades portuguesas. Ele aproveitou para condenar o "neo-liberalismo ultrapassado" e defender o diálogo como forma de superar as crises.

Em seu discurso, Fernando Henrique aproveitou para falar nas "vozes de protesto e reivindicaçao que se fazem ouvir nesta celebraçao', referindo-se aos índios e aos trabalhadores rurais do MST. Ao invés de ignorar as manifestaçoes, o presidente da República transformou seu pronunciamento em condutor das idéias dos manifestantes. "Na verdade, isso representa uma reparaçao tardia dessa dolorosa marca de nascimento da Naçao brasileira. Representa também o penhor do reconhecimento dos direitos dos índios como cidadaos plenos e do valor incalculável da diversidade cultural que eles aportam à nossa civilizaçao', frisou o presidente. "Nós demarcamos e vamos continuar demarcando as terras indígenas, atendendo ao clamor dos índios, ao comando da Constituiçao e à voz da consciência nacional', disse Fernando Henrique.

Sobre os trabalhadores rurais sem terra, Fernando Henrique também disse que eles sao "ecos do passado escravagista". Ao mesmo tempo frisou que tem expressado suas divergências com o "viés anti-democrático" do discurso dos trabalhadores rurais sem terra e condenou as invasoes de terras, considerando-as "formas violentas de açao induzidas por algumas lideranças do movimento".

Para o presidente, a celebraçao da herança histórica que o Brasil recebeu de Portugal nao significa idealizar o passado. O presidente lembrou que "a expansao das fronteiras que se transformariam em território brasileiro deu-se ao preço da eliminaçao de povos indígenas, como hoje nos lembram - e é preciso lembrar - seus representantes aqui em Porto Seguro", afirmou Fernando Henrique.

Fernando Henrique tentou mostrar tolerância com as manifestaçoes dos índios e do MST, dizendo que elas acontecem no momento em que "o povo brasileiro desperta para a cidadania e descobre a si mesmo - neste quinto centenário do descobrimento como protagonista da história".

Com o plano nacional de investimentos para o quadriênio de 2000 a 2003, o plano Avança Brasil, o presidente disse que o Brasil saiu do neo-liberalismo. "O Avança Brasil combina de maneira inovadora as iniciativas do governo, da empresa privada e do terceiro setor, e isso significa, na prática, a superaçao dos paradigmas ultrapassados do neo-liberalismo e do dirigismo estatal". Para o presidente, a concepçao dos eixos nacionais de desenvolvimento e integraçao, espinha dorsal do Avança Brasil, retoma os sonhos do marechal Cândido Rondon, e dos ex-presidentes Getúlio Vargas, JK, e do economista baiano Rômulo de Almeida.

Rebatendo a pecha de internacionalista, Fernando Henrique lembrou com emoçao do seu pai, referindo-se a ele como "um desses militares nacionalistas' e homenageou os intelectuais, técnicos e políticos que no século passado preocuparam-se com a ocupaçao plena do território nacional e o aproveitamento dos seus recursos em benefício dos brasileiros. "Mais do que o território e as estruturas do Estado, o que hoje nos fascina e nos motiva para avançar é a parte viva da nossa herança histórica. "Nós temos sabido zelar por essa herança. Nao só o governo, mas a naçao brasileira, incluindo as forças políticas no governo e na oposiçao, além da própria sociedade organizada", acrescentou o presidente.

Fernando Henrique destacou as reformas políticas e de modernizaçao do Estado. "Nos últimos anos, empreendemos uma profunda reforma do Estado. Estamos transformando instituiçoes envelhecidas para afirmar o papel do Estado como alavanca estratégica do desenvolvimento econômico e social do Brasil", destacou Fernando Henrique.' Resgatamos algo que havia sido perdido: o valor da moeda como meio de troca e símbolo nacional. Nossa capacidade de preservar a estabilidade e as condiçoes de crescimento da economia brasileira no meio da crise financeira internacional comprovam o êxito das reformas em andamento', concluiu Fernando Henrique.




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