Economia Titulo Crise
Brasileiros devem conter despesas
Por Bárbara Ladeia
Do Diário do Grande ABC
07/10/2008 | 07:05
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Depois de apavorar mercados financeiros em todo o mundo, a crise norte-americana está chegando ao bolso do cidadão comum. O conselho é de revisão de gastos, como forma de se proteger do pior, que, para muitos, ainda está por vir. Todo o alvoroço criado em torno das boas condições da Economia nacional deverão ser revistos.

Em poucos meses, o crédito ao consumidor comum também será limitado, seja pelo volume de dinheiro disponível para empréstimos ou pelos juros, que devem continuar subindo.

"Não há confiança no mercado, um não quer emprestar dinheiro para o outro. É importantíssimo não se endividar", anuncia Ricardo Almeida, professor do Ibmec São Paulo, centro de pesquisa e ensino em economia e negócios. Para ele, rever os gastos e restringir as despesas aos itens de primeira necessidade são atitudes fundamentais neste momento de insegurança.

INVESTIMENTOS - Para aqueles que têm investimentos no mercado de capitais não é hora de desfazer suas posições. No entanto, se o dinheiro aplicado tiver de ser usado em menos de um ano, o risco é muito alto. "Quem entrou no mercado arriscando aquilo que não podia, tem de sair o quanto antes", aconselha o professor.

No entanto, a bolsa é um ótimo investimento de longo prazo, desde que seja utilizado com prudência, conforme Almeida. "Para quem tem dinheiro, é boa hora para entrar aos poucos no mercado."

INCERTEZAS - Segundo o professor, o comportamento do mercado está dentro da normalidade de uma crise. A escassez de informações é a principal causa do pânico instalado. "Não temos muitas informações, na incerteza, todos tendem a se proteger", comenta. "O mercado não conseguiu entregar o otimismo que vigorava, é uma fase de reajuste", afirma.

Almeida não vê invulnerabilidade na economia brasileira e acredita que todos os setores da economia serão contaminados. "Hoje diversos setores estão comemorando resultados, mas ainda estão refletindo posições do passado. O mercado financeiro olha para o futuro." Segundo o professor, essa é uma das principais razões para a sensação de que a economia real não está contaminada pela crise externa.

"Até que as empresas brasileiras divulguem suas reais posições, ficaremos em volatilidade", anuncia o professor. "O pânico ainda não é tão grande no Brasil."

Comércio e indústria sentem a crise, mas não têm expectativa

Enquanto o mercado financeiro lamenta a crise diariamente, comerciantes e industriais começam a sentir aos poucos o peso do caos vindo dos Estados Unidos.

As limitações já começaram a aparecer. "O crédito para os pequenos bancos já está reduzido, os juros já subiram e os financiamentos estão com prazo mais curto", descreve Otávio Valejo, vice-presidente da Acisa (Associação Comercial e Industrial de Santo André).

A situação econômica do país alivia, mas não elimina os problemas que podem decorrer da crise. "Estamos bem melhores que em outras ocasiões, as reservas estão altas. A crise vai chegar, não somos uma ilha", lembra Valejo.

O vice-presidente da Acisa não arrisca qualquer palpite sobre o desfecho da novela que vem arrancando lágrimas de analistas de mercado em todo o mundo. "Quem falar que sabe o que vai acontecer ou tem uma lâmpada do Aladim, ou usa uma bola de cristal. Não há como prever o futuro nessa situação", ironiza.




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