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Moradores da região sofrem golpe do seguro
Luciana Sereno
Do Diário do Grande ABC
19/04/2005 | 13:10
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A Polícia de São Caetano está à caça de Renan Augusto de Souza. Ele é apontado como responsável por aplicar golpes da ordem de R$ 600 mil. Apenas no 1º Distrito Policial da cidade, há 17 inquéritos policiais contra Souza, que seria um falso corretor de seguros de veículos. Outros cinco casos foram registrados em delegacias de Mauá por consumidores lesados. As vítimas de Souza contam que ele está no mercado há cerca de dois anos, mas a polícia estima que os golpes começaram a ser aplicados no fim do ano passado. Por dia, a delegacia de São Caetano registra em média oito boletins de ocorrência contra o corretor.

“Foi a segunda vez que fiz o seguro com ele, tanto que o indiquei para meus dois cunhados. O preço dele é melhor e ele facilita em até quatro parcelas”, explica a coordenadora administrativa Patrícia Alves Vieira Gonçalves. Pela apólice, ela pagou R$ 1,1 mil em quatro vezes, mas junto à seguradora, o parcelamento foi feito em 10 vezes. “Ele deixou de pagar a seguradora quando meu último cheque foi compensado. Só descobri o golpe na semana passada, quando recebi um comunicado da empresa sobre minha inadimplência.”

De acordo com o delegado do 1º DP de São Caetano, Moisés Maximiano Barreto, Souza tem 20 anos e seu escritório funcionava na avenida Goiás, no Centro da cidade. A sala comercial que existia no endereço foi fechada e o golpista está foragido.

O delegado titular da cidade, Adilson Aquino, conta que Souza atuou como corretor por dois anos. No período, se dedicou a formar uma carteira de clientes. A indicação, segundo as vítimas, era feita na base do boca-a-boca, geralmente por conta da tabela de preços mais acessível do que a da concorrência. “Ele constituiu primeiro a rede de clientes. Os golpes foram aplicados depois da renovação, ou seja, no segundo ano do contrato.”

Não apenas pessoas físicas registraram queixa contra o corretor. O proprietário de uma lanchonete, localizada também na avenida Goiás, conta que por conhecer o acusado confiou nele e trocou alguns cheques. Hoje, o comerciante arca com um prejuízo de aproximadamente de R$ 10 mil. Segundo a polícia, o fraudador também teria aplicado golpes em Praia Grande, na Baixada Santista, contra vizinhos do condomínio onde morava.

A namorada de Souza, que vive em São Caetano e no começo dos golpes era cúmplice do corretor, também amarga prejuízos: está com o nome nos cadastros de proteção ao crédito por causa de cheques sem fundos e dívidas em cartões de crédito feitas pelo ex-namorado.

Estratégia – Os seguros vendidos por Souza custavam entre R$ 1 e R$ 1,5 mil. Ao cliente, o parcelamento máximo oferecido era em quatro vezes. Para a seguradora, ele combinava pagamento em número maior de parcelas. O fraudador sempre conseguia a emissão da apólice e do comprovante (documentos que eram entregues ao segurado).

O golpe tomava forma quando o último cheque do cliente era compensado. “Então, ele suspendia o pagamento das parcelas para a seguradora”, conta outra vítima, Robson Donizete Gonçalves. Depois de acumular cerca de R$ 600 mil em golpes, Souza desapareceu do mapa. Algumas informações de vítimas dão conta de que o rapaz é filho de um estelionatário conhecido de São Caetano pelos golpes. Hoje, dizem as vítimas, o pai do corretor procurado pela polícia é proprietário de um bingo na Frequesia do Ó, em São Paulo.

Paralelamente às investigações policiais, os consumidores lesados pelo golpista podem entrar na Justiça para pleitear a devolução dos valores e, ainda, indenização por danos morais. Mas como o caso foi parar na polícia, para mover ações judiciais os clientes precisam contratar especialista em direito.



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