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Durante a entrevista, fuja do comum

Conhecer defeitos e qualidades é fundamental para se ganhar destaque

Por Cíntia Bortotto
21/02/2011 | 00:00
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Sempre que comparecemos a uma entrevista de emprego, nos perguntamos se existem as respostas certas, aquelas esperadas pelos selecionadores. Existe uma forma para não errar? O fato é que não há. Existem soluções mais adequadas para o cargo que está sendo recrutado e um certo senso comum do que inadequado também. É para isso que o candidato tem de se atentar quando participa de um processo seletivo.

SE PERGUNTAM SOBRE DEFEITOS

Esse é um questionamento feito por muitos entrevistadores e nem sempre os candidatos estão preparados para respondê-lo simplesmente porque têm baixo nível de autoconhecimento. Muitos costumam dizer que são perfeccionistas e ansiosos, quando questionados sobre os pontos fracos. Outros dizem que não sabem o limite do descanso, dedicam-se tanto ao trabalho, que se esquecem de si mesmos. Isso até virou clichê.

Para ter sucesso, aconselho dizer a verdade de forma educada. Demonstrar que você reconhece algo não desenvolvido e que está trabalhando para melhorá-lo; pode demonstrar que sua capacidade de autoconhecimento é maior do que a média, o que é positivo para que você desenvolva a competência de inteligência emocional que é primordial para pessoas que querem estar em posições de liderança.

Fale sobre o que vem desenvolvendo e o que já conseguiu mudar, e como fez seu plano de mudança, isso demonstra consistência. Fale de maneira branda, para não assustar o entrevistador, por exemplo, você pode ser uma pessoa desorganizada, mas você não precisa falar assim: "Nossa eu preciso melhorar minha desorganização, todo mundo fala que eu sempre acabo me perdendo nos meus papéis". Você pode dizer, se for o caso: "Recebi alguns feedbacks de que poderia melhorar minha competência de organização, deixar o ambiente de trabalho mais clean. Percebi que de fato era uma oportunidade e tenho feito o seguinte: toda semana faço uma limpeza nas gavetas, papéis e pastas; tenho deixado sobre a mesa só o que estou de fato usando para executar meu trabalho e pedi mais feedbacks para saber se estou melhorando. Os feedbacks já melhoraram, mas isso ainda é algo que requer esforço, portanto sei que é um ponto que ainda tenho que continuar desenvolvendo".

É perceptível que o entrevistado teve de resolver algo não desenvolvido e que está trabalhando naquilo. Não é fácil para ninguém trabalhar o que não é a fortaleza, e ter a clareza de que será um processo demonstra que a pessoa sabe e tem se esforçado. Quando há consistência na resposta, qualquer entrevistador notará não só a capacidade de se perceber, mas o esforço e a capacidade de mudar o comportamento quando recebe um feedback. Por isso, insisto em que a verdade é melhor do que o clichê e pode demonstrar toda a maturidade do entrevistado diante de algo difícil.

FALANDO DE SUAS QUALIDADES

Outro clichê é dizer que você é uma pessoa comprometida, que cumpre prazos, sabe tomar decisões rápidas e por isso vai contribuir para o crescimento da empresa, quando questionado por que deve ser contratado.

Eu ressaltaria os conhecimentos e as competências desenvolvidas ao longo da carreira para responder a uma pergunta sobre suas qualidades sem cair no clichê. Por exemplo, posso agregar meu conhecimento no projeto x da empresa y quando for implementar um projeto parecido na nova empresa, ou dizer que minha competência de liderança pode ajudar diante de um equipe grande e complexa.

Agora, se é um processo seletivo para alguém em início de carreira, a resposta não mudará muito, afinal o que alguém que está começando quer é mostrar trabalho, mostrar seu valor, seu comprometimento e ser reconhecido por isso.

ASPECTOS NÃO-VERBAIS

Outro aspecto observado na entrevista é a expressão não-verbal. Um candidato que se destaca em um processo de seleção pode ser barrado por escorregar na comunicação gestual ou no mau uso dos trajes. Em outras palavras: diálogos decorados, e até certo ponto convencíveis, podem ser desmascarados pelas expressões não-verbais. As pesquisas mostram que apenas 7% da comunicação é feita pela voz, 38% é feita pela inflexão da voz e 55% pela expressão facial e linguagem corporal, de forma que a maior parte se concentra nesse aspecto. Dessa forma, podemos entender que uma pessoa pode ter em sua fala: "Nossa, eu sou uma pessoa super discreta", mas se apresenta com decote, maquiagem forte, o entrevistador irá acreditar no que está vendo e não no que está ouvindo.

Então a dica para o entrevistado é a básica: não use palavrões nem expressões de baixo calão, preste atenção em sua postura, não fique encolhido demais ou debruçado sobre quem o entrevista, tudo isso fala de você e de seu comportamento. A autopercepção é um forte aliado em processos seletivos. Fique atento. Siga confiante e boa sorte!




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