Política Titulo Bancada
Grande ABC mais do que dobra número de vereadoras

Salta de quatro para nove as cadeiras femininas; 6% do total nem de perto chegam aos 53% delas no eleitorado

Daniel Tossato
Diário do Grande ABC
22/11/2020 | 23:59
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Fabio Rodrigues Pozzebom/ Agência Brasil


Mais do que dobrou o número de mulheres nas câmaras do Grande ABC, mas a participação feminina na política da região segue tímida. Se em 2016 somente quatro foram eleitas, a partir de 2021 serão nove as parlamentares entre as 142 cadeiras entre as sete cidades.
 

Conquistaram vagas nos legislativos Ana Veterinária (DEM-Santo André), Ana Nice (PT-São Bernardo), Ana do Carmo (PT-São Bernardo), Suely Nogueira (Podemos-São Caetano), Thai Spinello (Novo-São Caetano), Lilian Cabrera (PT-Diadema), Amanda Nabeshima (PTB-Ribeirão Pires), além das candidaturas coletivas de Bruna Mulheres por Direitos (Psol-São Caetano) e de Márcia Coletiva de Mulheres (PT-Ribeirão).
 

Para elas, a despeito do acréscimo do número de mulheres nas câmaras, ainda faltam políticas afirmativas para estimular a inclusão delas em espaços de poder. “O aumento do número de mulheres (no Legislativo), ainda aquém, é fruto da luta das feministas, do avanço que tivemos nos últimos anos nas ruas e nas urnas. É claro que o número ainda não é suficiente e está longe de ser representação fiel da população”, avaliou a detentora da cadeira na Câmara de São Caetano Bruna Biondi (Psol). Na região, 53,2% do eleitorado é feminino (o equivalente a 1.112.844 mulheres). Entre os vereadores eleitos, a proporção é de 93% de homens.
 

Thai Spinello, que conduziu o Novo a uma função eletiva pela primeira vez na região, diz que o Brasil ainda tem cultura de não participação feminina na política. “O que é ruim. Acredito que a tendência é o aumento da nossa participação, não só na política, mas em todos os setores, afinal, lugar de mulher é onde ela quiser.”
 

Entre 2017 e 2020, Ana Nice foi figura feminina isolada na Câmara de São Bernardo. A partir de janeiro, terá a companhia da correligionária Ana do Carmo, ex-deputada e que retorna à casa. “A experiência da Ana do Carmo na vereança e na Assembleia poderá ajudar muito a bancada. Vamos atuar juntas para defender políticas públicas que favoreçam as mulheres.” São Bernardo foi a primeira cidade da região a ter uma mulher como prefeita – Tereza Delta, em 1947. Desde então, nunca mais elegeu uma política para o cargo. Aliás, além de Tereza, somente Irineia Midolli (em Rio Grande da Serra) e Maria Inês Soares (Ribeirão) venceram corridas ao Executivo.
 

Em Santo André, Ana Veterinária será voz feminina solitária. Ela disse que sua eleição, sem ter outra mulher ao lado, “trouxe misto de alegria e tristeza”. “Percebo que muitas mulheres só aceitam ser candidatas para cumprir a cota eleitoral (a Lei Eleitoral exige que partidos reservem 30% de vagas a sexos diferentes, percentual que acaba sendo destinado a elas). Já atuo combatendo a violência contra a mulher e agora seguirei em busca de políticas públicas para preservar vidas.”
 

Márcia Gomes (PT) detém a cadeira na Câmara de Ribeirão do mandato coletivo com 18 mulheres – a coordenadora do grupo é Daniela Henrique (PT). “A gente fica muito feliz com esse aumento do número de mulheres porque, em Ribeirão, conseguimos entrar na discussão de gênero efetivamente. Traremos isso com a gente como grande vitória. A gente queria muito mais mulheres na Câmara, mas foi passo bem importante para a causa”, disse Daniela.
 

Em Mauá e Rio Grande não foram eleitas mulheres.




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