Setecidades Titulo
Catadores movimentam R$ 1,5 mi/mês
Por Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
11/04/2007 | 07:10
Compartilhar notícia


Os catadores de entulho que transitam pelas ruas de Santo André movimentam R$ 1,45 milhão por mês. O valor é dez vezes maior do que o movimentado pelas duas cooperativas que trabalham em parceria com a Prefeitura e o Semasa (Serviço de Saneamento Ambiental de Santo André) na triagem de material reciclado.

Os números foram divulgados pelo Semasa e fazem parte de pesquisa feita pela Fundação Santo André para definir o perfil dos carrinheiros na cidade. O Semasa estima que haja 1,9 mil catadores de entulho na cidade. Eles comercializam 3,8 toneladas de material reciclável todo mês. Ferro é o produto mais comercializado (43,78%), seguido de papelão (20,61%) e plástico (18,61%).

Os números são muito inferiores do que se comercializa nas duas cooperativas que mantêm convênio com o Semasa, a Coopcicla e Cidade Limpa. Juntas, empregam 280 cooperados que processam mensalmente 400 toneladas de material reciclado.

Os pesquisadores da Fundação Santo André encontraram nas ruas 629 catadores, mas apenas 570 aceitaram ser entrevistados.

Apesar da movimentação de dinheiro, o Semasa diz que é pouco o que fica nas mãos dos carrinheiros. O valor médio recebido por viagem varia entre R$ 6 e R$ 20. Por dia, estima-se que cada carroceiro faça duas viagens.

Os carrinheiros estão na base da cadeia de um sistema formado por ferros-velhos e atravessadores. Os catadores são os que mais trabalham e os que recebem menos pela coleta dos materiais.

“O trabalho dos catadores é pesado e sem qualquer tipo de segurança física ou financeira. Muitas vezes, são explorados por ferros-velhos que acabam emprestando o carrinho com a condição de que seja o único comprador do material recolhido”, explica o Roberto Vasques, do Departamento de Resíduos Sólidos do Semasa. “Sem poder de barganha, eles acabam não recebendo o valor justo pela venda”, conclui.

O principal motivo que levou estas pessoas a se tornarem catadores, é de acordo com a pesquisa, o desemprego, citado por 78% dos entrevistados. Além disso, 31% deles afirmam que sonham com um emprego melhor.

Com base no estudo, a Prefeitura e o Semasa vão definir políticas públicas de atuação para inclusão social destes trabalhadores – que incluem condições dignas de trabalho, remuneração justa, acesso à educação, saúde e lazer. A preocupação com o meio ambiente também está incluída nos estudos. “Sabemos que no sistema informal muitos dos materiais que não são recicláveis podem ser descartados em córregos e terrenos públicos, causando doenças e danos para o meio ambiente”, explica Vasques. Segundo ele, a definição do perfil foi importante para definição do plano de ação da Prefeitura e do Semasa.




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;