O Terminal da Vila Luzita, em Santo André, voltou a ser nesta semana palco de nova polêmica envolvendo colaboradores da Suzantur. Desta vez, uma jovem afirma ter sido assediada e quase agredida, em duas oportunidades, por um funcionário da empresa que trabalha no equipamento público. A Polícia Civil investiga o caso.

Segundo relatos da secretária Letícia Fina, 22 anos, o primeiro episódio teria ocorrido no dia 28 de abril, quando um funcionário responsável pelo controle de tráfego do terminal lhe abordou com “palavras obscenas”. “Na época, ele passou por mim pelo menos duas vezes falando coisas obscenas e me encarando, até que em certo momento ele se posicionou na minha frente com os braços cruzados e com o semblante nojento, começou a me falar palavras depravadas dizendo que era ‘gostosa’, inclusive perguntando se estava esperando para fazer programa”, relata.

Na oportunidade, com medo de agir contra o funcionário, a jovem diz ter deixado passar impune o ocorrido. No entanto, nesta semana, após três meses do primeiro episódio, Letícia afirma ter sofrido outro assédio pelo mesmo funcionário.

“Quando dei de cara com ele na quarta-feira, na mesma hora comecei a chorar, as mãos e as pernas tremiam. Só conseguia olhar para o chão. Então liguei para minha mãe aos prantos, porque não sabia o que fazer. Entrei no ônibus o mais rápido que pude e mesmo assim ele não parou. Infelizmente, hoje não tenho paz, perdi o direito de ir e vir, não posso pegar ônibus tranquila porque sei que todos os dias vou dar de cara com ele.”

Assim como ocorreu no primeiro episódio, a jovem diz novamente ter sido alvo de palavras obscenas por parte do funcionário. “Cheguei a ir em direção a uma outra linha, mas ele me seguiu falando coisas obscenas. Entrei no ônibus e ele continuou me perseguindo”.

Em sua página do Facebook, a jovem chegou a publicar duas fotos tiradas por ela mostrando o funcionário que, segundo seu relato, teria lhe assediado, do lado de fora do ônibus. “Ele me encarou e disse algo que não consegui ouvir”, diz. A denúncia dela foi formalizada na Delegacia da Mulher de Santo André

O relato feito por Letícia veio à tona menos de uma semana após uma mulher também ter afirmado que foi impedida de amamentar seu filho de apenas 1 mês nas dependências do Terminal da Vila Luzita (leia mais ao lado). O caso, inclusive, motivou a realização de protesto no equipamento público.

“Meu desabafo foi um alerta para todas as mulheres que pegam ônibus neste terminal. Tenham cuidado e denunciem”, afirma.

OUTRO LADO

Procurada pelo Diário, a Suzantur disse que o funcionário mencionado será desligado da empresa. “Mesmo se tratando de um momento da vida privada do funcionário, da qual a empresa não possui controle, são inconcebíveis tais ofensas, que contradizem os valores e princípios apregoados aos nossos colaboradores.”

A Prefeitura de Santo André também disse, por meio de nota, que “considera inaceitável qualquer restrição ao direito da amamentação e também de atos de violência contra as mulheres”. Segundo o Paço, os dois casos estão sendo acompanhados de perto.

Mulher diz ter sido impedida de amamentar

Outro episódio envolvendo funcionários da Suzantur causou comoção de moradores da região na última semana. O caso aconteceu no dia 11, quando a dona de casa Thaís Magalhães, 21 anos, disse ter sido proibida de amamentar o filho Otto, de apenas 1 mês, nas dependências do equipamento, enquanto esperava pelo ônibus.

Segundo relatos da jovem, ela teria sido abordada por pessoas, que seriam funcionários da empresa Suzantur. Na oportunidade, foi orientada de que não poderia amamentar o seu filho nas dependências do equipamento.

O caso resultou em protesto nas dependências do Terminal da Vila Luzita. Cerca de 100 pessoas participaram do ato, batizado de mamaço, dois dias após o episódio.

Logo após o caso, a Suzantur divulgou vídeo em sua página oficial do Facebook com imagens que, segundo a empresa, seriam do dia do episódio relatado pela jovem.

O vídeo de cinco minutos mostra uma compilação de imagens gravadas nas dependências do terminal durante período de 43 minutos. O material teria sido encaminhado à Polícia Civil para apuração.

Em nota, a Suzantur afirma que todos os colaboradores do Terminal da Vila Luzita foram convocados pela empresa, “a fim de tentar elucidar” o episódio denunciado pela jovem. “Indagados a respeito do assunto, (os colaboradores) relataram que nada ocorreu, não presenciaram nenhuma ação semelhante ao narrado”.

A Prefeitura de Santo André, por meio da SATrans (autarquia que gerencia o transporte municipal), afirma que cobrou posicionamento da Suzantur sobre o ocorrido.

A jovem não se manifestou mais sobre o assunto após o episódio.