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Faltam médicos em Santo André
Por Cristiane Bomfim
Do Diário do Grande ABC
07/04/2007 | 07:00
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As longas filas de espera para atendimento nos PA's (Pronto Atendimentos) e a falta de médicos no serviço municipal de Saúde viraram rotina em Santo André. Hoje, o município possui cerca de 700 médicos, número ainda insuficiente para atender a demanda de pessoas que diariamente procuram atendimento – foram 800 mil só em 2005. Ainda faltam 56 médicos, de diversas especialidades. Entre elas Ginecologia, Psiquiatria, Medicina do Trabalho e, principalmente, Clínica Geral.

A contratação de médicos, que seria a solução mais simples para o problema, é limitada pela burocracia do processo, pelos baixos salários oferecidos e pela falta de verba. O problema, por enquanto, é remediado com malabarismos. Não há previsão de novas admissões. Na última segunda-feira, pacientes esperaram quatro horas para serem atendidos por um clínico-geral no Pronto-Atendimento Central de Santo André, antiga Faisa.

Mas não é só isso, de acordo com a secretária de Saúde de Santo André, Vânia Barbosa do Nascimento, o aumento da procura por serviços públicos de saúde faz com que exista sempre um gargalo no sistema. "Não estamos conseguindo acompanhar este crescimento. Precisamos de um tempo para nos adequar". Segundo ela, os principais motivos deste aumento são pessoas que estão saindo dos convênios médicos e a melhoria da qualidade do atendimento municipal. "Apesar de todas as falhas, que não negamos ter, a rede municipal de saúde melhorou muito e isso atrai mais pessoas", justifica.

Salários baixos não prendem os médicos nos hospitais. Em Santo André, a média salarial de um clínico geral é de R$2,2 mil. O piso salarial para a categoria é de R$3,3 mil para 20 horas semanais. Isso provoca a rotatividade de cerca de 20% do quadro. "Há médicos que procuram os melhores salários. Se na cidade vizinha ele pode ganhar R$ 100 ou R$ 200 a mais e isso compensa, ele sai", explica. A secretária afirma que no momento não há possibilidade de reajuste por falta de recursos adicionais no orçamento, que para este ano está previsto em R$ 200 milhões.

"Está faltando médico. Onde eles estão é uma pergunta que eu ainda não tenho resposta". Uma das explicações pode ser a especialização dos profissionais, o que encarece o serviço. A irracionalidade do sistema, em que consultas são realizadas em duplicidade, ou exames são pedidos sem uma avaliação mais cuidadosa resulta em filas, demora e impaciência.

"Os médicos estão cada vez mais especializados. Em um hospital precisamos de um que possa atender qualquer tipo de problema na área escolhida". Ela usa como exemplo um ortopedista. "Precisamos de um ortopedista que não entenda apenas de mãos ou pés ou coluna, mas que possa atender todo tipo de problema ortopédico", conclui.

A secretária da Saúde afirma que há planos para a abertura de um novo concurso para contratação. Enquanto isso não acontece, ela garante estar fazendo o possivel para diminuir o sofrimento da população na porta dos Pronto-Atendimentos e do Hospital Municipal. "Estamos cobrindo as faltas de médicos com hora-extra dos que podem permanecer, melhorando as condições de trabalho e colocando regras no atendimento para que ele seja otimizado", explica.



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