Setecidades Titulo Julgamento
Futuro do assassino de Eloá
será decidido a partir de amanhã

Começa às 9h, no Fórum de Santo André, após adiamento
em 2009, o julgamento de Lindemberg Alves Fernandes

Por Elaine Granconato
Rafael Ribeiro
12/02/2012 | 07:00
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Cerca de 13 horas de trabalhos diários pelos próximos três dias devem decidir o destino de Lindemberg Alves Fernandes, preso desde outubro de 2008 em Tremembé, a 133 quilômetros da Capital. Começa amanhã, às 9h, no Fórum de Santo André, após adiamento em 2009, o julgamento com júri popular pelo assassinato de Eloá Pimentel, na época com 15 anos, e mais quatro crimes, no sequestro em cárcere privado mais longo do Brasil, com mais de 100 horas. As atividades devem se estender até as 21h, todos os dias.

Sete pessoas mantidas em total isolamento decidirão se ele é ou não culpado. Se for acusado, Lindemberg poderá pegar até 150 anos de prisão. A defesa, que convocou 14 pessoas, tentará desviar o foco para questões periféricas. Como, por exemplo, responsabilizar a imprensa pela morte de Eloá. A familiares, ele alega que foi a Polícia Militar quem atirou na menina. Mas a estratégia segue mantida em sigilo. "Revelaremos tudo durante o julgamento", disse a advogada do réu, Ana Lúcia Assad.

Entre as 14 testemunhas intimadas por ela, estarão presentes jornalistas que conversaram com Lindemberg durante o cárcere e foram acusados, na época, de comprarem de policiais civis a fita de seu depoimento, em que aparece amarrado, nu e com sinais de ter sido agredido. "Foi lamentável a interferência da imprensa marrom. A vaidade imperou sobre a razão", disse Assad.

Nos autos, que desde a semana passada estão em posse da juíza Milena Dias, a defesa juntou mídias de TV para apreciação dos jurados. No total, serão cerca de 16 horas de vídeo para serem exibidas. "As gravações falam por si", justificou.

Para a promotora de Justiça Daniela Hashimoto, responsável pela acusação, as provas são muito robustas. No entanto, ela quer resgatar a cena em que os policiais do Gate (Grupo de Ações Táticas Especiais) explodem a porta do apartamento de Eloá até o momento do tiro fatal na vítima. "Houve um tempo para ele se arrepender, recuar, mas isso não ocorreu", disse.

O perfil agressivo do réu será a linha da acusação. "Manipulador e violento, ele apenas postergou o que foi lá para fazer: matar a ex-namorada", afirmou Daniela, que assumiu o caso em novembro do ano passado.

Assad tentou judicialmente transferir o julgamento do Fórum de Santo André para os fóruns da Barra Funda ou Santana, ambos na Capital. Mas teve seus pedidos negados pelo Tribunal de Justiça, inclusive liminares. A justificativa seria pelo fato de os jurados da cidade serem influenciados a condenar o réu pela proximidade. Outro motivo alegado seria a falta de estrutura do tribunal andreense, o que não foi aceito - mensalmente, são realizados cerca de 13 julgamentos no local.

Segurança será feita por 100 policiais

A Polícia Militar irá disponibilizar efetivo de 100 homens para atuar na segurança do julgamento de Lindemberg Alves. A equipe será dividida em três grupos: 40 farão a cobertura interna, outros 40 ficarão no entorno do Fórum e 20 farão o trabalho de escolta do réu, jurado, conselho e da juíza Milena Dias, que terá proteção especial no trajeto entre residência e Fórum.

O local será cercado com grades para evitar tumultos na porta. A polícia fará revista com detector de metais em todas as pessoas que entrarem para o julgamento. "O controle de acesso ao prédio será rigoroso. Também iremos intensificar vigilância na circulação interna. Fizemos planejamento cuidadoso", afirmou o coronel Roberval França, responsáel pela Polícia Militar no Grande ABC.

Equipes do Departamento de Trânsito irão bloquear parcialmente a Rua José Cabalero para abrigar carros da imprensa. O acesso a outras varas do Fórum será controlado pela GCM. (Cadu Proieti)

Vizinhos descartam acompanhar no Fórum

Em julgamentos de casos com repercussão nacional, é comum a presença de populares em frente ao Fórum, curiosos para saber a decisão final do juiz. Porém, moradores do Jardim Santo André, bairro onde moravam Lindemberg Alves Fernandes e Eloá Pimentel, afirmaram que não pretendem ir ao local para acompanhar o capítulo final da tragédia.

"Pelo que sei ninguém daqui vai se meter nessa história. Acredito que irão só os familiares. Aqui do prédio tenho certeza que o pessoal não vai para o Fórum", relatou Edson Pereira Lima, síndico do edifício onde Lindemberg residia.

Lima disse que não acredita em absolvição do réu e que, caso ele volte para o bairro, não será bem recebido. "Acredito que aqui no prédio não terá nenhum problema, porque sempre foi um rapaz calmo e nunca trouxe problema. Mas tem muita gente que não quer mais o Lindemberg aqui. A Eloá era uma menina querida, e o pessoal ficou bastante revoltado com o caso. O que ele fez não tem perdão", comentou.

A dona de casa Marlene Maria Barbosa, 40, também afirmou que não irá comparecer ao julgamento. "Não vou porque não tinha nenhuma intimidade. Via ele raramente. Acho que ninguém do bairro vai querer se envolver com esse caso", disse.

Vizinhos e pessoas que conheciam Eloá também relataram que não pretendem ir ao Fórum. (Cadu Proieti).

 




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