Economia Titulo
É preciso fortalecer setor metalmecânico

Ação é essencial para tornar a cadeia mais competitiva e deve envolver poder público e faculdades

Por Yara Ferraz
16/04/2020 | 00:16
Compartilhar notícia


Estudo publicado ontem pelo Conjuscs (Observatório de Políticas Públicas, Empreendedorismo e Conjuntura da Universidade Municipal de São Caetano) aponta a importância do fortalecimento do APL (Arranjo Produtivo Local) Metalmecânico no Grande ABC. A ação é essencial para tornar a cadeia mais competitiva e incrementar o valor agregado, sendo projeto com impactos político, econômico e social na região, que ainda é dependente do setor.

A proposta sugere que diversos atores, como empresas do segmento, poder público e universidades se reúnam em prol do mesmo objetivo. Exemplo é que as prefeituras poderiam fomentar o diálogo entre as partes, enquanto indústrias expõem suas fragilidades e as universidades pesquisam de que maneira solucionar estas questões. A estimativa, conforme últimos dados da Rais (Relação Anual de Informações Sociais) e do Caged (Cadastro Geral de Empregados e Desempregados), é que 3.599 fábricas poderiam ser contempladas nas sete cidades.

O APL Metalmecânico surgiu na década de 1990 visando minimizar os impactos da abertura do País para o mercado internacional, o que reduziu a produtividade. “Depois, durante o governo (Luís Inácio) Lula (da Silva, PT) e na primeira metade do governo Dilma (Roussef, PT), tivemos um crescimento econômico, quando a relação entre os atores foi enfraquecida, já que cada um buscava o próprio protagonismo”, explicou Filipe Souza, pesquisador convidado do Conjuscs.

A retomada das discussões conjuntas poderia evitar a saída das metalúrgicas da região, assim como no caso da Ford, que teve o último dia de produção em São Bernardo em outubro de 2019. “(O Grande ABC) É uma região (industrial) consolidada, mas que sofre o efeito da competitividade internacional, o que tornou a produção aqui menos vantajosa”, apontou Souza.

Para evitar o “desmonte” do setor, o pesquisador sugere, inclusive, que as empresas se estruturem para alteração de segmento, tornando as sete cidades menos dependentes da cadeia automobilística. “Tem projetos que falam na possibilidade de apostar no setor da aviação, porém, é preciso que tenham estudos envolvendo centros de pesquisa universitários para mudar a vocação das empresas”, exemplificou.

O fortalecimento do APL depende de ações a curto (colocar os atores em contato), médio (encontrar pontos a serem melhorados e pesquisas) e longo prazos (implementação das ações), tendo os primeiros resultados em cerca de cinco anos.


Produção de elétricos desafia setor automotivo na região

A indústria automotiva do Grande ABC enfrenta desafios para iniciar a produção de carros híbridos e elétricos. Estudo publicado ontem pelo Conjuscs destaca que países europeus e a China já possuem ações voltadas à eletromobilidade, enquanto o Brasil não tem compromisso firmado neste sentido. Assim, outras nações se tornam mais competitivas no setor.

“Não ganhamos escala com a produção de veículos a etanol e flex, então, ou as plantas se adaptam ou nos tornaremos importadores”, afirmou Wellington Messias Damasceno, pesquisador convidado do Conjuscs e diretor executivo do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC.

O dirigente assinala que as plantas da região têm capacidade para abrigar duas linhas de produção, uma de motores a combustão e outra de elétricos, como maneira de transição. Caso nenhuma medida seja adotada, esta cadeia produtiva só deverá chegar ao País em 30 anos. Primeiro aspecto para incentivar que as fábricas repensem a produção é a criação de lei federal visando a redução progressiva da emissão de poluentes. Além disso, articulações regionais devem ser feitas, a exemplo da compra de frota de ônibus híbridos ou elétricos pelas cidades. 




Comentários

Atenção! Os comentários do site são via Facebook. Lembre-se de que o comentário é de inteira responsabilidade do autor e não expressa a opinião do jornal. Comentários que violem a lei, a moral e os bons costumes ou violem direitos de terceiros poderão ser denunciados pelos usuários e sua conta poderá ser banida.


;