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Suspensão de feiras gera indignação em S.Bernardo

Feirantes defendem manutenção da atividade e acreditam que medida beneficia supermercados

Flavia Kurotori
do Diário do Grande ABC
28/03/2020 | 00:20
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A suspensão das feiras livres em São Bernardo começa hoje, conforme decretou o prefeito Orlando Morando (PSDB) na última semana. A estimativa é que a medida, cujo objetivo é evitar aglomerações e a propagação do novo coronavírus, dure pelo menos 15 dias. Ontem, entre os feirantes da cidade, o clima era de indignação e incerteza em relação ao sustento.

“O prefeito está certo, tem que cuidar da população, mas não pensou nos feirantes, em como vamos levar sustento para nossas famílias, nossas crianças”, criticou o feirante Rodrigo Mendes, que trabalha em barraca de frutas. “Ele (Morando) quis beneficiar os supermercados, já que a família dele tem (Supermercado Morando), mas e a aglomeração nos supermercados? Aqui (na feira), é ao ar livre, tomamos todos os cuidados e mantemos uma distância segura dos clientes.”

Thiago Oliveira, feirante em barraca de bananas, assinalou que a classe está indignada. “A feira é arejada, vendemos alimentos para abastecer a população e não fica lotada como os mercados estão”, opinou. Ele não calculou de quanto será o prejuízo durante o período da suspensão, contudo, apenas com a carga que havia encomendado para o fim de semana, a perda chega a R$ 3.000. “Muitos (feirantes) não vão ter o que comer.”

A feirante Rosângela Nascimento é proprietária de banca de verduras e, ontem, ajudava o irmão na barraca de frutas. “Parar é necessário, porém, não concordo em como foi feito, não deram um prazo para a gente se programar, deviam deixar que a gente, ao menos, encerrasse a semana no domingo (amanhã)”, afirmou. “Só aqui (na banca), são sete famílias que dependem da feira e que, a princípio, vão ficar sem salário”, lamentou, estimando que, caso a medida dure duas semanas, o prejuízo será de pelo menos R$ 15 mil.

Entre os frequentadores de feiras livres, a suspensão divide opiniões. O engenheiro Paulo Cavalcante, 47 anos, considera que a medida foi impensada e impulsiva. “Essa suspensão total é irresponsável, pois muitas pessoas dependem deste trabalho. Como vão pagar os funcionários? Como vão pagar as contas?”, disse. Mesma opinião tem uma mulher, que não se identificou. “As contas não param de chegar, nem os impostos. Então, com que dinheiro essas famílias vão viver?”, comentou.

O autônomo Cláudio Estebam Salamanca, 29, é a favor da medida, “ainda mais pelos idosos, que acabam vindo (até a feira) por hábito e eles precisam ficar em casa”. “É a ação correta porque evita toda essa aglomeração de pessoas”, adicionou o professor de educação física Leandro Ibanhez, 40.

A Prefeitura de São Bernardo informou que está tomando todas as medidas possíveis para conter o avanço do novo coronavírus na cidade. “A decisão pela suspensão das feiras livres seguiu o mesmo critério das demais medidas já adotadas. Após a publicação do decreto municipal, no dia 22, todos os feirantes do município foram comunicados da suspensão dos serviços por fiscais das feiras livres.” 




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