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Coral é pop!
Por Juliana Ravelli
Do Diário do Grande ABC
19/06/2011 | 07:00
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Nada de músicas chatas e gente séria demais. Coral é muito legal e, o melhor, qualquer um pode cantar. Acredite: todo mundo já soltou a voz embaixo do chuveiro, mas a maioria acha que não é bom suficiente para sair dali. Engana-se quem pensa assim.

Após assistir aos shows de Paul McCartney e Amy Winehouse, Henrique Krakauer, 11 anos, questionou: "Por que não posso cantar também?". Então, o menino, que fazia só aulas de piano, passou a participar do Coral do Espaço Cultural de Artes, em São Caetano.

Já Thiago Simões da Silva Pereira, 8, praticava apenas esportes quando decidiu entrar para o coral do Colégio Fênix Santa Paula, em São Caetano. "Queria aprender uma coisa nova." Em pouco tempo, surpreendeu-se ao perceber que leva jeito.

Por vários motivos, os meninos e seus colegas descobriram que, de fato, quem canta os males espanta. "É mais divertido porque a gente também dança. Não fica só parado", conta Giovanna Debei Leal Silva, 9.

Apesar de os corais se tornarem cada vez mais populares, tem quem ainda torça o nariz para eles, segundo Arthur Sarti, 8. "Tem menino que acha que é coisa de menina", diz Pedro Naum de Lima, 9.

Mas, a partir de terça (21), a turma vai encontrar centenas de apaixonados por corais no Gran Finale, 9º festival nacional de corais infantis e jovens. Paula Alves Alcalá, 8, está superansiosa para participar. "Faz tempo que quero ir," diz.

Integrantes de diversos grupos vão apresentar as mesmas músicas, formando gigantesco coral. Thiago Bertassoli, 9, já esteve lá e conta que não é moleza. Além de passar muitas horas ensaiando com um regente brasileiro e outro norte-americano, eles têm de cantar em vários idiomas, como inglês, latim, hebraico e alemão.

Quem quiser pode conferir o resultado na quinta (23), às 10h e 12h, no Memorial da América Latina (Av. Auro Soares de Moura Andrade, 664, em São Paulo). Ingresso: R$ 10 e R$ 20. Informações: 4226-3874.

 

Traz um montão de benefícios

Graças ao coral, Diana Lafetá Barbi, 8 anos, encara a plateia com mais coragem. "A gente aprende a se soltar mais. Antes era bem tímida." Mas esse não é o único aprendizado. Além de cantar bonito e se expressar melhor com o corpo, a turma trabalha bastante a concentração e a postura.

Também fica mais disciplinada, organizada e atenta. Paula Alves Alcalá, 8, lembra que qualquer distração faz se perder na música e, aí, é problema na certa. E tem mais. "A gente descobre músicas novas e compositores, como Pixinguinha, Villa-Lobos e Tom Jobim", diz Pedro Naum de Lima, 9. Os ensinamentos influenciam a vida em casa, na escola e o futuro, segundo essa galera.

Quem tem vontade de tocar instrumentos pode começar a soltar a voz desde já. Os especialistas garantem que o coral ajuda muito esse aprendizado. É a melhor forma de entrar no mundo da música.

 

Coral é coisa muito antiga

Há milhares de anos, o canto coral está presente em várias culturas. Com o passar do tempo, ganhou destaque nas igrejas - nas quais ainda é muito importante. Só depois chegou às escolas. Foi então que surgiram os glee clubs (clube do coral). O primeiro a ganhar esse nome foi o da Escola Harrow, em Londres, no fim do século 18, só de meninos. Aos poucos, surgiram grupos de garotas.

Ganharam popularidade nos Estados Unidos. O mais antigo é o da Universidade de Harvard, fundado em 1858. No país, a maioria das escolas tem coral. O ensino de música é levado tão a sério que, em geral, os colégios têm departamento para cuidar só dessa arte.

 

Grupo de escola canta no Oscar

O coral da Escola Pública 22, de Nova York, Estados Unidos, ficou conhecido em todo o mundo após cantar na cerimônia do Oscar (importante premiação do cinema) deste ano. Mas não é de hoje que a turma de lá participa de eventos famosos, programas de TV e é superelogiado por artistas, como Beyoncé, Lady Gaga e Katy Perry.

O grupo foi criado em 2000 pelo professor de música Gregg Breinberg. Hoje, cerca de 70 alunos participam do projeto. Cantam de tudo - pop, gospel, música folclórica. Neste mês, os vídeos do coral foram vistos mais de 34 milhões de vezes no YouTube. Alguns podem ser conferidos no www.ps22chorus.blogspot.com (em inglês).

 

Glee incentiva a galera a soltar a voz

A série Glee mostrou na telinha que os corais não têm nada de chato e que qualquer música pode ganhar cara nova na voz dos coralistas. Isso tem incentivado muita gente a conhecê-los. "É a onda do momento", afirma Henrique Krakauer, 11 anos, superfã do seriado.

Nos Estados Unidos, cresceu bastante o número de grupos e apresentações. Quem achava que o coral era para perdedores tem mudado de ideia. Esse fenômeno até ganhou o nome de efeito Glee.

E não é que muitos dos atores da série faziam parte do coral da escola em que estudavam. É o caso de Chris Colfer, que interpreta Kurt, Lea Michele, a Rachel, e Jenna Ushkowitz, que faz o papel de Tina. O mais curioso é que até Jane Lynch, que vive a vilã Sue Sylvester (ela faz de tudo para acabar com o grupo), também sempre participou do coral. Em entrevista, ela contou que era sua atividade preferida no colégio.

Dos corais escolares e de igrejas, aliás, saíram outros artistas famosos. Confira algumas cantoras que foram coralistas:

- Beyoncé cantava desde pequena no coral da igreja que a família frequentava, no qual tinha destaque como solista. Depois entrou para o coral da Parker Elementary School, onde estudou nos anos 1990.

- Kelly Clarkson estava no 7º ano quando a professora de música da escola a ouviu cantar e a convidou para fazer parte do coral. Após terminar o Ensino Médio, Kelly foi em busca do sonho de se tornar artista.

- Katy Perry é filha de pastores evangélicos e começou a mostrar seu talento ainda criança no coral da igreja. Em 2001, até lançou CD com músicas gospel, usando o nome Katy Hudson (seu verdadeiro sobrenome).

 

Saiba mais

- A partir deste ano, todas as escolas públicas e particulares brasileiras são obrigadas a oferecer ensino de música. Entre os objetivos estão desenvolver a criatividade e aproximar os alunos. Quem sabe, agora, novos corais e grupos musicais apareçam nos colégios.

- Em Mudança de Hábito (1992), uma freira diferente revoluciona o coral da igreja e ajuda muita gente a descobrir talento para o canto. Em Mudança de Hábito 2 (1993), a irmã Mary Clarence vai parar numa escola barra-pesada para ensinar canto a adolescentes. Os filmes são antigos, mas vale a pena assisti-los se puder. Além de músicas legais, são divertidos.

- Na década de 1930, o compositor Heitor Villa-Lobos criou projeto, com apoio do governo, para levar o ensino de canto às escolas públicas do Brasil. Desejava que todos recebessem educação musical, sonhando em ver o País transformado em grande coral.

- Cerca de 30 crianças e adolescentes cantaram durante o casamento do príncipe William e Kate Middleton, na Inglaterra. Elas fazem parte do coral da Abadia de Westminster e do Coro Real da Capela.

 

Quer aprender? Corra!

Se não tem coral na sua escola, fique de olho nestes cursos gratuitos oferecidos no Grande ABC:

Santo André mantém oficinas de iniciação artística, que incluem as modalidades de canto e música, na Emia (Avenida Itamarati, 536, tel.: 4479-2744). As inscrições devem ser feitas de 2 a 5 de agosto.

Diadema abre inscrição para oficinas de música e coral em 20 de julho na Casa da Música (Avenida Alda, 255, tel.: 4051-2628).

Ribeirão Pires oferece curso de musicalização e coral na Escola de Música (Avenida Santo André, 380, tel.: 4824- 1631). Inscrições em julho.

Mauá tem curso de coral para adolescentes a partir de 15 anos. Os mais novos podem fazer a oficina de música. Inscrição até dia 22, no Shopping Green Plaza (Rua Rio Branco, 85).

 

Consultoria de Tania Bertassoli, regente do coral do Espaço Cultural de Artes, e Lilia Valente, diretora artística do festival nacional de corais Gran Finale




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