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Na região, 957 pessoas aguardam transplante

Maior número de pacientes está em S.Bernardo,
onde há 291 pessoas na fila; maioria espera rim

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
28/12/2015 | 07:00
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Nario Barbosa/DGABC


Em todo o País, cerca de 40 mil pessoas aguardam na fila por um órgão para realização de transplante que pode salvar suas vidas. Conforme dados do Ministério da Saúde, desse total, cerca de 16 mil são do Estado de São Paulo, o que representa fatia de 41%. No Grande ABC, o Diário teve acesso pela primeira vez à listagem, que é única para a rede pública e privada de Saúde e na qual estão 957 pessoas. Mas a busca ainda esbarra no desconhecimento e, em muitos casos, na negativa da família em autorizar a doação.

Na região, o maior número de pacientes que aguarda por um órgão está em São Bernardo, com 291 pessoas. (veja mais detalhes na arte ao lado, que lista os principais órgãos).

Atualmente, transplantes não são feitos no Grande ABC, apenas a captação dos órgãos por instituições públicas e privadas. Uma das referências do procedimento é o CHM (Centro Hospitalar Municipal), em Santo André, que também atua como notificador de doadores em caso de morte encefálica. Para o coordenador da Comissão Intra-Hospitalar de Transplantes, o enfermeiro Paulo Cezar Ribeiro, ainda há grande número de entraves por causa da posição da família.

A representante e fundadora do Ipes (Instituto Paulista de Educação em Saúde), Wilma Maria de Moraes Carvalho Rosa, defende a criação de OPO (Organização de Procura de Órgãos) para aumentar o número de doadores. A sugestão é que fosse implantada no CHM e ficasse responsável por todos os pacientes e possíveis doadores da região.

Segundo ela, equipe ficaria disponível 24 horas apenas para cuidar de assuntos relacionados ao transplante de órgãos. Porém, Wilma também concorda que a posição da família do doador interfere bastante no processo. “Não teria um custo grande, porque é uma organização do setor e pode agregar parcerias com laboratórios, por exemplo. A equipe ideal seria composta por dez enfermeiros, um supervisor de enfermagem, dois médicos e auxiliares de enfermagem, além de uma pessoa que trabalhe no setor administrativo. O entrave ainda continua sendo a recusa familiar que depende do tratamento destinado a ela”, afirmou.

Segundo Wilma, o ideal é que antes mesmo da morte encefálica, os parentes já tenham acesso a materiais e orientações sobre a importância da doação de órgãos.

Para quem não está mais na enorme fila de espera, o sentimento é de alívio. Caso do aposentado de São Bernardo Valdete Lopes de Almeida, 60 anos. Mesmo sem nunca ter fumado ou ingerir bebida alcoólica, ele descobriu que tinha cirrose e hepatite C em uma doação de sangue há cerca de dois anos.

“Não tinha nenhum sintoma e já era doador de sangue há um tempo. Não acreditei quando fiquei sabendo, mas comecei a sentir náuseas e muitas dores. Minha rotina mudou e meu corpo já não estava aguentando.”

Em dezembro do ano passado, Almeida foi encaminhado para a fila de transplante de fígado via CHM. A cirurgia, que durou seis horas, foi feita em abril no Hospital das Clínicas, na Capital. Ele chegou a ter uma parada cardíaca durante o procedimento, porém, após a recuperação, garante que renasceu. “Não sinto mais nenhuma dor, nem parece que fiz uma cirurgia há pouco tempo. Hoje estou muito agradecido a Deus e a todas as pessoas que intercederam por mim, principalmente a minha mulher e a minha família. Tenho dois filhos e dois netos e, quando tive alta, o pessoal até soltou fogos de artifício”, lembrou, emocionado.

Para quem ainda aguarda na fila, o aposentado tem um recado. “Esperem porque com certeza vai aparecer um doador. Deus sempre esteve comigo e vai estar com vocês também.”

 

RIM

Na região, o órgão mais procurado é o rim. São 640 pessoas das sete cidades que aguardam pelo órgão. Conforme a fundadora do Ipes, Wilma, a grande procura acontece por causa da falta de prevenção de doenças renais. “Infelizmente é uma coisa geral. As pessoas costumam não ter medidas preventivas em relação à hipertensão arterial, atrelado à má alimentação e também ao diabetes. Muita gente acaba não indo ao médico e são doenças assintomáticas.”




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