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Legislativo vive falta de sintonia com sociedade
Por Alexssander Soares
Do Diário do Grande ABC
28/09/2003 | 19:16
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O que vem na cabeça do cidadão ao ser perguntado sobre os legislativos brasileiros? Denúncias de corrupção, altos salários com muitas mordomias para poucos dias de trabalho de senadores, deputados ou vereadores.

O imaginário popular pode ainda produzir respostas, mas existe a convicção de que os legislativos vivem uma fase de desajuste com a sociedade, que não compreende seu papel.

"Os poderes legislativos e os atores da sociedade não estabelecem uma sintonia", afirma o cientista político Marco Aurélio Nogueira, mestre em Ciências Políticas da USP e professor do campus de Araraquara da Unesp.

Em uma palestra realizada na Assembléia Legislativa, organizada pelo programa Interlegis do Congresso, Nogueira afirmou que o Legislativo apesar de "estar valorizado na democracia brasileira, não goza de uma boa imagem na opinião pública". "Utilizando-se de uma metáfora, podemos dizer que os heróis modernos não são os parlamentares."

O cientista político defendeu seu ponto de vista ressaltando que faltam aos legislativos maior coesão e, principalmente, um certo "masoquismo" ao viver à reboque do Poder Executivo. "O Legislativo não tem a figura de um líder, como no Executivo (presidente, governador ou prefeito). E ainda é submisso ao caixa do Executivo."

Nogueira relatou que falta aos parlamentares um debate prévio aos projetos do Executivo, quando na verdade ocorre simplesmente uma homologação das propostas. "Percebo ainda um certo individualismo dos parlamentares, que ainda não conseguiram captar a fragmentação da sociedade e o ritmo muito rápido de informações e de mudanças na sociedade."

Ao finalizar sua palestra, o cientista político afirmou que os prognósticos para melhorar do Legislativo deveriam passar por um "banho de educação política" na sociedade, uma limitação dos interesses particulares dos parlamentares por um pacto de natureza ética e finalmente uma ampla reforma política, buscando recuperar o diálogo do Parlamento com a sociedade.




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