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Rodoanel causará demolição de duas escolas de S.Bernardo
Por Rodrigo Cipriano
Do Diário do Grande ABC
07/12/2004 | 10:31
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Duas escolas de São Bernardo devem ser demolidas para que o trecho Sul do Rodoanel seja construído. Juntas, a EE Professora Maria Pires e a Emeb (Escola Municipal de Educação Básica) Lorenzo Lorenzetti, ambas no bairro Botujuru, na região de Riacho Grande, possuem cerca de 1,2 mil alunos, com idades que variam entre 4 e 17 anos.

O curioso é que a Prefeitura de São Bernardo mesmo sabendo do traçado da rodovia continua uma ampla reforma na Emeb Lorenzo Lorenzetti. O piso de duas salas foi trocado e todo telhado refeito. Nas paredes, que ainda não receberam demão de pintura, é possível constatar sinais da obra.

Para viabilizar a reforma, iniciada no começo do ano, a maioria das crianças matriculadas foi transferida para salas de aula improvisadas em um contêiner, nos fundos da Emeb. "Isso aqui é escola de lata", diz uma mãe de aluno. "Não sei porquê eles (Prefeitura) estão gastando dinheiro em um prédio que vai ser demolido", questiona Roseli de Fátima Souza, 38 anos, mãe de três alunos da escola municipal. Procurada pelo Diário, a Secretaria da Educação de São Bernardo não se pronunciou sobre o assunto.

O governo do Estado diz que a desapropriação das duas escolas só ocorrerá após a construção de duas outras unidades. Segundo o Estado, o cronograma das obras ainda não foi detalhado e os novos endereços das unidades estão sendo estudados.
 
Descrédito - O governo do Estado garante que as duas escolas devem ser os únicos equipamentos públicos que serão demolidos para a construção do Rodoanel, que corta quatro cidades da região (Santo André, São Bernardo, Mauá e Ribeirão Pires). O discurso, porém, não convence moradores dos bairros atingidos pela obra. Em Santo André, por exemplo, líderes comunitários da favela do Pintassilgo se debruçaram sobre os mapas da nova rodovia e concluíram que o trecho Sul irá passar sobre uma igreja, construída há mais de dez anos pelos moradores do núcleo, e sobre um campinho de futebol.

Na verdade, a lista de desapropriações elaborada pelo governo do Estado pode esconder distorções, uma vez que o mapa foi baseado em imagens captadas por em mapeamento 2002. O estudo aponta que serão necessárias 1.754 desapropriações, 63% delas nas quatro cidades do Grande ABC. Um levantamento final deve ser feito no início de 2005, antes do início das obras, previstas para o primeiro semestre. Os trabalhos devem ser concluídos em 30 meses.

O Rodoanel é discutido há mais de dez anos. Desde então, dos quatro trechos no projeto, apenas um está em operação: o Oeste. No início do ano passado, o Ministério Público suspendeu as audiências públicas, alegando que era preciso saber o impacto no meio ambiente. O EIA-Rima (Estudo de Impacto Ambiental) só foi concluído no mês passado, quando reiniciaram as audiências. Sessenta por cento do traçado da pista foi alterado para que o impacto ambiental fosse reduzido.

O trecho Sul vai interligar a avenida Papa João XXIII, no bairro Sertãozinho, em Mauá, à rodovia Régis Bittencourt, em Embu, Região Metropolitana, passando pelas vias Anchieta e Imigrantes, em São Bernardo.




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