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Alteração de itinerário põe em risco moradores do Jd.Taquarussu

Famílias são obrigadas a caminhar por estrada
esburacada e insegura para ter acesso a ônibus

Por Daniel Macário
Do Diário do Grande ABC
11/06/2016 | 07:00
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Marina Brandão/DGABC


A mudança de itinerário realizada pela Prefeitura de Mauá na linha de ônibus 142 (Luzitano), operada pela Suzantur, dificultou a vida de moradores do Jardim Taquarussu, região afastada e carente da cidade. A retirada da Estrada do Regalado do trajeto do transporte municipal tem obrigado cerca de 300 famílias do local a se arriscarem todos os dias em vias sem asfalto e com alto índice de assaltos.

A mudança, realizada no fim de março, pegou os usuários de surpresa. “Eles (administração) já tinham mudado uma vez, em 2012, mas, depois que reclamamos e mostramos que muitas pessoas dependiam da linha, eles recuaram”, relata a desempregada Juliana dos Santos Pereira, 25 anos.

Sem a passagem do ônibus pela estrada, trabalhadores são obrigados a mudar a rotina para se adaptarem ao novo sistema de transporte público. “Como entro às 6h no trabalho, na Avenida Paulista, preciso pegar o primeiro ônibus. Antes, ele (coletivo) parava perto de casa. Agora, com a caminhada de 30 minutos que faço, preciso sair de casa no máximo 3h20”, relata a a copeira Roseli dos Santos Conceição, 42.

Segundo Roseli, além de ter menos horas para dormir, agora ela precisa lidar com a insegurança de ficar no ponto longe de casa. “Quem mora aqui já enfrenta muitas dificuldades com saneamento básico, segurança e falta de estrutura. Agora, tudo isso se agravou. Por ser área de manancial, tem muito matagal aqui. Sou obrigada a colocar na mão de Deus todos os dias minha vida”, desabafa.

Para a segurança Bruna Aparecida Siqueira, 22, a conduta da Prefeitura é desumana. “Já vivemos numa situação precária. Agora, somos obrigados a enfrentar uma pior ainda. Em dia de chuva é impossível andar por essa rua. Preciso colocar sacola no pé e mesmo assim chego suja no trabalho. As pessoas ficam olhando de uma forma que nos envergonha”, relata.

De acordo com a Prefeitura, a mudança de itinerário da linha foi feita após estudos realizados por empresa contratada indicar que 99% dos passageiros transportados desciam antes do ônibus chegar à Estrada do Regalado, permitindo tal “otimização”, Além disso, a administração ressaltou que o trecho subtraído tem apenas 700 metros de extensão e que nos extremos da via circulam duas linhas.

Entretanto, na quinta-feira, a equipe do Diário acompanhou o trajeto realizado pelos usuários e constatou que os moradores são obrigados a caminhar trecho maior do que o informado pela Prefeitura, pouco mais de um quilômetro. “Já não temos muito e eles (gestores) nos tiram o básico, que é o transporte público”, lamenta a dona de casa Silvia Helena dos Santos, 50.

Em relação à ausência de asfalto na via, a Prefeitura alegou que o trecho corresponde a área de manancial. Entretanto, ressaltou que, no momento, está “aplicando cobertura antipoeira nas vias da região para minimizar os problemas com a lama e com o pó”. No entanto, moradores negam tal informação, dizendo que até a presente data nenhum funcionário foi visto no local realizando essas intervenções.

Comunidade critica falta de projetos para áreas carentes

“Sinceramente, parece que não fazemos parte de Mauá. Faltam saneamento básico, Segurança, Saúde e agora até ônibus e emprego. Parece que não existimos”. A frase do desempregado Ednaldo Dias, 48 anos, retrata bem o sentimento de moradores do Jardim Taquarussu.

Localizado no extremo de Mauá, o bairro carece de infraestrutura básica para a qualidade de vida dos munícipes.

Não bastasse a ausência de asfalto em boa parte de suas vias, tais como as estradas do Regalado e Carneiros, moradores são obrigados a se arriscar diariamente em passagens com esgoto a céu aberto e ponte de madeira com estrutura comprometida.

“Infelizmente, temos de nos virar da forma que dá. Já cansamos de pedir atenção para a Prefeitura”, relata a doméstica Rita de Cássia Amarante, 36.

Com a proximidade das eleições municipais, a comunidade mostra esperança em obter apoio. “Quem sabe não resolvemos as coisas. Só assim para eles darem atenção”, diz a desempregada Jéssica Pereira dos Santos, 30.




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