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Paula Burlamaqui torce por romance lésbico
Márcio Maio
Da TV Press
02/11/2008 | 07:06
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Divulgação


À primeira vista, o papel da cozinheira Stela, de A Favorita, tinha tudo para não agradar Paula Burlamaqui. Sem história definida e longe da trama central da novela, a personagem poderia ser apenas mais uma na trama do autor João Emanuel Carneiro. Mas a possibilidade de interpretar uma homossexual e se inserir em um dos núcleos mais comentados de A Favorita mexeram com a atriz. E, se depender dela, sua personagem não só viverá um romance com Catarina, de Lília Cabral, como as duas também terão direito a final feliz. Se possível, até com cena de beijo. "Não gostaria que minha participação na novela se resumisse a fazer uma mulher que chegou ali para abrir um restaurante e cozinhar bem", assume.

O autor de A Favorita já demonstrou interesse em explorar uma relação entre sua personagem e Catarina, de Lília Cabral, mas até agora nada foi ao ar. Por quê?
PAULA BURLAMAQUI - Na verdade, não entrei na novela para fazer uma homossexual. A função da Stela é mexer na relação do Léo e da Catarina, mas o que já é certo é a relação de amizade entre as duas, que será cada vez mais forte. Existe a possibilidade de algo a mais, só que o João Emanuel não me adiantou nada. Mas vejo que o texto é conduzido para abrir essa possibilidade.

Você entrou na novela três meses depois da estréia e interpretando uma personagem sem muitas informações. Foi complicado?
PAULA BURLAMAQUI - É uma experiência diferente, até pela importância da personagem na história. Mas dei muita sorte porque caí em um núcleo que faz sucesso e é repleto de pessoas que admiro. Já trabalhei com a Lília em Pedra Sobre Pedra e é maravilhoso atuar ao lado de alguém que a gente sabe que tem seriedade e que é profissional. Além dela, estou ali pertinho do Tarcísio, do Chico Diaz, do Jackson Antunes, são vários nomes de peso da emissora.

A Stela é dona de um restaurante e aparece cozinhando em vários momentos. Você precisou de uma preparação específica para esse papel?
PAULA BURLAMAQUI - Geralmente, antes de gravar uma cena que envolva algo mais complexo na culinária, eu recebo o apoio de profissionais especializados que me ajudam.

A sexualidade da Stela ainda é incerta, mas o próprio texto indica esse amor platônico de sua personagem. Como você pretende trabalhar isso no ar caso a relação evolua?
PAULA BURLAMAQUI - Será um casal como outro qualquer. Acho que o bacana é jmostrar que não é nada de outro mundo. Assim como um homem e uma mulher que se amam, duas mulheres podem experimentar isso também. Tenho várias amigas que são gays e elas não são diferentes das outras mulheres. O que é inovador nessa história é a idade das personagens. É muito comum ver relações gays na TV entre jovens, mas não entre pessoas mais experientes. Tanto que eu trabalhei bem esse lado sério.

De que forma você trabalhou essa seriedade na personagem?
PAULA BURLAMAQUI - Desde o início penso nisso. Antes de começarem as gravações, sugeriram um aplique para o meu cabelo. Aí fiquei pensando que não seria legal. Imaginei que poderia parecer meio gostosona, exuberante demais. Depois de algumas reflexões decidiu-se por esse corte mais clássico e simples mesmo. Isso me ajudou a, junto com os gestos e o texto da Stela, deixá-la com esse ar de seriedade. Acho que isso também aproxima ela da Catarina e ajuda a, de repente, aflorar esse sentimento entre elas.

 

A possibilidade de rejeição a uma personagem lésbica assusta você?

PAULA BURLAMAQUI - Não, eu seria doida se não torcesse por esse romance entre a Stela e a Catarina. Fiquei sabendo disso pela imprensa, mas adorei a possibilidade. Passei muito tempo esperando personagens mais densos. Hoje o que eu quero é ter história. Por mim, a Stela pode ser da máfia, louca e lésbica! Quanto mais conflitos, mais gratificante.

 

Como são as reações do público em relação a isso?

PAULA BURLAMAQUI - Vejo muita gente torcendo para que a história se desenvolva. A trama da Catarina tem um apelo popular muito forte. Como a Stela está diretamente ligada à história, ouço muita gente revoltada sobre a forma como o Léo trata a esposa. Em nenhum momento ouvi algum comentário ruim sobre a aproximação das duas. A verdade é que não acho que o homossexualismo ainda seja um grande bicho-de-sete-cabeças. A sociedade já avançou, hoje em dia as pessoas estão mais abertas para essa realidade.




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