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Difícil saber que será o maior beneficiado
Por Dérek Bittencourt
27/09/2019 | 07:00
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O Esporte Clube São Bernardo deu um gigantesco passo rumo à elite do Campeonato Paulista. Pode parecer um pouco utópico, fantasioso ou adjetive da forma como quiser. Mas a parceria apresentada ontem à noite com a Universidade São Judas é daquele tipo de ação para mudar um time de patamar. Claro, hoje o time integra a Série A-3 estadual, faltando dois degraus para chegar à tão sonhada elite. Ao mesmo tempo, vem desempenhando grande campanha na Copa Paulista, a partir de uma bem-sucedida parceria com o Monte Azul – ao menos pensando em resultado imediato, sem projetar o futuro. Mas por aquilo que tanto agremiação quanto instituição de ensino propõem, o Cachorrão não vai demorar a latir ainda mais alto.

Em bate-papo com o executivo de marketing da Universidade São Judas, Geraldo Pedroso, deu para perceber o entusiasmo com o projeto, que tem alguns ingredientes ou bases em situações que funcionam em países como os Estados Unidos, por exemplo. E a intenção – que não envolve dinheiro, por aquilo que foi apresentado – é fazer do EC São Bernardo um “laboratório multidisciplinar”, utilizando as palavras do responsável por ser o elo entre as partes. Explico: a ideia é que em todos – ou na maioria – dos cursos que a instituição oferece tenha um pouco do Cachorrão. Que os alunos de direito, por exemplo, possam estudar os contratos dos jogadores; que os estudantes da área de saúde e da educação física possam desenvolver trabalhos com os atletas; entre outros.

“Enxergamos que este formato é muito mais valioso do que o dinheiro. O objetivo é ser primeiro time da América do Sul com parceria com universidade – geralmente é patrocínio –, podendo desenvolver métodos e processos para as duas partes. Todas as áreas são úteis em um clube de futebol. Queremos, a médio prazo, que seja alcançado o que se tem nos Estados Unidos no relacionamento entre universidades e times”, determina Geraldo Pedroso, que indicou que o curso de nutrição será o primeiro a desempenhar uma atividade frequente com os atletas a partir de 2020. “Teremos uma nutricionista full time com o time”, afirma. E vai além. “Durante a pré-temporada, todos os exames médicos e clínicos serão feitos pela universidade. O acompanhamento da fisioterapia, biomedicina, tudo”, complementa. “O objetivo da universidade é criar, armazenar e distribuir conhecimento. Fazer isso por meio do esporte fica muito legal. Tudo o que a gente desenvolver junto, vai ser incorporado nos cursos da faculdade.”

E toda a situação não se restringe ao time profissional. Pelo contrário. “É um projeto completo para que o Esporte Clube São Bernardo também se torne clube formador”, declara. “No geral, a intenção é fazer o plano do São Bernardo de chegar à elite do futebol não ser construído apenas com o que acontece em campo, mas no geral.” A princípio, o contrato entre as partes – que vem sendo costurado desde o início da temporada – é válido por três anos. Porém, se levado em consideração que o vínculo entre a São Judas e o time de vôlei são-bernardense é de dez anos, os torcedores alvinegros podem ficar ainda mais animados pela prorrogação deste promissor casamento.

E já não bastasse tudo isso, há ainda um plano bastante pertinente: matricular todos os atletas em cursos da universidade. “Tem muito jogador que encerra a carreira e não sabe o que fazer. Outra ideia, portanto, é ser o primeiro time do Brasil a colocar o elenco inteiro dentro da universidade. Nos próximos dez anos queremos todos os atletas fazendo curso superior. E vamos estimular àqueles que ainda não tiverem, que completem o ensino médio e depois cursem a faculdade”, determina. “Isso pode ser inclusive interessante para fechar contratos mais longos com os jogadores”, emenda.

Apesar de ter um recém-inaugurado campus em São Bernardo, a Universidade São Judas vai oferecer ao Cachorrão a estrutura do prédio da Mooca, onde conta com muito mais especialidades e que estarão à disposição do time alvinegro.

Mesmo com todas essas ofertas, Geraldo garante: não há intenção de realizar a menor interferência no dia a dia do EC São Bernardo no que diz respeito à direção, definição de time, contratações etc. “A gente não faz a gestão do time, não temos essa intenção, mas, sim, de suporte”, encerra.

NA EXPECTATIVA
Se para o Cachorrão se desenha uma oportunidade concreta, o Santo André ainda sonha com o que até outro dia nem parecia passar pela cabeça: um grande aporte financeiro. Nos bastidores, fala-se que em breve o conselho deliberativo ramalhino vá discutir e até mesmo votar a entrada do empresário Saul Klein como investidor do time já para a temporada 2020, na qual disputará a elite do Campeonato Paulista. É absolutamente impensável que tal intenção seja vetada pelos dirigentes andreenses, mas também neste meio do futebol não dá para duvidar de nada. Até porque, nas redes sociais, é possível ler comentários de torcedores que enxergam esta ação como uma venda do clube, ainda mais para figura tão identificada com o rival São Caetano.

Ao meu modo de ver, principalmente analisando os maus momentos – principalmente financeiros – pelos quais o Ramalhão passa nos últimos anos, ter Klein ao lado é fundamental para qualquer plano ambicioso. Ao mesmo tempo, o empresário vai querer participar do dia a dia e das decisões do clube. E isso será questão a ser tratada pelo novo presidente – afinal, o Santo André terá eleições no fim do ano. É esperar para ver. E para crer. 




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