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Após greve, comércio registra segundo melhor dia do ano

Por incerteza no abastecimento, moradores não viajam; público da Oliveira Lima cresce 20%

Por Yara Ferraz
Do Diário do Grande ABC
02/06/2018 | 07:19
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Celso Luiz/DGABC


A greve dos caminhoneiros não teve somente impacto na economia do Grande ABC. A paralisação da categoria, que registrou bloqueios nas estradas de todo o País ao longo dos últimos 11 dias, também alterou os planos dos moradores para o feriado prolongado e da agenda cultural da região (leia mais informações abaixo). A movimentação no comércio da Rua Coronel Oliveira Lima, na região central de Santo André, registrou alta de 20% ontem, comparado com um dia comum.

A estimativa da SOL (Sociedade Oliveira Lima) é a de que cerca de 60 mil pessoas passem pelo local diariamente. Ou seja, ontem este número chegou a aproximadamente 72 mil frequentadores. Os comerciantes comemoram, já que para muitos deles a data foi a segunda melhor do ano para vendas – só perdendo para a véspera do Dia das Mães.

Entre eles, está o pipoqueiro Audemil Picelli, 64 anos, que vende média de 40 pacotes de pipocas por dia e fatura cerca de R$ 200. “Hoje (ontem) acredito que vou fechar o dia vendendo 70 pacotes. Os últimos dias estavam tão parados que ninguém pensava que hoje (ontem) ia ter um movimento bom deste. Para mim, desde maio foi o melhor dia de vendas”, afirmou.

A gerente da loja Império das Essências, que comercializa perfumes e embalagens, Vanuza da Silva, 40, também comemorou. “Nosso movimento aumentou desde a manhã de hoje (ontem) e acredito que vendemos 30% a mais do que um dia comum.”

De fato, a movimentação chegou perto do esperado para datas comemorativas. Um exemplo é que para o Dia dos Namorados a expectativa é de que a movimentação no comércio cresça entre 15% e 25%, de acordo com o diretor do SOL Djalma Lima.

“Na última semana, por dois dias seguidos a gente nem abriu o caixa. Desde então, hoje foi o melhor dia. Alguns escritórios e comerciantes optaram por fechar na emenda do feriado, mas quem fez isso acabou se dando mal. Para muitos comerciantes, foi a segunda melhor data do ano, mesmo porque acredito que a maioria dos consumidores ficou com medo de viajar e voltou às compras”, destacou.

Foi o caso da costureira Maria Lisa Batista, 74. Ela viajaria para Minas Gerais para visitar o irmão, mas por conta da greve decidiu adiar os planos e se deslocou somente do Parque Erasmo Assunção, onde mora, para o Centro. “Aproveitei para comprar tecidos e adiantar algumas encomendas. A gente também aproveita e passeia um pouquinho.”

Moradora do Camilópolis, a dona de casa Marta Pazani, 67, tinha se programado para ir ao Litoral Sul, mas decidiu cancelar por conta do desabastecimento. “Até temos combustível, mas decidimos não arriscar, com medo de não ter como abastecer para a volta. A igreja do meu bairro também tinha programado excursão para Aparecida (Interior), que eu estava interessada em ir, mas cancelaram por conta da greve também. Então, eu vim passear com o meu neto porque adoro o Centro de Santo André”, relatou.

O próprio turismo da região também sentiu os reflexos da paralisação, com queda no número de frequentadores. Ontem, a Prainha do Riacho Grande, em São Bernardo, um dos destinos preferidos da população em feriados prolongados que acompanham o tempo ensolarado, estava vazia.


Agenda cultural da região tem cancelamentos

A greve dos caminhoneiros e a falta de combustível nos postos afetaram também a agenda cultural da região. A banda de reggae Maneva gravaria DVD acústico em São Bernardo hoje e amanhã, na Estância Alto da Serra. Não havia mais bilhetes para o primeiro show e, para o segundo, as entradas estavam quase esgotadas. Mas as apresentações foram remarcadas para o último fim de semana do mês. A mudança foi pensando no bem-estar do público, que talvez não tivesse como chegar ao local. “Talvez para os que compraram os ingressos as datas fossem ruins pela falta de combustível”, explicou Eleni Oliveira, assessora do espaço.

Amanhã aconteceria também a estreia da peça Que Tal Nós Dois?, estrelada por Carolina Ferraz e Otávio Martins. Mas, por conta da falta de combustível, foi adiada para o dia 17, no Municipal de Santo André. Em São Caetano, o evento está agendado para dia 24. “Essa greve teve influência pesada na questão cultural em razão do deslocamento. Não houve prejuízo, pois conseguimos remanejar a data em São Caetano e Santo André. A situação foi tão gritante que quase perdemos a praça de São Caetano, que são 1.120 lugares”, contou Gabriela Lourenço, diretora da produtora Gabana Produções Culturais, responsável pela realização do espetáculo na região. Segundo ela, se não tivessem conseguido outra data, a peça seria cancelada. “Seria um ônus muito grande.”

A última edição do projeto Terças Autorais, que existe há 11 anos e acontece semanalmente em Santo André, no Gambalaia Espaço de Artes e Convivência, teve de ser cancelada. “Como estava no começo da greve, não sabíamos como seria, então resolvemos cancelar”, explica Alex Alberto de Lima, proprietário do espaço. Com a decisão, ele não teve prejuízos com bilheteria, já que o evento é gratuito, mas deixou de ganhar com a venda de bebida e comida.

O universo da dança também sofreu alterações por conta da greve dos caminhoneiros. Tanto que a apresentação do espetáculo Cão Sem Plumas, que a companhia de dança Deborah Colker faria na terça-feira, em São Caetano, no Teatro Paulo Machado de Carvalho, foi cancelada. Nova data será agendada. Segundo a assessoria do grupo, quem optar por ter o dinheiro dos ingressos de volta deve procurar o local de venda dos bilhetes.
 




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