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Dib vai a Brasília cobrar verba do governo federal para Rodoanel-Sul
Regiane Soares
Rodrigo Cipriano
e Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
15/02/2005 | 13:53
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O prefeito de São Bernardo e presidente do Consórcio Intermunicipal do Grande ABC, William Dib (PSB), terá audiência na quarta-feira à tarde com o ministro dos Transportes, Alfredo Nascimento. Vai reivindicar que o governo Lula deposite R$ 1 sobre cada R$ 2 investidos pelo governo do Estado na construção do trecho Sul do Rodoanel Mário Covas. O secretário estadual dos Transportes, Dario Rais Lopes, que anunciou investimentos no Rodoanel para os sete prefeitos na segunda-feira pela manhã, afirma que pelo modelo de cooperação proposto, o governo estadual investiria R$ 300 milhões por ano e o governo federal, outros R$ 150 milhões. Nesses termos seria possível concluir o trecho Sul em menos de cinco anos.

Dib afirma entender as limitações financeiras e orçamentárias do governo federal, mas dará tom de cobrança ao encontro. "Vou dizer que o ministro tem compromisso com o desenvolvimento do país. E esse compromisso chama-se Rodoanel. E que ele, como ministro, tem de abraçar essa causa e viabilizar o que a classe política do Estado de São Paulo – 70 deputados e três senadores, de todos os partidos – pediu a ele."

Garantia – Os prefeitos do Grande ABC receberam do secretário Rais Lopes garantia de que o governo do Estado poderá investir R$ 750 milhões até 2006 no trecho Sul do Rodoanel. Está previsto no Plano Plurianual de Ações e foi reafirmado sexta-feira à noite pelo governador Geraldo Alckmin. Do total de verba disponível, R$ 90 milhões serão aplicados imediatamente para contratação de empresas que vão cuidar do planejamento e gerenciamento das obras em toda a extensão de 54 quilômetros do trecho Sul. A licitação para escolher as empreiteiras que vão construir efetivamente parte do trecho Sul deverá ser iniciada em junho próximo.

O governo de São Paulo também se compromete a construir com recursos próprios o trecho de 21 quilômetros de extensão entre a avenida Papa João XXIII, em Mauá, e a rodovia dos Imigrantes, em São Bernardo. O custo – R$ 820 milhões – é maior do que o dinheiro disponível, mas o secretário aposta que será possível reduzir o peso no processo de licitação pelo critério de preço. Se entrar na parceria, o governo federal pagaria pela construção de outros 33 quilômetros, entre a Imigrantes e a rodovia Régis Bittencourt (ponta do trecho Oeste do Rodoanel).

Comitiva – Dib vai a Brasília acompanhado pelo deputado estadual Orlando Morando (PL), pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Fernando Longo, e pelo deputado federal Edinho Montemor (PL). O encontro é parte da estratégia do presidente do Consórcio Intermunicipal, apoiado pela Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), para sensibilizar o governo federal a investir no Rodoanel e fazer cumprir acordo fechado em 1997, que determinava que a União custearia um terço de toda a obra.

Em 2003 e 2004, o governo Lula investiu apenas R$ 25 milhões no trecho Sul do Rodoanel, orçado em R$ 2,1 bilhões. O dinheiro transferido até agora para a Secretaria Estadual dos Transportes foi gasto para quitar desapropriações do Rodoanel Oeste – obra concluída em 2002 – deixadas pendentes pelo governo Fernando Henrique Cardoso.

O entusiasmo do governo Alckmin com o Rodoanel Mário Covas ganhou fôlego neste ano, coincidentemente agora que cinco dos sete prefeitos do Grande ABC são potenciais aliados políticos do governador. O tema dormiu na gaveta durante todo o exercício em que petistas ocupavam cinco das sete prefeituras. Dib assumiu a presidência do Consórcio empunhando o discurso de que não havia nada palpável com relação ao Rodoanel. Na segunda-feira, reconheceu o primeiro passo. "Acredito que a partir de hoje há clareza e compromisso: quanto, como e onde nós vamos fazer."

O presidente Lula, que em março de 2003 recebeu a pauta do Rodoanel como uma das oito prioridades dos prefeitos do Grande ABC, fez pouco de concreto para tirar o projeto da gaveta. Apesar do lobby liderado pelo governador paulista Geraldo Alckmin (PSDB) e pela então prefeita de São Paulo, Marta Suplicy (PT) – apoiados no peso político de 70 deputados federais e três senadores –, o governo federal aprovou R$ 17,5 milhões no Orçamento de 2004 em resposta a um pedido de R$ 100 milhões. Para este ano estão previstos R$ 35 milhões em resposta a um pedido de R$ 145 milhões formulado pelos mesmos agentes políticos.

William Dib despressuriza a cobrança: "Esse dinheiro não precisa vir amanhã. Temos 48 meses. Precisamos fazer um mecanismo. O governo estadual coloca R$ 90 milhões do bolso para o gerenciamento e o licenciamento, e vai pôr na rua até junho a obra entre Mauá e Imigrantes. Pode ainda pôr o trecho Imigrantes-Régis a partir do momento que o governo federal sinalizar favoravelmente. Não vamos exigir a liberação de R$ 3 bilhões já. Sabemos que existem dificuldades", explica.

Defesa – O prefeito de Diadema e ex-presidente do Consórcio Intermunicipal, José de Filippi Júnior (PT), defende o governo federal. Filippi acredita na possibilidade de que os recursos previstos pela União para o Rodoanel sejam de fato os R$ 145 milhões propostos pela bancada paulista. "Quem disse que não existe uma verba geral de infra-estrutura para o país? Vou começar a minha lição de casa por aí. Mas, independentemente disso, como prefeito da mesma legenda do presidente Lula, vou procurar os cinco deputados federais da região e pedir para que sejam os nossos interlocutores. Quem sabe na próxima reunião eles participem. Vamos ter de buscar alguém do governo federal que seja do primeiro escalão, porque o secretário (Dario) representa o primeiro escalão do governo estadual," destaca.

O prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PTB), gostou do anúncio feito pelo secretário estadual de Transportes. "(A liberação de R$ 90 milhões) Foi uma manifestação muito efetiva do governo do Estado do compromisso de executar a parte dele no trecho Sul do Rodoanel." Para Auricchio, "é preciso somar esforços para que o trecho Sul seja concretizado."




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