A força política do Grande ABC será fundamental na candidatura de Rodrigo Garcia ao governo do Estado, na eleição de outubro. A avaliação é do presidente estadual do PSDB, Marco Vinholi, que também é secretário estadual de Desenvolvimento Regional. O tucano elogiou o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando (PSDB), cotado para ser vice na chapa de Rodrigo, e disse que a definição sairá em uma conversa entre os dois. “Ele é preparado, mostrou resultado e é de time. Vai caber ao próprio Orlando e ao Rodrigo essa construção”, disse. Vinholi também falou da força política do prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), e da experiência do prefeito de São Caetano, José Auricchio Júnior (PSDB).

Recentemente o governo do Estado garantiu 30 leitos exclusivos para Covid-19, no Hospital Mário Covas. Há perspectivas de novos leitos?
Estamos em um momento que já há redução dos casos no estado de São Paulo e estamos observando a cada dia como se dá essa evolução. Nós não deixaremos faltar leitos no Grande ABC e em nenhum lugar do Estado. Esses 30 leitos foi o que nós nos comprometemos e se tiver necessidade de mais, isso não está descartado.

O Consórcio Intermunicipal do Grande ABC está perto de completar 32 anos, com alguns legados importantes para a região. O sr. acredita na força dos consórcios?
Acredito muito. A pandemia veio para provar a importância da ação conjunta. E o do Grande ABC é o mais sólido. Fizemos um programa importante de financiamento de consórcios no Estado. E, historicamente, a região está na frente desse processo e tem tido um papel articulador em São Paulo, de liderar ações na Região Metropolitana.

Em entrevista recente do vice-governador Rodrigo Garcia ao Diário, ele afirmou que as obras do BRT começam neste mês e por São Bernardo. Este cronograma está mantido?
Está mantido. Começa neste mês. Ainda não há data, mas a expectativa é de que ocorra nos próximos dias.

Há outras ações planejadas de sua pasta para a região nos próximos meses?
Tem sim. Temos feitos trabalho conjunto, atuando nas prioridades de cada município. Destaco convênio em São Bernardo para o viaduto estaiado Robert Kennedy, atuamos em parceria com Santo André na avenida dos Estados, em São Caetano vamos atuar nos muros de contenção, em Ribeirão Pires temos o repasse para o Hospital Santa Luzia. Em Mauá e Diadema, os investimentos se deram mais na área social. Hoje calculamos 55 convênios do governo do Estado no Grande ABC.

Já há prazo para retomada dos repasses para o custeio do Hospital Nardini, em Mauá?
Isso está sendo discutido com muita relevância. Vamos fazer os primeiros repasses até maio. Essa é a nossa perspectiva. Os números estão sendo definidos.

Falando sobre política, quem serão os nomes do Grande ABC que estarão na disputa para deputado estadual e federal?
Temos a forte liderança dos três prefeitos do PSDB na região (Paulo Serra, de Santo André; Orlando Morando, de São Bernardo, e José Auricchio Júnior, de São Caetano). Eles fazem história neste momento em termos de resultado de gestão. Em torno dos três giram candidaturas importantes, seja com a Carla Morando (PSDB), que vem fazendo um trabalho excepcional como deputada estadual, a expectativa pela candidatura a estadual da Ana Carolina Serra, que tem chance grande de ser eleita. Tem também o Thiago Auricchio (PL), faz um excelente trabalho na Assembleia e deve vir para uma reeleição de uma forma sólida. Também há o secretário-executivo de Habitação do Estado, Fernando Marangoni, que tem tido uma atuação importante. Cito também o deputado estadual Márcio da Farmácia (Podemos), de Diadema, e o deputado federal Alex Manente (Cidadania), de São Bernardo. Esse seria um cenário de candidaturas do nosso campo político, não necessariamente só no PSDB.

Para federal, o PSDB terá candidatura na região?
Vamos discutir junto com nossos aliados. Estamos trabalhando em conjunto para potencializar essas eleições. A expectativa é boa. O PSDB deve eleger nesta eleição pelo menos 12 deputados federais e 20 estaduais. Temos uma chapa forte, assim como nossos aliados.

A Ana Carolina será candidata a estadual pelo PSDB?
Não sei. Isso vai ser uma decisão dela e do prefeito Paulo Serra. O que posso dizer é que ela é um grande quadro político, com chances enormes de ser eleita e fazer um bom mandato. Valorizo o quadro político, mas a decisão será deles.

Temos visto discussões em torno de alianças da chamada terceira via. Nesse cenário, há alguma chance de João Doria não ser candidato a presidente?
A gente passou por um histórico processo de prévias e os tucanos escolheram seu candidato. João Doria é o escolhido. É claro que quando se constrói um campo político com aliados, é necessário estar disposto a dialogar dentro do crivo deles. Nesse sentido, a federação com Cidadania e as conversas com MDB e União Brasil caminham nesse conceito. Dentro do PSDB, essa questão de candidatura está resolvida.

Por que, na sua avaliação, o nome de João Doria ainda não cresceu nas pesquisas?
A população ainda não parou para definir seu voto. As pessoas hoje estão preocupadas com a inflação, com o dia a dia, as dificuldades no enfrentamento da Covid. Estamos nesse ambiente. A população vai olhar para a frente e definir sua opção mais perto das eleições, como sempre ocorreu. E confiamos muito no que fizemos. Governador Doria fez aquilo que era coerente, que era certo, em relação ao combate da Covid, e foi fundamental para a chegada da vacina. E, dentro desses nomes que estão postos, Doria é o mais competente. Enquanto o Brasil caía, São Paulo crescia. Tudo isso vai ser apresentado ao eleitor. A gente observa que metade da população não quer nem Lula nem Bolsonaro.

Com essa análise, quem João Doria enfrentaria no segundo turno?
Temos um cenário em que essa polarização hoje está posta entre Bolsonaro e Lula, em uma dinâmica de início de eleição. Quem tem condições de derrotar esse projeto de retorno do Lula é o Doria. Bolsonaro tem tido queda tremenda e tem mostrado má gestão. Na minha avaliação, ele não deve ter competitividade. Entendemos que Doria pode vencer Lula no segundo turno.

Politicamente, é mais importante que as campanhas de João Doria e Rodrigo Garcia sejam casadas ou independentes? Qual será a concepção?
Temos uma visão de que a eleição de Doria e Rodrigo se complementam de uma forma muito intensa. Elas têm em comum a apresentação do resultado desse governo para a população. Essa é sinergia desse processo. O resultado foi alcançado pelos dois. Temos em São Paulo o desafio de continuar com o legado construído de várias conquistas, como, no caso do Grande ABC, a questão da Linha 20-Rosa do Metrô, de fazer o BRT se tornar realidade, de avançar com as obras do Piscinão Jaboticabal. Rodrigo conhece o Estado e o Grande ABC na palma da mão. Já no governo federal, é outro cenário. Estamos vendo o desastre desse governo. São desafios distintos, mas eles farão as campanhas com muita sinergia.

A campanha do Rodrigo, então, será de defesa do legado da gestão João Doria?
Defender o legado do governo de São Paulo neste período e de apresentar soluções e apostas para o futuro.

Tem crescido a avaliação de que o prefeito de São Bernardo, Orlando Morando, poderá ser candidato a vice-prefeito na chapa de Rodrigo Garcia. Como está essa discussão?
O Orlando é um quadro importantíssimo dentro da política do estado de São Paulo. Ele tem, ao longo de seu mandato como prefeito, se consolidado como uma liderança estadual e nacional. A importância dele é enorme e está dentro do cenário. Orlando pode ser tudo dentro da política. Vai caber ao próprio Orlando e ao Rodrigo essa construção. Ele é preparado, mostrou resultado e é de time. É um grande nome e esse debate será feito no momento certo. Rodrigo e Orlando irão conversar sobre isso.

Eles vão ter uma conversa para tratar do assunto?
Isso. É um assunto deles. Orlando pode ser tudo no partido. Mas a definição também passa pelos partidos aliados. Orlando tem uma proximidade muito grande com o Rodrigo e eles vão dialogar e chegar a essa resolução em conjunto. Temos de fazer aquilo que for melhor para ajudar o Rodrigo a ser eleito governador.

O Grande ABC tem força para indicar um candidato a vice-governador?
Sim, o Grande ABC tem tamanho para isso. Tem força política e não tenho dúvida que as lideranças da região serão fundamentais para construir a candidatura de Rodrigo Garcia a governador.

Qual será a participação do prefeito de Santo André, Paulo Serra, na eleição?
É uma liderança muito consolidada, com serviços prestados reconhecidos. O partido ressalta a importância dele, independentemente da posição que ele tomou nas prévias (apoiou Eduardo Leite). Passada a eleição interna, de pronto ele dialogou com Rodrigo e com todos nós, de maneira muito integradora. Vai ser alguém fundamental na construção das candidaturas e representa muito para a gente.

Prefeito José Auricchio Júnior também é um nome importante nesse processo?
Outra liderança importante e recentemente estive com ele falando sobre as questões de São Caetano. Auricchio tem tido um papel importante na construção dessa integração das lideranças do Grande ABC e também vai ser um quadro fundamental na campanha. Sua experiência conta muito.

O sr. deixa a secretaria em abril? E será candidato?
Eu não serei candidato. Deixo o cargo de secretário de Desenvolvimento Regional no fim do prazo legal, junto com o governador João Doria, e vou atuar ajudando na campanha de Doria e Rodrigo no estado de São Paulo, como presidente estadual do partido. Vou ajudar nessa organização e na construção das chapas.

RAIO X

Nome: Marco Antonio Scarasati Vinholi
Local de nascimento: São Paulo-SP (morou em Santo André quando tinha 4 anos)
Formação: Administração de Empresas
Hobby: andar a cavalo
Local predileto: minha casa
Livro que recomenda: Admirável Mundo Novo, de Aldous Huxley
Onde trabalha: Palácio dos Bandeirantes