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'Siglas devem se unir para acabar com polarização', diz José Serra
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18/02/2022 | 08:03
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O senador paulista José Serra (PSDB), que pediu licença médica de quatro meses no ano passado para tratar da doença de Parkinson, ficou oficialmente afastado da política, mas não se desligou. Diz ter acompanhado as prévias tucanas, a tentativa de aproximação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com quadros históricos de seu partido - considerada "natural" por ele -, e a novidade das federações.

Aos 79 anos, Serra afirma não ter se decidido se vai tentar renovar o mandato, que se encerra em dezembro. Em entrevista ao Estadão por e-mail, o senador disse que o PSDB deve respeitar o resultado das prévias que escolheram o governador João Doria como pré-candidato à Presidência, mas acha que os partidos precisam se unir em torno de um nome com chances de romper com o que classificou como "polarização entre extremos".

Como o sr. avalia o processo de prévias tucanas e a vitória de Doria?

Como democratas, optamos por um processo de votação interna com candidatos qualificados. Agora, há que se respeitar o resultado das nossas urnas. O foco principal do partido deve ser a busca por projetos e planos de governo estruturantes para o País.

Acredita que a terceira via possa se unir em torno de uma candidatura única?

É fundamental que os partidos se unam em torno de um nome com chances de acabar com essa polarização entre extremos, cada vez mais acentuada.

Como vê esse movimento do ex-presidente Lula de buscar diálogo com tucanos? Ele procurou o sr.?

Acho natural e importante o diálogo político. É da democracia, inclusive entre atores que não compartilham suas bandeiras e ideologia. Não fui procurado por ele.

Como avalia uma eventual chapa Lula-Alckmin?

O Geraldo é mais indicado para responder.

O PSDB deve optar por formar uma federação?

Por conta de todas as exigências e peculiaridades locais de partidos orgânicos, acho mais provável, neste primeiro momento, que as federações não ocorram entre siglas médias ou grandes, mas entre as siglas menores.

Vai tentar a reeleição?

No momento adequado, decidirei com o meu partido.

Quais são suas prioridades neste final do mandato?

Vou priorizar três áreas: social, meio ambiente e fiscal. Vou focar nessas questões, com novas proposições, mas sem deixar de atuar em projetos que preveem, por exemplo, o voto distrital, o parlamentarismo e novo marco regulatório do pré-sal.

Em 2015, quando o sr. foi para o Senado, a presidente era Dilma Rousseff. Depois, Michel Temer e Jair Bolsonaro. Como avalia as mudanças do período?

Tem sido turbulento. Mas seria muito leviano afirmar que nada foi feito. À parte opiniões técnicas sobre elas, houve reformas macro relevantes, como o teto de gastos e a reforma da Previdência. No campo fiscal, acho que o período demonstrou a necessidade de compromissos políticos, sobretudo por parte do Executivo, para que o equilíbrio fiscal seja preservado. Nas demais áreas, os últimos anos acenderam alertas. Durante um bom tempo, muito se falou sobre o amadurecimento institucional do País. Parece que nem tanto: certas áreas de políticas têm sido objeto de desmonte; outras estagnaram-se. Nosso sistema de Justiça tem-se mostrado poroso a injunções políticas de ocasião.

Como ex-chanceler, como avalia a viagem de Bolsonaro à Rússia?

Considero completamente inoportuna. Em termos de política externa, o presidente Bolsonaro está constantemente dando sinais trocados. A Rússia é um importante parceiro comercial do Brasil, mas este não é o melhor momento para qualquer gesto que signifique complicar as relações do Brasil com outros parceiros igualmente importantes, como Estados Unidos e União Europeia, por exemplo. Parece querer mostrar que o Brasil está na contramão do mundo.

As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.




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