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Os segredos do sucesso do Tigre
Dérek Bittencourt
15/02/2022 | 00:01
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Há três anos, o São Bernardo FC passava por grave problema financeiro, vivia em clima ruim com o poder público e terminou o Campeonato Paulista da Série A-2 de 2019 na antepenúltima colocação. Só se salvou do rebaixamento para a A-3 em razão de um gol ‘chorado’ e um tanto quanto polêmico marcado na derrota por 2 a 1 para o Penapolense (o placar de 2 a 0 favorável ao time de Penápolis, então gerido por empresários em comum com o Tigre, decretaria o descenso aurinegro; no saldo de gols, quem caiu foi o Nacional). No fim daquela temporada, porém, ocorreu um fato que mudou o destino do time. A Magnum, grupo do ramo de relógios, comprou o clube. Com o expertise adquirido na parceria com o Guarani e bastante dinheiro para investir, passou a pensar em profissionais que pudessem fazer o time crescer e, consequentemente, ganhar destaque. E uma das peças-chave dessa reconstrução era o técnico Marcelo Veiga. Foi ele o responsável pela indicação dos jogadores para a temporada 2020, na qual formou um elenco poderoso, com diversos atletas de sua confiança, como, por exemplo, o lateral-esquerdo Pará e o volante Rodrigo Souza. Dizem que foi o treinador, morador de Bragança Paulista, que indicou ao clube o CT de Marcelinho Carioca, em Atibaia (região bragantina), que passou a ser a casa do São Bernardo FC. Afinal, é lá onde a delegação reside e treina. Outro nome fundamental foi o do gerente de futebol Daniel Flumignan, ex-goleiro do time e muito identificado tanto com a torcida quanto com o clube.

A pandemia, no entanto, atrapalhou os planos do Tigre no primeiro ano da gestão Magnum. Aliás, mais do que isso. Depois de incidir no desempenho do time na A-2, competição na qual o time caiu na semifinal, para o São Bento, o novo coronavírus ainda levou Marcelo Veiga em dezembro de 2020, quando a equipe estava em meio à disputa das semifinais da Copa Paulista – acabou eliminado pela Portuguesa dois dias após a morte do treinador. Assim, aquela foi uma temporada de aprendizados, bem como da criação de uma grande ferida. Ao mesmo tempo, foi criada também uma casca e é com ela que o São Bernardo FC se fortaleceu e cresceu. Tanto que 2021 foi o ano perfeito. O Aurinegro conquistou o acesso de volta à elite estadual e o bicampeonato da Série A-2. No segundo semestre, alcançou uma vaga na Série D do Brasileiro e fechou com o título da Copa Paulista. De quebra, ainda conseguiu montar uma espinha dorsal para 2022, com nomes como Júnior Oliveira, Vitinho e o remanescente Rodrigo Souza. Não é mera coincidência este trio estar atualmente fazendo a diferença para o Tigre, que, após seis rodadas do Paulistão, é líder geral do torneio, batendo de frente contra os endinheirados Palmeiras, Santos e Red Bull Bragantino (empatou com os dois primeiros e venceu o terceiro). E, de quebra, no fim da semana passada ainda obteve novamente a concessão do Estádio 1º de Maio, para o qual tem planos ambiciosos.

Ou seja, o sucesso do São Bernardo FC não é por acaso. Na vizinhança, há ainda quem questione ou duvide das capacidades de algumas pessoas que participam do dia a dia do Tigre. Porém, na prática o que se vê é a equipe aurinegra à frente dos rivais – mesmo que o único revés no Campeonato Paulista até aqui tenha sido justamente no clássico contra o Santo André. Não posso cravar que o Aurinegro será campeão estadual. Afinal, quando o torneio passar a ser eliminatório, com os quatro grandes e o Red Bull Bragantino mais encorpados e engajados, começam os verdadeiros testes de fogo. Capacidade para chegar lá o Tigre tem, com um elenco que parece estar fechado com o técnico Márcio Zanardi, este que também vem calando os críticos ao mostrar muita capacidade, coerência e pulso firme no comando do time. E acredito que, em uma projeção bastante ambiciosa, possa ser a pessoa certa a levar o time ao acesso na Série D do Brasileiro – a tabela, inclusive, deverá sair até quinta-feira; a competição também terá o Santo André.

Claro que nem tudo são flores e ainda faltam alguns pontos a serem melhor trabalhados, como o relacionamento com a torcida. Afinal, o São Bernardo FC ainda não tem uma loja oficial ou sequer algum local que venda as camisas do time. Até a semana passada, aliás, a diretoria vinha sendo pressionada por manter os torcedores restritos ao setor de arquibancada atrás dos bancos de reservas, deixando o tradicional setor ocupado pelos aurinegros para os adversários (foi assim contra Palmeiras e Ponte Preta). Diante do Red Bull Bragantino, os fãs do Tigre reassumiram seu local de origem e puderam comemorar muito o triunfo por 1 a 0 sobre time que figura na Série A do Brasileiro. Amanhã, inclusive, o time desafiará outro gigante, caso do Corinthians, em Itaquera, com totais condições de sair de campo com os três pontos. Adiante, Tigre!

ACORDA, RAMALHÃO!
Os resultados da sexta rodada do Campeonato Paulista colocaram o Santo André na zona de rebaixamento da competição. São cinco pontos acima do lanterna, Novorizontino, justamente o adversário de hoje, no Bruno Daniel, em confronto no qual a vitória é obrigatória para os dois lados, sobretudo para o Ramalhão, que nas últimas três rodadas não conseguiu manter o nível de concentração elevado até o apito final. Tanto que deixou escapar cinco preciosos pontos, ao levar os empates de Mirassol e Ferroviária, e perder para o São Paulo. Restando seis jogos, a hora de acordar é agora, Santo André. Depois, pode ser tarde. 




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