Política Titulo O Grande ABC quer Metrô
Doria esquece região em lista de obras retomadas

Governador celebra resgate de intervenções em mobilidade em SP, mas ignora projetos do Grande ABC

Por Raphael Rocha
Do Diário do Grande ABC
16/02/2021 | 04:28
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O governador João Doria (PSDB) voltou a alijar publicamente o Grande ABC do planejamento de obras de mobilidade urbana em sua gestão. No fim de semana, pelas redes sociais, o tucano publicou lista de obras da área que foram retomadas em sua gestão e nem sequer citou as intervenções para a região, como o BRT (sigla em inglês para ônibus de alta velocidade) e a Linha 20-Rosa, que ligaria Santo André ao bairro da Lapa, Zona Oeste da Capital.

Ao lado do secretário paulista de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, e de um operário, Doria aparece na publicação dizendo que seu governo “retomou 100% das obras de mobilidade urbana que estavam paralisadas no Estado”. Na postagem, elencou a Linha 2-Verde do Metrô, a Linha 15-Prata (via monotrilho), a Linha 6-Laranja do Metrô, a Linha 17-Ouro (monotrilho), a expansão da Linha 9-Esmeralda (da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e o segundo trecho do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da Baixada Santista.

“Mais uma promessa de campanha cumprida. Retomamos todas as obras paradas do Metrô e CPTM em São Paulo. Respeito ao dinheiro público e mais qualidade de vida para a população”, emendou o tucano.

Ele, entretanto, não falou sobre o futuro das obras de mobilidade urbana que interessam o Grande ABC. Depois de na campanha eleitoral de 2018 assegurar que iria tirar do papel o projeto de monotrilho do Grande ABC, Doria enterrou a proposta sob alegação de alto custo e, em vez da Linha 18-Bronze, cujo contrato estava assinado desde 2014, anunciou que iria construir um BRT. Porém, nem mesmo o sistema de ônibus saiu do discurso.

Em 2019, quando enterrou a Linha 18-Bronze por monotrilho – argumentando que teria de gastar R$ 6 bilhões, dinheiro que o Estado não dispunha –, Doria prometeu um pacote de intervenções que contemplariam as cidades. No rol, o BRT (no mesmo traçado da Linha 18, saindo do Centro de São Bernardo, passando por Santo André e São Caetano, desembocando na Estação Tamanduateí, da Linha 2-Verde, com investimento de R$ 680 milhões); modernização da Linha 10-Turquesa da CPTM; retomada da Estação Pirelli, também da CPTM, em Santo André; e o resgate dos estudos da Linha 20-Rosa, do Metrô.

Naquele mesmo ano, Baldy garantiu, durante agenda no Consórcio Intermunicipal, começar as obras de construção do BRT no primeiro semestre de 2020 – o edital seria publicado até o fim de 2019. Nenhum dos prazos externados foi cumprido. Em julho do ano passado, Baldy refez a promessa e projetou dar início às intervenções no começo de 2021. Entretanto, já é possível assegurar que será mais uma data não cumprida, uma vez que licitação para o traçado nem sequer foi publicada oficialmente.

A mais recente movimentação burocrática envolvendo o BRT aconteceu no fim do ano passado, quando o conselho gestor de PPPs (Parcerias Público-Privadas) do Estado aprovou proposta que envolve estender o contrato que a Metra possui para operar o Corredor ABD (de trólebus) em troca da construção do modal de ônibus e da transferência de gestão da Área 5 da EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano), linhas de ônibus intermunicipais que atendem à região – atualmente funciona em acordo a título precário e coleciona fracassos em licitação.

O governo paulista não respondeu aos questionamentos do Diário sobre prazos para as obras de mobilidade urbana do Grande ABC. 




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