Governador celebra resgate de intervenções em mobilidade em SP, mas ignora projetos do Grande ABC
O governador João Doria (PSDB) voltou a alijar publicamente o Grande ABC do planejamento de obras de mobilidade urbana em sua gestão. No fim de semana, pelas redes sociais, o tucano publicou lista de obras da área que foram retomadas em sua gestão e nem sequer citou as intervenções para a região, como o BRT (sigla em inglês para ônibus de alta velocidade) e a Linha 20-Rosa, que ligaria Santo André ao bairro da Lapa, Zona Oeste da Capital.
Ao lado do secretário paulista de Transportes Metropolitanos, Alexandre Baldy, e de um operário, Doria aparece na publicação dizendo que seu governo “retomou 100% das obras de mobilidade urbana que estavam paralisadas no Estado”. Na postagem, elencou a Linha 2-Verde do Metrô, a Linha 15-Prata (via monotrilho), a Linha 6-Laranja do Metrô, a Linha 17-Ouro (monotrilho), a expansão da Linha 9-Esmeralda (da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos) e o segundo trecho do VLT (Veículo Leve sobre Trilhos) da Baixada Santista.
“Mais uma promessa de campanha cumprida. Retomamos todas as obras paradas do Metrô e CPTM em São Paulo. Respeito ao dinheiro público e mais qualidade de vida para a população”, emendou o tucano.
Ele, entretanto, não falou sobre o futuro das obras de mobilidade urbana que interessam o Grande ABC. Depois de na campanha eleitoral de 2018 assegurar que iria tirar do papel o projeto de monotrilho do Grande ABC, Doria enterrou a proposta sob alegação de alto custo e, em vez da Linha 18-Bronze, cujo contrato estava assinado desde 2014, anunciou que iria construir um BRT. Porém, nem mesmo o sistema de ônibus saiu do discurso.
Em 2019, quando enterrou a Linha 18-Bronze por monotrilho – argumentando que teria de gastar R$ 6 bilhões, dinheiro que o Estado não dispunha –, Doria prometeu um pacote de intervenções que contemplariam as cidades. No rol, o BRT (no mesmo traçado da Linha 18, saindo do Centro de São Bernardo, passando por Santo André e São Caetano, desembocando na Estação Tamanduateí, da Linha 2-Verde, com investimento de R$ 680 milhões); modernização da Linha 10-Turquesa da CPTM; retomada da Estação Pirelli, também da CPTM, em Santo André; e o resgate dos estudos da Linha 20-Rosa, do Metrô.
Naquele mesmo ano, Baldy garantiu, durante agenda no Consórcio Intermunicipal, começar as obras de construção do BRT no primeiro semestre de 2020 – o edital seria publicado até o fim de 2019. Nenhum dos prazos externados foi cumprido. Em julho do ano passado, Baldy refez a promessa e projetou dar início às intervenções no começo de 2021. Entretanto, já é possível assegurar que será mais uma data não cumprida, uma vez que licitação para o traçado nem sequer foi publicada oficialmente.
A mais recente movimentação burocrática envolvendo o BRT aconteceu no fim do ano passado, quando o conselho gestor de PPPs (Parcerias Público-Privadas) do Estado aprovou proposta que envolve estender o contrato que a Metra possui para operar o Corredor ABD (de trólebus) em troca da construção do modal de ônibus e da transferência de gestão da Área 5 da EMTU (Empresa Metropolitana de Transporte Urbano), linhas de ônibus intermunicipais que atendem à região – atualmente funciona em acordo a título precário e coleciona fracassos em licitação.
O governo paulista não respondeu aos questionamentos do Diário sobre prazos para as obras de mobilidade urbana do Grande ABC.
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