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Fora do Mais Médicos, UBSs de Rio Grande estão desfalcadas

Cidade não foi contemplada em edital para reposição de profissionais cubanos que deixaram o País

Por Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
29/11/2018 | 07:00
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Creative Commons/EBC


Metade das UBSs (Unidades Básicas de Saúde) de Rio Grande da Serra não tem médicos, após a saída de seis profissionais cubanos que integravam o Programa Mais Médicos. A cidade já chegou a contar com 11 profissionais por meio da ação federal, no entanto, apenas um integra a rede atualmente. A situação é agravada pela falta de prazo para receber novos profissionais, uma vez que o Ministério da Saúde não disponibilizou vagas para o município no edital de reposição publicado na semana passada.

Das oito unidades de Saúde de Rio Grande, quatro estão desfalcadas: Vila Lopes, Parque América, Vila Niwa e Vila São João. Apenas os postos Santa Tereza, Vila Conde, Sítio Maria Joana e Centro dispõem de profissionais. O município tem seis médicos que atuam na atenção básica.

O problema é reflexo do descredenciamento das equipes Programa Saúde da Família da cidade – dez, no total – em 2017, quando o contrato que a Prefeitura de Rio Grande da Serra mantia com organização social para atuação dos agentes comunitários de Saúde venceu e não foi renovado.

Enquanto isso, a população de Rio Grande sofre com a falta de profissionais. Cadastrada na UBS Parque América, a doméstica Maria Inez Zacarias, 55 anos, aprovava o trabalho da médica cubana que atuava no equipamento. “Sinto muito ela ter saído. Nenhum médico brasileiro havia me atendido e à minha família com tanta dedicação antes”, afirmou. Maria Inez declarou, ainda, que antes da chegada da profissional eram frequentes as trocas de médicos na UBS. “Ficava um mês com um, dois meses com outro. Ela chegou, se fixou, não deveria ter ido embora”, concluiu.

A operadora de telemarketing Paola Saraiva, 22, é usuária da UBS Santa Tereza, que ainda conta com profissionais da rede (fora do Programa Mais Médicos), mas também avalia que a população será muito prejudicada até que novos médicos cheguem à cidade. “É uma situação horrível. A gente precisa muito. A cidade já é esquecida, agora vai piorar.”

Para a conselheira de Saúde da cidade, a assistente social Neusa de Jesus, 48, a situação é caótica. “Não existem possibilidades de contratação no momento”, declarou.

EXPLICAÇÕES
Segundo a secretária adjunta de Saúde, Raquel dos Santos Costa, a cidade estava aguardando publicação de portaria do Ministério da Saúde credenciando as equipes de Saúde da Família (que contam com médico, enfermeiro, auxiliar de enfermagem e agentes de Saúde), quando os profissionais cubanos deixaram os cargos. “Tudo o que competia à administração já tinha sido feito. Toda a documentação enviada, aguardávamos apenas a publicação, que não tinha ocorrido ainda por conta do período eleitoral”, justificou.

Desde então, a administração realizou seleção de 28 agentes que atuavam com os seis cubanos e os dois brasileiros que compunham o Mais Médicos. “A saída súbita dos médicos pegou todo mundo de surpresa”, lamentou Raquel. A expectativa é a de que até o próximo edital (programado para 5 de dezembro), a portaria seja publicada com o credenciamento das equipes e as vagas para o município constem da seleção.

A secretária explicou que as unidades realizam acolhimento da demanda espontânea, classificação de risco e agendamento de consulta de enfermagem. “Os casos que necessitam atendimento médico estão sendo realizados pelos profissionais da rede nas UBSs onde atuam”, completou.

O prefeito Gabriel Maranhão (sem partido), destacou que “não serão medidos esforços” para que a cidade seja contemplada com os profissionais.

Municípios repõem 19 vagas de cubanos


Conforme balanço das prefeituras, todos os 77 postos de trabalho abertos na região pelo Ministério da Saúde para reposição dos profissionais cubanos já foram preenchidos. Destes, 19 selecionados já se apresentaram e estão aptos a iniciar o atendimento à população.

Os profissionais, que serão distribuídos entre cinco das sete cidades – as exceções são São Caetano e Rio Grande da Serra –, têm até o dia 14 de dezembro para se apresentarem aos municípios, munidos das devidas documentações exigidas no edital.

REGISTRO
O Cremesp (Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo) confirmou ontem o aumento da procura por registro profissional após a abertura do edital para contratação para o Mais Médicos. Entre 22 e 27 de novembro, 893 recém-formados procuraram o órgão para a emissão do registro do CRM (Conselho Regional de Medicina).

Diante da demanda, o Cremesp montou força-tarefa para priorizar o registro de médicos recém-formados. O atendimento prioritário do Cremesp funciona na sede do órgão, em São Paulo, e nas 26 delegacias regionais.

As inscrições no programa do governo federal vão até o dia 7 por meio da internet. Até segunda-feira, o Ministério da Saúde havia registrado o preenchimento de 97,2% das vagas ofertadas no novo edital do Mais Médicos. Ainda segundo Pasta, a apresentação dos médicos deve ser feita até 14 de dezembro. Podem participar da seleção profissionais formados no Brasil ou com diploma estrangeiro revalidado. da Redação (com Agências) 




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