Os 620 trabalhadores da Shellmar, indústria de embalagens flexíveis de São Bernardo, receberam nesta sexta-feira os salários de dezembro, como parte do acordo fechado entre a empresa e o Sindicato dos Gráficos, que representa a categoria. A data-limite para o pagamento, no entanto, era o último dia 2, quando a indústria voltou à atividade depois de 14 dias de paralisação. A Shellmar teve o fornecimento de energia elétrica cortado por falta de pagamento e vive problemas societários desde o ano passado.

O pagamento dos salários de janeiro ainda não foi feito completamente – apenas o adiantamento de 40%. A expectativa do Sindicato dos Gráficos é que a situação se normalize até o início de março, quando devem ser pagos os salários de janeiro e fevereiro. Os proprietários da empresa, Cícero Aparecido Costa e Celso Alves, não se manifestarão oficialmente sobre o assunto.

"Esperamos que esses salários sejam pagos até o início de março. A situação ficou um pouco mais tranqüila, porque a empresa já voltou às suas atividades e deve normalizar sua produção, de 25 toneladas por semana, a partir do dia 16", afirma Isaías Karrara, presidente do sindicato.

A Shellmar só retornou à atividade depois do acordo fechado com a participação do Ministério Público do Trabalho, no último dia 26, que previa o pagamento de salários atrasados à medida que a empresa retomasse sua produção. A média salarial dos funcionários da indústria é de R$ 2,5 mil.

"Os trabalhadores ainda não estão numa situação normal de trabalho, mas hoje estamos melhor do que antes, quando não tínhamos perspectivas de retornar à atividade", afirma Karrara.

A crise na Shellmar começou, segundo o sindicato dos trabalhadores, em 2004 devido às disputas societárias. Desde o final do ano passado, o sindicato vem promovendo reuniões com a direção da empresa para manter seu funcionamento. Karrara afirma que, com a reativação da empresa, alguns postos de trabalho podem ser cortados, especialmente na área administrativa.