Economia Titulo Lançado neste mês
Empresa da região faz parte de satélite lançado neste mês

Omnisys forneceu subsistemas para transmissão
das imagens captadas do solo e coleta dos dados

Por Leone Farias
Do Diário do Grande ABC
29/12/2014 | 07:16
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Orlando Filho/DGABC


Fabricante de radares, a Omnisys, sediada em São Bernardo, teve importante participação no projeto do satélite do programa espacial CBERS 4, fruto de cooperação entre o Brasil e a China e que foi lançado da base de Taiyuan, no país oriental, no início de dezembro.

Cinco subsistemas que equiparam o CBERS (em inglês, Satélite de Recursos Terrestres China-Brasil) 4 foram fornecidos pela empresa brasileira e, destes, dois foram 100% desenvolvidos, fabricados e qualificados pela equipe local de engenheiros da companhia são-bernardense. Os contratos para esse fornecimento foram de R$ 52 milhões.

O equipamento espacial, após entrar em órbita, vai agora captar e transmitir imagens terrestres, que permitirão estudo sobre o solo, tipo de vegetação e desmatamento, por exemplo. Ao passar sobre o Brasil vai coletar dados, enviados de milhares de pequenas plataformas meteorológicas dispostas ao longo do território brasileiro. Os subsistemas que fazem essas tarefas, vitais para que a operação do projeto tenha sucesso, foram de responsabilidade da Omnisys.

Para o desenvolvimento do projeto, a empresa da região investiu R$ 2,5 milhões em infraestrutura em sua sede. Foram construídos uma sala limpa classe 100 mil (livre de contaminação por poeiras e partículas em suspensão no ar), uma câmara climática e um shaker (espaço para ensaios de vibração e choque).

O fundador e presidente da Omnisys, Luiz Henriques, cita que o CBERS é um programa que foi assinado entre Brasil e China faz tempo, em 1988, para o desenvolvimento de satélites desse tipo. Já foram colocados em órbita três deles, o de número 1 (em 1999), 2 (em 2003) e 2B (2007) – eles têm vida útil curta, duram só 36 meses no espaço e, por isso, já estão desativados. No fim de 2013, o lançamento do de número 3 falhou e, por isso, o 4 foi antecipado. Inicialmente só iria entrar em operação no fim de 2015. Nestes dois últimos, a participação da indústria brasileira foi de 50% e, os outros 50%, ficaram a cargo dos chineses.

DESAFIOS - Entre os desafios para a participação no programa, Henriques conta que um deles foi a dificuldade de encontrar mão de obra qualificada. Ele cita que a equipe da Omnisys é experiente, mas foi necessário buscar mais profissionais com know-how nessa área. O projeto envolveu 50 pessoas da companhia, que hoje conta com 220 funcionários, ao todo.

Outra questão que foi um problema foi o fato de a China sofrer restrições do governo norte-americano com relação à compra de componentes eletrônicos. Por isso, a empresa brasileira teve de pesquisar opções no mercado internacional que não fossem alvo dessas limitações impostas pelos Estados Unidos.

Por fim, relata o executivo, houve ainda o trabalho de qualificar os fornecedores para o atendimento a exigências dos requisitos espaciais, que têm de passar por testes rigorosos, já que não há como fazer a manutenção desses itens quando estão em operação. Apenas 10% dos fornecedores da companhia para esse programa são do Grande ABC, informou a companhia, sem detalhar a quantidade de empresas.

Companhia vai equipar o Amazônia 1

Os investimentos em novas instalações da Omnisys também servem para outros projetos em que a empresa é fornecedora ou tem pretensões de participar. Entre os que a companhia já toma parte está a PMM (Plataforma Multimissão), programa 100% brasileiro cujo primeiro satélite, chamado Amazônia 1, tem lançamento previsto para fim de 2016. A participação nesse programa tem contrato estimado em R$ 30 milhões.

Também se destina à captação de imagens, para avaliar desmatamento e outras análises da superfícies. Rodrigo Modugno, um dos gerentes do projeto CBERS, explica que este terá campo mais amplo e taxa de revisita maior, ou seja, passará mais vezes no mesmo lugar. “Enquanto o CBERS atende necessidades do Brasil e da China, o Amazônia é puramente brasileiro”, diz o gerente comercial Leandro Cordeiro.

A empresa também vai utilizar parte de suas instalações para testar o radar autodiretor do primeiro míssil antinavio, que será fornecido à Marinha Brasileira e também para programas futuros brasileiros na área espacial, acrescenta o executivo. É válido lembrar que o grupo francês Thales, dono da Omnisys, venceu recentemente licitação, por meio de sua divisão Thales Alenia Space, para fornecer o SGDC (Satélite Geoestacionário de Defesa e Comunicações Estratégicas) – que atenderá à comunicação das Forças Armadas –, conforme contrato firmado com a Visiona (joint-venture entre a Embraer e a Telebrás).

De acordo com Cordeiro, há vários outros projetos de satélites espaciais que a companhia ainda tem a expectativa de participar, entre eles uma parceria entre Brasil e Argentina chamada Sabia-mar (Satélite Argentino-Brasileiro de Informações Ambientais) e outro para captação de imagens para uso militar. “Já temos a infraestrutura pronta para atender a esses produtos. As chances de atuar no futuro são grandes, já que temos expertise na área”, diz Cordeiro.

FATURAMENTO - Neste ano, empresa vai ampliar sua receita em 10%, para atingir R$ 75 milhões e, em 2015, apesar das dificuldades do cenário econômico, devido ao faturamento assegurado pelos contratos firmados neste ano, a empresa deverá continuar no mesmo ritmo de expansão. A preocupação é 2016, sobre como serão as políticas econômicas e para a área da defesa.

O presidente da Omnisys, Luiz Henriques, afirma ainda que, por estar em São Bernardo e ter expertise na área, espera poder fornecer radares para o caça Gripen NG, da sueca Saab, em parceria com a indústria nacional. 




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