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VW: sindicatos não querem negociar
Luiz Federico e William Glauber
Do Diário do Grande ABC
02/06/2006 | 08:01
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A recusa de sindicalistas em participar nesta sexta-feira à tarde de reunião com diretores da Volkswagen do Brasil foi interpretada pela multinacional como desinteresse em avançar nas negociações relativas ao plano de reestruturação, que pode resultar em 5.773 demissões até 2008. Quinta-feira, a empresa convocou representantes dos trabalhadores para o encontro. Os sindicalistas, no entanto, rejeitaram a data e responsabilizaram eventos previamente agendados para o não-comparecimento à reunião com a cúpula da montadora alemã.

“Quando os sindicalistas estão em cima do caminhão dizem aos trabalhadores que a empresa não quer negociar, mas, pelo visto, são eles que não querem”, disse um porta-voz da Volks, que criticou o fato de os sindicalistas solicitarem reunião no dia 14 – dia posterior ao segundo jogo do Brasil na Copa do Mundo, na Alemanha.

Em nota, a Volks diz ter feito todos os esforços necessários para manter as negociações com os sindicatos dos metalúrgicos do ABC, Taubaté, Curitiba e São Carlos, visando à implementação do Plano de Reestruturação – Fase 2. Segundo a empresa, os sindicatos protelam o encontro, sem atender prontamente ao chamamento. A Volks disponibilizou ainda a próxima segunda-feira como data alternativa para a realização do encontro.

“Considerando a relevância dos assuntos, entendemos que as partes envolvidas devem dedicar integral atenção ao processo de negociação. Tendo em vista as sérias conseqüências de não chegarmos a um acordo, vamos reiteirar o apelo para que as entidades de representação concordem com a realização da reunião o quanto antes”, avisa, por meio de comunicado, o gerente corporativo de Relações Trabalhistas da Volkswagen do Brasil, Nilton Junior.

Frente à convocação da empresa, os sindicalistas apresentaram uma série de argumentos para o cancelamento da reunião de sexta-feira na fábrica da Volks, em São Bernardo. Todos foram unânimes ao afirmar que a data deve ser negociada entre os representantes dos trabalhadores e a empresa para adequação de agendas, sem a “imposição” do encontro por parte da montadora.

O vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC (filiado à CUT), Francisco Duarte de Lima, o Alemão, diz que os sindicalistas vêm de seguidos eventos nos últimos dias, que impossibilitaram a realização da reunião nesta sexta-feira. “Temos uma agenda pesadíssima. Ontem (quarta-feira), tivemos a greve. Hoje (quinta-feira), fizemos uma assembléia. Amanhã (nesta sexta-feira), temos discussões para a reunião plena da diretoria do sindicato”, justifica.

Além disso, o ConCUT (Congresso Nacional da CUT) impede, segundo Alemão, a presença de diretores dos sindicatos do ABC e de Taubaté entre a próxima segunda e sexta-feira. “Só vamos conseguir conversar a partir do dia 14. Fizemos essa sugestão. A empresa não pode determinar a data sozinha”, rebate o sindicalista.

O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté e região, Valmir Marques da Silva, o Biro-biro, também critica a conduta da Volks. “A empresa convocou. Manda o aviso no dia 1º (quinta-feira) e quer que eu vá para São Bernardo no outro. São vários sindicatos, e temos outras atribuições”, reclama. Nesta sexta-feira, o sindicalista tenta encontrar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva durante visita à Refinaria Henrique Lage, em São José dos Campos (leia texto nesta página).

Assim como os colegas da CUT, o primeiro-secretário do Sindicato dos Metalúrgicos da Grande Curitiba (filiado à Força), Jamil Davila, apresenta outros compromissos como o motivo do cancelamento do encontro. “Representamos toda a região metropolitana. Não estamos só à disposição da Volks. A empresa tem de avisar com antecedência. Na base, temos 40 mil metalúrgicos.”



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