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Vacina contra a meningite está em falta em três cidades

Munícipes de Santo André, São Caetano e Mauá têm dificuldade para vacinar os filhos

Por Juliana Stern
Especial para o Diário
10/11/2018 | 07:00
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Carlos Bassan/Divulgação


Três cidades do Grande ABC estão com desabastecimento de vacinas meningocócicas C nas UBSs (Unidades Básicas de Saúde): Santo André, São Caetano e Mauá. A proteção contra a Meningite C deve ser aplicada no terceiro e quinto mês de vida das crianças e, novamente, aos 12 meses como reforço, segundo determinação do calendário nacional de imunização.

Os municípios justificam que recebem doses insuficientes da vacina por parte do governo do Estado. Por consequência, a Secretaria da Saúde estadual diz que o problema está na esfera federal. O Ministério da Saúde, por sua vez, nega a situação e diz que a distribuição está regular.

Na prática, moradores da região relatam a dificuldade para vacinar os filhos. A autônoma Juliana Moreira, 32 anos, foi até a US Vila Luzita, em Santo André, tentar imunizar a filha assim que ela completou 3 meses, no dia 2, mas não conseguiu. “Não deram previsão de quando teriam a dose e disseram que nem adiantava procurar em outras unidades, porque estava em falta no município.”

O mesmo aconteceu com o investigador Anderson dos Santos, 40, que procurou a vacina na UBS de Utinga, também em Santo André, mas foi informado a respeito do problema em todo o Estado. “Liguei em vários postos de Saúde, até de outras cidades, até encontrar em São Caetano.”

Já a dona de casa Julia Sthefanie Roberti,18, se deslocou até Alphaville, bairro de Santana de Parnaíba e Barueri, na Região Metropolitana, para vacinar o filho, depois de um mês de tentativas nas UBSs de Mauá. “Fui em setembro, quando meu filho fez 2 meses. Liguei nas unidades até o fim de outubro e nada. Consegui vacinar ele perto da casa da minha tia.”

A equipe do Diário contatou unidades de Saúde da região e apenas nas três cidades – Santo André, São Caetano e Mauá – foi acusada falta ou insuficiência da vacina nos estoques. Em Santo André, de 11 postos questionados, em apenas um havia a imunização. Em São Caetano, todos os equipamentos de Saúde destacaram que a proteção está em falta. Já em Mauá, das dez UBSs procuradas, cinco afirmaram que a vacina não está disponível.

O número menor de vacinas disponíveis influencia na cobertura vacinal da população. Segundo dados do DataSus (banco de dados do Sistema Único de Saúde), houve uma diminuição de 41% na quantidade de vacinas aplicadas na região neste ano em relação a 2017 (veja arte acima).

Sem imunobiológicos suficientes, a saúde das crianças pode estar em risco, segundo a professora de Alergia e Imunologia da FMABC (Faculdade de Medicina do ABC) Anete Sevciovic Grumach. “A falta de vacinas causa um atraso no calendário de imunização dessa criança, o que a põe em risco de contrair a doença.”

A Prefeitura de Santo André esclareceu que recebe doses insuficientes desde agosto. São Caetano afirmou que a cidade não conta com estoque para atender à demanda mensal de 700 pessoas. Já Mauá observou que enfrenta o problema desde julho. São Bernardo, Diadema e Ribeirão Pires afirmaram que os estoques estão normais e atendendo a demanda, No entanto, São Bernardo já vem notando a procura pela imunização por parte de munícipes de outras cidades. Rio Grande da Serra não retornou até o fechamento desta edição.

A Secretaria da Saúde do Estado informou que o repasse pela União, responsável pela compra das doses, foi 54% menor do que o solicitado. Embora o Ministério da Saúde afirme que a distribuição de vacinas meningocócicas C está regular, em setembro o governo federal emitiu nota aos órgãos de Saúde alertando que apenas 50% do quantitativo seria enviado, tendo em vista que a outra metade estava em análise pelo Incos (Instituto Nacional de Controle de Qualidade em Saúde). 




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