O PT de São Caetano estava em processo de reconstrução. Queria retomar a ascensão e esquecer as disputas internas. Planejou chapa de vereadores forte para tentar ampliar a participação no Legislativo. Lançou também chapa majoritária que, mesmo montada às pressas, tinha missão de auxiliar a acrescer representatividade na Casa. A estratégia não deu certo e só não naufragou completamente porque a sigla conseguiu manter a cadeira solitária na Câmara.

A tática costurada começou a ruir logo na montagem do projeto de candidatura própria. Único vereador da legenda e então presidente do PT, Edgar Nóbrega, tentou emplacar a vice de Paulo Pinheiro (PMDB) - vencedor da eleição. Não conseguiu.

Em agosto, Edgar desistiu da empreitada solo após vazamento do polêmico vídeo em que ele e o então secretário de Governo, Tite Campanella (DEM), tratavam sobre oposição branda na Câmara. O petista teria pedido R$ 100 mil - verba que o auxiliaria a chegar na presidência petista - para ser um oposicionista figurativo. Além disso, a dupla tratava de suposto ‘mensalinho' de R$ 10 mil. O escândalo não só acabou com a candidatura de Edgar como sugou todas forças da chapa de vereadores.

A expectativa de ampliar a participação ruiu de vez com o resultado eleitoral. Apenas o professor Pio Mielo foi eleito pela sigla e manteve a mesma projeção da última eleição.

Pio é formado e pós-graduado pela Fundação Getulio Vargas em Planejamento Estratégico e professor do Ensino Médio. "É uma responsabilidade imensa. Fui eleito na primeira eleição que disputei e tive votação expressiva em momento delicado do partido", avaliou Pio. Ele segue a linha do ex-chefe e fala em "pacto" para reconduzir o PT de São Caetano à segunda via na cidade.

Apesar de manter a representatividade, o discurso do vereador eleito é otimista. "Tivemos mais votos do que em 2008 e consolidamos lideranças", definiu. A expectativa pré-eleitoral no petismo era de conquistar até três cadeiras. Pio, entretanto, descartou impacto do vídeo como fator fundamental. Ele que foi citado na conversa entre Edgar e Tite descarta qualquer envolvimento na negociação de cargos. "Eu fui convidado pelo Edgar para ser assessor técnico na Câmara, não tinha nada de funcionário fantasma, estava tudo em dia. A citação me surpreendeu (no vídeo), mas não foi nada comprometedor."