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Torcendo o pano com Menescal
Por Thiago Mariano
Do Diário do Grande ABC
23/10/2010 | 07:03
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Um bate-papo com Roberto Menescal é na medida da bossa nova: ensolarado, leve e contagiante. Em passagem por Santo André para o lançamento de sua biografia - assinada pela andreense Bruna Fonte, o compositor de clássicos como O Barquinho conversou por mais de uma hora com o Diário.

"Adoro falar de música. Só não venham me perguntar problemas do mercado fonográfico, que eles sempre existirão", conta Menescal, que apesar de dizer que gosta mesmo é de falar sobre as histórias de suas músicas, revela um olhar de quem passou anos longe do violão para dedicar-se à direção e produção de grandes gravadoras no auge do mercado, entre 1970 e 1990.

"Em 1985 tive um lampejo de que a indústria fonográfica ia ruir. Olhava os caras pagando jabá (prática de pagar para emissoras de rádio e TV divulgarem artistas) e via que a concorrência não primava mais pela qualidade. Outro erro desenvolveu-se com a pirataria. Eles aumentavam o valor dos seus produtos para ganhar o que acreditavam perder com a informalidade. E o preço do camelô sempre continuou o mesmo."

Com relação à música que ajudou a fundar com a batida do seu violão, diz que ela aconteceu no lugar certo e no momento propício. "Éramos garotos cheios de vida, à beira-mar, não queríamos levar para a vida o lamento do samba-canção. Não éramos tão bons para tocar samba, por isso investimos nos nossos acordes."

Hoje, ele considera que trabalhar com bossa é quase como torcer um pano molhado. "Já não há mais muito o que criar. Não sei o que vem pela frente, mas o ciclo musical que começou na metade do século passado está para acabar."

Em seu estúdio, o compositor segue torcendo o máximo possível de acordes. "Gravo diferentes estilos em forma de bossa - entre eles Michael Jackson, Elvis Presley -, principalmente para o Japão. O que ganho fica empatado com o trabalho de produção, mas consegui os direitos dos discos para começar a escoar pelo mercado brasileiro."




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