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Na greve de 1979, a queda de Marcílio, Lula e Lins

Murilo Macedo, ministro do Trabalho reúne-se com as partes - empresários e trabalhadores -, coloca-se como mediador da primeira greve geral

Por Ademir Medici
Do Diário do Grande ABC
23/03/2009 | 00:00
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Até a véspera o governo negou. Murilo Macedo, ministro do Trabalho, vem a São Paulo, reúne-se com as partes - empresários e trabalhadores -, coloca-se como mediador da primeira greve geral pós-golpe de 1964, a greve dos metalúrgicos do Grande ABC. O ministro nega várias vezes a tomada de medidas radicais. Mas havia quase que uma certeza: os três sindicatos dos metalúrgicos do Grande ABC sofreriam intervenção. Foi o que ocorreu no início do crepúsculo do regime militar. General Figueiredo iniciava o seu período de presidente da República eleito indiretamente naqueles tempos de bipartidarismo.
Décimo segundo dia, 23 de março, sexta-feira.

A intervenção é decretada durante a madrugada. Mesmo assim os trabalhadores reúnem-se em assembleias na Catedral do Carmo, em Santo André, e no Paço de São Bernardo. Por aclamação, a greve é mantida.

Editorial
Há no ar algo de frustração, como a dizer que a intervenção nos três sindicatos foi violenta demais, para uma situação que se mantinha controlada

Repercussão
MDB condena governo e Planalto diz que abertura vem.

Primeiro Plano
Comentário do jornalista Hermano Pini Filho: "Os trabalhadores evoluíram, o País se desenvolveu e a legislação trabalhista regrediu".

A realidade é que três funcionários de carreira do Ministério do Trabalho agora respondiam pelos três principais sindicatos de trabalhadores do Grande ABC, até então presididos por trabalhadores legitimamente eleitos:
Frase

"Só estou cumprindo ordens" (Alfredo Garcez, pálido e trêmulo, ao assumir como interventor o Sindicato dos Metalúrgicos de Santo André).

Praça de guerra
Não era só o interventor de Santo André que estava trêmulo naquele 23 de março. O clima geral era de tensão. Os trabalhadores tentam chegar ao Estádio de Vila Euclides; o estádio está tomado por tropas policiais. Rumam, então, para o Paço Municipal. A Praça Samuel Sabatini igualmente está tomada por policiais e suas viaturas. Mas é um espaço aberto, impossível de ser cercado em toda a sua extensão.

Configura-se verdadeira praça de guerra. De um lado, a polícia, de outro os trabalhadores. O choque é iminente. O prefeito é Tito Costa (MDB). Ele desce do seu gabinete, no 18º andar do Paço Municipal, e dirige-se à praça. Procura contemporizar. Coloca-se entre os trabalhadores e a polícia. Sobe no capô de uma viatura policial. Pede calma: "Minha posição é de mediar a tranquilidade".

ALMANAQUE

José Raul Poletto
Nascimento: Santa Cruz das Palmeiras (SP), 23 de março de 1921.
Vereador: 12/2 a 2/3/1949; 26/3/1949 a 31/12/1951.
Partido: PSD.
Falecimento: 11 de março
de 1988.

Fez carreira no Legislativo, de assessor jurídico a diretor geral. Veio criança para Santo André. Formou-se em Direito pela Faculdade do Largo São Francisco, turma de 1949.

Índio da Silva
Nome: Carlos Roberto Índio da Silva
Nascimento: São Paulo (SP), 23 de março de 1955.
Vereador: 13/3/2003 a 14/3/2004.
Partido: PDT.
Falecimento: Santo André, 14 de março de 2004.

Era desenhista e primeiro suplente do seu partido, com reduto eleitoral no Distrito de Utinga.
Fonte: Almanaque de Vereadores, CMSA, 2008, 2ª ed.

DIÁRIO HÁ 30 ANOS
Sexta-feira, 23 de março de 1979

Primeira Página - Metalúrgicos rejeitam acordo. Macedo promete continuar diálogo. Figueiredo recebe Mondale, vice-presidente americano.

Diadema - Cidade desiste dos Jogos Regionais.

EM 23 DE MARÇO DE...

1869 - Marquês de Caxias é elevado a Duque, o futuro patrono do Exército Brasileiro.

1969 - Prefeitura de São Caetano inaugura a pista Giacomo Benedetti Sobrinho de Aeromodelismo na Vila Tupã, bairro Cerâmica.
CRÔNICA DO GUIDO
Texto: Guido Fidelis

Segunda-feira, nada como uma segunda-feira após o final de semana. O reencontro com o trabalho, a certeza de produzir, de buscar novas ideias, anotar os compromissos, caminhar com os dias, alegrar-se com as realizações. A cada dia sempre é possível somar novas conquistas.

Ademir Medici é jornalista e autor de livros sobre a memória do Grande ABC




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