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Tratamento personalizado é aposta contra o câncer de mama

Especialistas detalham avanços que permitem definir tipo de tumor que atinge cada paciente

Aline Melo
Do Diário do Grande ABC
14/10/2018 | 07:00
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Denis Maciel/DGABC


Tratamento personalizado com base em cada tipo de tumor identificado nas pacientes é a aposta da medicina para o sucesso no tratamento contra o câncer de mama, doença que afeta 60 mil mulheres a cada ano no País.

O cirurgião oncológico do Centro de Referência de Mama do A.C. Camargo Cancer Center, Renato Cagnacci Neto, explica que, atualmente, é necessário saber o ‘nome’ e o ‘sobrenome’ do câncer de mama (mais especificamente o subtipo genético do tumor). Dessa forma, os remédios (quimioterapia) são específicos para cada subtipo da doença, permitindo altas taxas de cura, algo que não acontecia até o início dos anos 2000, diz o especialista.

O objetivo é identificar o potencial de agressividade do tumor e adequar a carga de medicamento que será usada para combater o mal, não aplicando grandes doses para casos em que o potencial de avanço é pequeno, e também não tratando com uma carga insuficiente aqueles que são agressivos, potencializando o sucesso dos tratamentos.

Segundo o médico, o avanço já está disponível inclusive para as pacientes atendidas pelo SUS (Sistema Único de Saúde), que dispõe destes medicamentos específicos e oferece tratamento eficaz. “O principal é o Trastuzumab, droga específica para alguns cânceres de mama. Algumas drogas mais novas ainda não estão disponíveis no SUS, mas não são indispensáveis no tratamento até o momento”, completou.

Mestre e doutor em Ciências Médicas pela Disciplina de Mastologia do Departamento de Ginecologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) e titular da Sociedade Brasileira de Mastologia, Rogério Fenile detalhou que, após o diagnóstico dos tumores, é feito estudo que enquadra o câncer em quatro grandes subgrupos. Para os casos onde ainda assim pairam dúvidas, já existe teste para identificar com maior precisão, mas ainda não está disponível na rede pública – apenas em alguns convênios médicos.

Fenile relatou que tem aumentado o número de novos casos em mulheres a partir dos 40 anos, em parte motivado por hábitos não saudáveis, como dietas ricas em gorduras e sedentarismo.

O sucesso do tratamento ainda é associado ao diagnóstico precoce, que conta com o autoexame – ou autoavaliação – como grande aliado. “É preciso que a mulher tenha o hábito de se olhar, de avaliar as suas mamas, para que seja possível identificar mudanças na pele, na textura, no formato”, ressaltou Feline. O dedilhamento da mama, na frente do espelho e com um dos braços levantados, deve ser feito cinco dias depois do fim da menstruação. “Este é o período certo para procura de nódulos ou de outras alterações, que devem ser imediatamente reportados ao médico”, completou.

A mamografia é indicada como fundamental no diagnóstico precoce, apesar de não haver consenso sobre qual a idade mínima para sua realização. “O ideal seria que cada país tivesse seus próprios dados estatísticos e avaliasse essa idade de rastreamento na sua população. No Brasil, o Ministério da Saúde indica a partir dos 50 anos e a Sociedade Brasileira de Mastologia indica a partir dos 40 anos de idade”, afirmou Cagnacci

Mulheres fazem relatos de superação

JULIANA STERN

Especial para o Diário

(Colaborou Aline Melo)

“Receber o diagnóstico de câncer de mama é devastador.” Essa foi a sensação descrita pela pedagoga Rosilaine Cristina Jannotti, 36 anos. O sentimento também foi compartilhado pela policial militar Alessandra Marques da Silva, 42. As duas mulheres já realizaram a retirada e reconstrução da mama e encontraram na experiência e solidariedade das voluntárias da ONG Recomeçar é Possível, de São Bernardo, a força para superar essa fase difícil da vida.

Prestes a iniciar a radioterapia e vivendo os primeiros momentos sem uso de lenço, após a perda dos cabelos longos, Rosilaine lembrou do dia em que recebeu o diagnóstico e também conheceu a ONG. “Estava no consultório aos prantos e o médico ligou para a Fátima, que veio me buscar e me levou para ser atendida pela psicóloga”, relatou. “Ali, toda semana, me sentia protegida, porque elas sabiam pelo que estava passando.”

A telefonista Fátima Ribeiro, 63, foi a primeira presidente da ONG, e também enfrentou o câncer de mama. “Quanto tive a doença, contei com apoio da ONG Viva Melhor, de Santo André, mas tínhamos necessidade de um serviço assim em São Bernardo”, explicou.

Alessandra, que se prepara para retirar um tumor na hipófise, tem dedicado seu tempo livre nas férias para as ações da ONG. “Moro em Santo André, mas foram elas quem me acolheram e quero ajudar, apoiar a quem puder.”

A atual presidente da Recomeçar é Possível, Marina de Oliveira, destaca que o papel da instituição – que sobrevive por meio da venda de materiais confeccionados em oficinas pelas mulheres que são atendidas – é oferecer apoio integral para quem está enfrentando a doença. Empréstimo de lenços, doação de perucas e próteses confeccionadas em tecido e esferas plásticas de polipropileno. O grupo se reúne na sede da Rua Caraíbas, 19, na sobreloja de farmácia, que cedeu a sala, no Centro de São Bernardo. Em outubro, o grupo também faz atendimentos no consultório do mastologista Rogério Fenile, na Rua Bering, em São Bernardo.

A gerente administrativa Alessandra Porto, moradora de Santo André, removeu apenas um quadrante da mama há dez anos, e relata que superar a doença a faz se sentir vencedora. “Encaro tudo que passei como algo que me fortaleceu demais.”

Prefeituras da região realizam ações durante o Outubro Rosa

JULIANA STERN

Especial para o Diário

As prefeituras da região fazem campanhas especiais nos equipamentos de Saúde para celebrar o Outubro Rosa, mês de prevenção ao câncer de mama.

Santo André, que realiza média anual de 20,4 mil mamografias e, neste ano, já detectou 77 casos positivos da doença, contará com orientações de conscientização referentes à prevenção e autoexame em todas as unidades de Atenção Básica. No Hospital Maria José dos Santos Stein, no Parque Novo Oratório, haverá iluminação do equipamento na cor tema da campanha, rosa, além de palestras sobre a doença.

São Bernardo, que realiza mais de 30 mil mamografias e registrou 34 novos casos neste ano, oferecerá atendimento exclusivo para mulheres no próximo sábado em todas as 34 UBSs (Unidades Básicas de Saúde).

Mauá e Ribeirão Pires intensificarão ações de orientação e conscientização do câncer de mama, buscando informar mulheres sobre o autoexame e demais maneiras de prevenção. Mauá realizou, neste ano, 6.261 mamografias e detectou 16 novos casos da doença. Ribeirão encaminha média de 250 pacientes por mês para exames em outras cidades da região.




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