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Camaro, mito que
sobrevive ao tempo
Sueli Osório
Do Diário do Grande ABC
16/03/2011 | 07:03
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André Henriques/DGABC


 

 O primeiro contato com o Chevrolet Camaro impressiona. O design agressivo e musculoso chama atenção e nos convida a entrar para ver de perto do que o motorzão V8 de 6,2 litros e 406 cv é capaz.

Dentro do atraente Chevrolet, no entanto, é necessário adaptar-se rapidamente. Diferentemente dos automóveis de passeio, o Camaro tem posição de dirigir muito baixa, o que, em conjunto com as largas colunas, pode atrapalhar um pouco a visibilidade.

Bem acomodada no banco de couro - que tem oito regulagens elétricas para o motorista -, o próximo passo é dar a partida e, naturalmente, pisar no acelerador para apreciar o belo ronco do V8. Só que, no Camaro, se você pisar no pedal da direita como faz em um carro ‘normal', seu corpo será arremessado contra o encosto do banco. O melhor é tocá-lo suavemente para evitar o tranco. Afinal, suas respostas são quase ‘telepáticas'. Basta demonstrar a intenção de acelerar que ele responde prontamente.

Já em movimento, é preciso preparo emocional para ser apontado a cada quarteirão. Claro que a atração não é a motorista, mas o fato de estar guiando um ícone faz com que todas as atenções, indiretamente, voltem-se para você. O esportivo deixa adultos e crianças com torcicolo...

Natural, afinal o modelo produzido no Canadá que custa R$ 185 mil por aqui começou a ser trazido oficialmente pela General Motors em novembro e não é comum vê-lo na rua.

A versão vendida no País é a equipada com o motor mais potente da linha Camaro. O V8 de 6,2 litros tem bloco e cabeçotes feitos de alumínio e desenvolve 406 cv de potência a 5.900 rpm e 56,7 mkgf de torque a 4.200 giros. O esportivo acelera de 0 a 100 km/h em 4,8 segundos e tem velocidade máxima limitada eletronicamente em 250 km/h.

O propulsor é equipado com o AFM (Active Fuel Management) ou desligamento automático dos cilindros. Em velocidades de cruzeiro, como em uma estrada, o sistema de injeção desliga quatro cilindros, reduzindo o consumo de combustível e aumentando a autonomia.

Em harmonia com o motor trabalha a transmissão automática sequencial de seis velocidades, que permite trocas manuais por meio de aletas atrás do volante para oferecer condução mais esportiva. O ‘casamento' é perfeito.

O interior é confortável, com belo acabamento, nitidamente voltado para o motorista e sem frescuras. Chama a atenção à noite a iluminação nas portas feita com LEDs na cor azul: sutil e de bom gosto. O modelo tem ‘head-up display', sistema que projeta informações de velocidade, rotação do motor e até a estação de rádio no para-brisa do veículo. A ideia é evitar que o motorista desvie o olhar da estrada. Por falar em segurança, o Camaro tem controles de estabilidade e de tração. As rodas de liga leve de 20 polegadas também ajudam a ‘segurá-lo' bem no chão.

Sua boa altura do solo (15,6 cm) permite que trafegue sem muitos problemas por nossas ruas e estradas. Mas é preciso tomar cuidado ao passar por lombadas e valetas.

MODELO 1967 - O andreense Luiz Sergio Pires, que trabalha com motores há mais de 30 anos, é um apaixonado por propulsores V8 e pelo Camaro. Em 1999, ele comprou o modelo da primeira geração, ano 1967, após ver um anúncio no jornal que dizia: "Vendo Camaro 1967 pela melhor oferta". Ele ligou para o vendedor, que informou que o carro estava parado em uma garagem coberta por 12 anos sem funcionar. "Fui ver o carro e ele estava com algumas partes da lataria com corrosão bem avançada, mas sem amassados. Ele parecia parado há 12 anos mesmo, com muita poeira e pneus deteriorados", conta.

Pires comprou o veículo, levou-o para sua oficina, especializada em preparação de motores para competição, fez uma limpeza interna no propulsor sem abri-lo, trocou o óleo do câmbio e o carro funcionou. "Refiz o sistema de freios e, como o carro parecia bom, eu o usei por oito meses, até que o motor quebrou." Ao abrir o motor, ele notou que a quebra ocorreu por causa de uma retífica malfeita e aproveitou para fazer a restauração completa.

Segundo Pires, o Camaro tinha saído de fábrica com motor V8 327, câmbio automático de duas marchas e freios a tambor nas quatro rodas. "Eu mantive o máximo de itens originais possíveis, mas com as melhorias necessárias para rodar no dia a dia com conforto e funcionalidade", explica.

Ele trocou o motor por um mais forte, o Chevrolet 350, que também foi usado no modelo, instalou sistema de injeção eletrônica, freios a disco nas quatro rodas e ar-condicionado, que era opcional. Manteve o câmbio original, mas fez revisão completa. As suspensões dianteira e traseira também são originais com buchas novas e amortecedores mais eficientes.

"Como este carro é um clássico americano, existe um mercado muito grande de peças para restauração, inclusive peças de lataria. Comprei quase tudo o que precisava em lojas especializadas nos Estados Unidos." A tapeçaria foi feita aqui com revestimento de couro nos bancos originais. "Depois de pronto, eu troquei os bancos dianteiros porque, como o carro é muito rápido em curvas, eu estava sempre escorregando, e optei por um par de bancos concha." Pires instalou rodas maiores, de aro 17, para valorizar a estética e a eficiência, já que as originais eram de ferro aro 14.

Hoje, o andreense usa o Camaro quase que diariamente. "Não sou colecionador, gosto do carro pela beleza e dirigibilidade. É impressionante como é bom de guiar nas acelerações, curvas ou frenagens e eu me divirto muito quando ando com ele."

Ele conta que, quando viu o novo Camaro, antes do início da produção, já se apaixonou por ele. "Ainda não guiei o Camaro novo, mas não vai faltar oportunidade", espera.




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