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Explosões abalam complexo residencial de estrangeiros em Riad
Por Do Diário OnLine
13/05/2003 | 00:01
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Um complexo residencial de Riad (capital da Arábia Saudita) que abriga cidadãos ocidentais foi alvo de fortes explosões na noite desta segunda-feira. Pelo menos três pessoas morreram (um ocidental, um libanês e um saudita) e 50 ficaram feridas, segundo fontes hospitalares da cidade e testemunhas da tragédia. Mas estima-se que o número de vítimas é bem maior. Fonte oficiais americanas acreditam que o ataque pode ter sido promovido pela rede Al Qaeda, apontada como responsável pelos atentados de 11 de setembro de 2001.

O complexo residencial situado ao leste de Riad é conhecido por abrigar diversos estrangeiros ocidentais (especialmente americanos) e tem uma segurança bastante reforçada. Os locais atingidos foram identificados como Cordoval, Gedawal e Hamra. O Departamento de Estado dos EUA, tomando por base informações da embaixada na capital saudita, afirmou que não há oficiais norte-americanos vivendo ali. Mas a diplomacia em Riad confirmou que há cidadãos dos EUA em cada um dos três condomínios atingidos.

O embaixador dos EUA na Arábia Saudita, Robert W. Jordan, relatou à TV CNN que mais de 40 cidadãos americanos foram hospitalizados em Riad por das explosões. Ele contou que também há estrangeiros de outras nacionalidades entre os feridos no atentado.

Uma fonte do Departamento que pediu anonimato contou que testemunhas atribuem as explosões em Riad a três carros-bomba que invadiram o complexo. Outros moradores da região dizem que tiros foram disparados por invasores pouco antes das detonações. "Homens armados, que chegaram num carro, atiraram nos seguranças do complexo antes de entrar e fazer o carro explodir", disse à Agência France Presse o saudita Awadh Al-Qahtani, acrescentando que os vidros de sua casa, perto do local do atentado, ficaram estilhaçados.

Mais cedo, outros moradores comentaram que uma explosão tinha acontecido nos escritórios da empresa americana 'Venyl', cujos especialistas treinam a Guarda Nacional saudita (unidade comandada pelo príncipe herdeiro Abdullah ben Abdel Aziz). As instalações da 'Venyl' ficam na região do atentado desta noite.

Os incidentes ocorreram horas antes da chegada do secretário de Estado dos EUA, Colin Powell, a Riad, onde ele deve encontrar o príncipe herdeiro Abdullah ben Abdel Aziz. É a última escala da viagem que Powell promove desde o final de semana pelo Oriente Médio. O alto diplomata americano está em Amã (capital da Jordânia) e deve seguir para a capital saudita nesta terça-feira. Não há previsão de mudança para o roteiro.

Aviso - No último dia 1º, o Departamento de Estado divulgou um alerta sobre os riscos de um atentado contra alvos americanos em Riad. O governo dos EUA desaconselhou viagens à capital saudita e recomendou que civis americanos deixassem o país. A suspeita de um atentado foi reforçada na terça-feira passada, quando autoridades sauditas apreenderam na capital farto material bélico (armas, munições e explosivos) que deveria seria utilizado num ataque.

Para as fontes oficiais americanas ouvidas pela rede CNN, a suspeita de que o ataque desta segunda-feira à noite foi promovido pela Al Qaeda parte de três evidências: o uso de explosões simultâneas (prática considerada uma 'marca registrada' da organização de Osama Bin Laden), as investigações que levaram ao alerta divulgado pelo Departamento de Estado em 1º de maio e a proximidade de um dos locais atacados nesta segunda com o apartamento em que as autoridades sauditas apreenderam o vasto arsenal dos terroristas (na semana passada).

A Arábia Saudita abriga os principais sítios sagrados do Islã. Mas o reino provoca a ira de muitos árabes desde a primeira Guerra do Golfo (1991), quando a Arábia Saudita abriu seu território para que os Estados Unidos lançassem os ataques empreendidos para expulsar as tropas iraquianas que haviam invadido o Kuwait a mando de Saddam Hussein.

Na segunda Guerra do Golfo, promovida entre março e abril deste ano, a Arábia Saudita decidiu vetar o uso do território para as tropas anglo-americanas. No final de abril, depois de terminada a guerra no Iraque e deposto o regime de Saddam Hussein, o governo americano anunciou a retirada das tropas que estavam lotadas na Arábia Saudita desde o conflito de 1991 – uma demanda antiga dos extremista islâmicos.

A Arábia Saudita também é a terra natal de Osama Bin Laden e de vários extremistas da Al Qaeda. Após a apreensão do arsenal em Riad, na semana passada, as autoridades do país passaram a procurar 19 supostos terroristas que teriam ligação com a rede de Bin Laden. São 17 sauditas, um iemenita e um iraquiano com passaportes do Canadá e do Kuwait.

Dois grandes atentados contra alvos dos EUA ocorreram na Arábia Saudita desde 1991. Em 95, cinco americanos e dois indianos morreram (outras 60 pessoas ficaram feridas) numa explosão ocorrida num estacionamento perto de um centro de treinamento militar americano Riad. No ano seguinte, um caminhão carregado de combustível explodiu nas proximidades de um complexo militar americano em Khobar. Dezenove soldados morreram e cerca de 400 pessoas ficaram feridas.

Com agências




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