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Lula e Alckmin fazem lobby na Ford
Por Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
30/05/2003 | 00:24
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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o governador Geraldo Alckmin (PSDB) reforçaram nesta quinta-feira o pedido dos funcionários da Ford para que a direção mundial da montadora invista em um novo ciclo de produtos na unidade de São Bernardo, que atualmente produz apenas os modelos Ka, Fiesta e Courier. Os 4,9 mil funcionários têm garantia de emprego apenas até 2006, e vêem no investimento em novos produtos o único caminho para garantir a manutenção da fábrica de automóveis leves ao lado da nova planta de caminhões. O assunto foi tratado na reunião de mais de uma hora entre Lula, Alckmin, o presidente das Operações Ford na América do Sul, Richard Canny, e o presidente da Ford do Brasil, Antônio Maciel Neto.

"Se para lançar um novo produto aqui for preciso convidar o presidente mundial da Ford para vir ao Brasil, já está convidado. Eu e o Alckmin o receberemos. Se for preciso ir aos Estados Unidos, nós também iremos para que se garanta a oportunidade de as pessoas trabalharem", disse Lula em visita à fábrica de São Bernardo, onde esteve para receber doação de 225 toneladas de alimentos para o programa Fome Zero.

Alckmin lembrou à direção da empresa que São Paulo já eliminou o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços) dos produtos que seguem para exportação e para a compra de bens de capital. O governador recorreu mais uma vez à imagem de que "o Grande ABC está na melhor esquina do Brasil" para falar a respeito dos investimentos na duplicação da Imigrantes, no Rodoanel em Mauá e nos portos.

Cobranças – As garantias de Lula e de Alckmin foram provocadas pelas cobranças dos sindicalistas. O presidente do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e do Consea (Conselho de Segurança Alimentar), Luiz Marinho, ocupou todo o seu discurso para pedir investimento na planta e no fortalecimento da engenharia nacional da Ford. Tanto que o presidente da montadora, Antônio Maciel Neto, reclamou, em tom de brincadeira: "O Marinho é presidente do Consea e só fala de produto." Marinho elogiou a contribuição da Ford para o Fome Zero, mas aproveitou o pedido de desculpas para devolver: "Foi uma pequena falha minha. Mas a angústia pelo novo produto é muito grande".

O coordenador da comissão de fábrica da Ford, Rafael Marques da Silva Júnior, foi o primeiro a dar o tom de cobrança no evento. "Em 1997, o presidente Fernando Henrique Cardoso esteve aqui para o lançamento do Ka. Queremos que o Lula retorne o mais breve possível para lançar um novo produto. Esse é um desdobramento da luta que travamos desde 1999. Queremos também que o governo do Estado apoie a iniciativa para que a empresa invista em São Bernardo."

De acordo com Rafael, a direção da Ford já admite informalmente negociar o lançamento de novos produtos. A negociação esbarra na crise do mercado interno. A Ford tem uma nova fábrica de automóveis em Camaçari, na Bahia, com capacidade para produzir 250 mil veículos por ano. Metade da produção em São Bernardo é exportada.

Silva Júnior espera que aconteça na Ford o mesmo que ocorreu na Volkswagen. No dia 24 de março, o presidente Lula visitou a unidade Anchieta da montadora alemã e pediu à direção mundial da empresa que investisse no Brasil para produzir o Tupi para exportação. Coincidência ou não, a montadora anunciou o investimento no dia 14 de abril.




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