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Solidariedade e amor aos bichos estão presentes na Vila Vitória

De família dona de pet shop, Mota ajuda animais abandonados no bairro andreense

Por Nelson Donato
Especial para o Diário
20/06/2015 | 07:00
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As ruas tranquilas da Vila Vitória, em Santo André, abrigam histórias fascinantes. Talvez as mais bonitas sejam as do comerciante Danilo Mota, 24 anos. Sua família é dona de um pet shop, situado na Rua Bororé, há dez anos. Desde então, ele e outros proprietários de estabelecimentos próximos ajudam animais de rua, abandonados à própria sorte.

Mota conta que o amor pelos bichos cresceu com ele. “Desde que nasci, havia cachorros em casa. Quando tinha 7 anos, meu pai entrou na ramo de pet shops e meu contato com os animais se intensificou.” Ele lista as espécies que já adotou como mascotes. “Tive hamster, galinha, coelho, papagaio, chinchilas e, claro, muitos cachorros.”

Porém, o animal mais exótico que ele adquiriu foi uma lagosta. “Era demais, mas minha mãe sofria. A lagosta era pequena e sempre fugia do aquário. Tive que doá-la depois de um tempo.”

Com o convívio diário, boas histórias não faltam. Uma das mais engraçadas foi o desaparecimento do seu maltês, Nino. “Ele é muito dócil e sempre responde aos nossos chamados. Mas, um dia, minha mãe ligou desesperada dizendo que o Nino havia sumido. Procuramos por todas as ruas vizinhas, mas não o encontrávamos. Por fim, o achamos enrolado em um edredom, dentro de casa.”

A solidariedade é a principal característica do comerciante, que não nega ajuda para bichos que foram abandonados. “Um dos casos que mais marcou foi o de um vira-lata chamado Robinho. Ele apareceu aqui, demos banho e comida. Era um cachorro tranquilo que se transformava ao ver Kombis, que ele adorava perseguir. Infelizmente, em uma dessas brincadeiras ele perdeu um olho ao ser atingido por um carro.”

O relato mais comovente é sobre a cadelinha Nega. “Ela apareceu grávida, mas não conseguia dar a luz. Nós a levamos à veterinária e descobrimos que todos os filhotes estavam mortos e que, segundo a especialista, Nega tinha pouco tempo de vida.” Apesar da grave situação, o animal sobreviveu e tornou-se xodó da vizinhança. “Todos a conheciam. Uma vez ela causou a queda de um motoqueiro e adivinhe o que aconteceu? Fomos cuidar dela e só depois nos preocupamos com o acidentado.”

Bar do JL reúne amigos e histórias

Conhecido dos moradores da Vila Vitória, o Bar do JL, situado em frente à Igreja Santa Joana D’Arc, na Rua Francisco Inácio, é ponto de encontro para os velhos amigos que desejam relaxar e ouvir boas histórias.

Fanático pelo Corinthians, o dono do estabelecimento, José Leite de Souza, o JL, 56 anos, mora no bairro há 49 e afirma que viu muitas mudanças neste período. “Tinha só terra vazia e a igreja (Santa Joana D’Arc) era apenas uma capela. Foi no seu entorno que tudo começou a se desenvolver.”

Dono do bar há 12 anos, ele afirma que frequentava o estabelecimento muito antes de se tornar seu proprietário. “Comprava pão aqui quando era criança. Ao me aposentar, pensei em virar taxista ou perueiro, mas não deu certo. Aí comprei o bar. De início pensei em ficar só alguns meses, mas estou aqui desde então.”

O estabelecimento é frequentado por muitos amigo do JL, que divertem e animam o lugar com suas piadas e bom humor. “Aqui é sempre assim. O pessoal é conhecido e todos se respeitam. Se alguém quiser causar confusão, que vá para outro lugar.”

Quando se entra no bar, logo nota-se a paixão do comerciante pelo seu time do coração, sentimento que lhe rendeu grandes histórias. “Na final do Campeonato Paulista de 1977 (jogo que encerrou grande jejum de títulos do Corinthians), fugi do Exército para assistir a partida. Depois que fui descoberto, tomei uma grande punição. Mas valeu a pena, não é todo dia que se faz isso”, garante JL.

Lírios de Ouro oferece aulas de ginástica e escola de futebol

Atual tricampeã do Carnaval de Santo André, a Escola Lírios de Ouro, sediada na Vila Vitória, traz alegrias para o bairro mesmo fora da época da tradicional festa popular.

O presidente e fundador da agremiação, Emerson Ceccato, 40 anos, conta que nasceu em família de carnavalescos. “Tive contato com o meio muito cedo. Sempre frequentei ensaios e desfiles até que decidi fundar a escola, há 23 anos.”

Como a folia não dura o ano inteiro, o dirigente explica que desenvolve diversas atividades voltadas para a comunidade. “Temos aulas de ginástica para idosos, escolinha de futebol e planos para implantar cursos de informática e outros projetos sociais.”

Apesar da alegria do Carnaval, ele detalha que nem sempre foi assim. “Em 2008 fizemos um desfile lindo, saímos da avenida com a sensação de campeões, mas, no final, perdemos por meio ponto. Foi muito triste, pois todos nos consideraram vencedores.”

Alguns anos após o duro revés, Ceccato foi contemplado com uma de suas maiores alegrias na vida. “Após cinco vice-campeonatos, conseguimos a pontuação mais alta em 2013. Fui uma emoção muito grande para todos que participaram e ajudaram nesta grande conquista.”  




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