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Polícia estoura canil clandestino e resgata 44 cães em Diadema

Local mantinha condições insalubres e vendia animais de raça em valores que chegavam a R$ 5.000; bichos poderão ser adotados

Bia Moço
Do Diário do Grande ABC
04/12/2020 | 00:01
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Celso Luiz/DGABC


Policiais civis da Dicma (Delegacia do Meio Ambiente) de Diadema estouraram, na manhã de ontem, um canil clandestino no bairro Serraria. A ação resgatou 44 cães de raças diversas – inclusive recém-nascidos – e prendeu um rapaz como responsável pela venda e maus-tratos aos animais.

Conforme explicado pela equipe de investigação, o canil era alvo da polícia há, pelo menos, três meses. Os agentes contaram que, antes, o espaço mantinha registro na Prefeitura, que foi encerrado em agosto. O local, porém, até então pertencente a Sandra Martinez Carraro, passou para o nome de outra pessoa, identificada como seu genro, Francisco das Chagas do Amaral Ferreira, 22 anos, preso em flagrante no endereço. O pai da antiga proprietária, José Martinez Maturano, 82, foi apenas arrolado como testemunha. 

A operação contou com o apoio de fiscais da Secretaria Municipal do Meio Ambiente, a veterinária do CCZ (Centro de Controle de Zoonoses), Carla Marques Cruz, e representantes do projeto de proteção Focinhos Carentes, que levaram os cães. 

Os animais são de raças que, normalmente, são vendidas a preços altos. No local a polícia encontrou yorkshire terrier, maltês, cocker, shih-tzu, lhasa apso, spliz alemão (lulu da Pomerânia), poodle e até SRD (Sem Raça Definida). Segundo os proprietários, os filhotes eram vendidos de R$ 900 (macho york) a R$ 5.000 (fêmea lulu da Pomerânia).

A equipe do Diário acompanhou a ação e constatou ambientes insalubres na casa, dividida em três pavimentos. Os cães eram mantidos em sete locais distintos e improvisados, sem condições mínimas de higiene e conforto. Falta de iluminação, de ventilação e camas, água suja em potes improvisados, paredes sem tratamento de impermeabilização, umidade e sujeira foram pontos que chamam atenção. A aparência dos animais era de assustar, já que estavam sujos, por viverem no meio de fezes, urina e jornais picados.

A veterinária da Prefeitura constatou diversos cães com inflamações, problemas de pele e características de complicação neurológica. “Os cachorros dão sinais de alto estresse. Muitos estão doentes e precisarão de cuidados”, avaliou Carla, explicando que só poderão ser liberados para doação, por meio da ONG Focinhos Carentes, quando estiverem com a saúde em dia. 

Os animais eram vermifugados e vacinados pelos próprios donos do canil, em doses armazenadas na geladeira pessoal da casa, ao lado de alimentos abertos. O local de banho também chamou atenção dos agentes, com galões de sabão para lavar roupas, e cobertores usados como toalha. Além disso, o mau cheiro podia ser sentido ainda da calçada.

“A única coisa boa aqui é a ração, porque eles estão comendo a melhor que tem no mercado”, destacou Carla.

Ouvido pela reportagem, Ferreira, que tem seu nome apontado como proprietário do local, informou que, na verdade, somente ajudava no comércio, já que “seu avô”, o senhor Maturano, seria o dono do canil. “Eu estou aqui, mas o negócio é da família da minha mulher” garantiu.

Maturano, por sua vez, contestou os policiais sobre a ilegalidade do espaço e afirmou que gastou R$ 15 mil para regularizar as normas de AVCB (Auto de Vistoria do Corpo de Bombeiros). “Coloquei luz, placas que indicam saída de emergência e extintor”, reclamou.

Questionado sobre a caderneta de vacinação dos animais, Maturano apresentou um caderno, com as doses relacionadas à mão por ele mesmo. “Uma veterinária nos fornece as vacinas, nós aplicamos e ela pediu para que eu anotasse tudo e, depois, ela carimbava a caderneta de todos”, revelou. A polícia investigará a responsável apontada por Maturano.




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