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Por dia, 29 infectados vencem a Covid na região

Desde início da pandemia, as sete cidades apresentam 2.008 pacientes curados da doença

Yasmim Assagra
Do Diário do Grande ABC
23/05/2020 | 22:59
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André Henriques/DGABC


Ao mesmo tempo em que a Covid assusta pela facilidade com que o coronavírus se espalha pela população, proporciona surgem histórias emocionantes de quem venceu a batalha contra a doença. Desde o primeiro caso confirmado, em 15 de março, a região conta com média de 29 pacientes de alta por dia – 2.008 já se recuperaram da doença. Os dados foram obtidos por meio dos últimos boletins epidemiológicos divulgados pelas prefeituras.

Santo André tem o maior número de altas médicas, com 807, ou seja, 48,5% dos 1.664 contaminados na cidade estão livres da doença. Proporcionalmente, Rio Grande da Serra e São Caetano lideram lista regional – a primeira com 58,5% (31 curados entre 53 diagnosticados) e a segunda com 57,6% (528 de 916). Na sequência, em números absolutos, estão São Bernardo, com 342 altas médicas (26,6% do total); Diadema, com 182 (25,4%); Mauá, com 59 (19,1%); e Ribeirão Pires, também com 59 (39,6%).

O prefeito de Santo André, Paulo Serra (PSDB), explica o sucesso no tratamento que já possibilitou a cidade recuperar quase metade das pessoas infectadas. “Nossa estrutura nos permite prestar atendimento logo nos primeiros sintomas, isolar os contaminados, colocar no oxigênio e seguir os protocolos. Não tem um protocolo pronto, um medicamento milagroso. Cada caso é um caso. Infelizmente, ainda não tem um remédio que cura, uma vacina, mas usamos medicamentos associados com outros e, no nosso monitoramento, isso está dando resultado”, detalha.

O reforço para a recuperação destes pacientes veio após as inaugurações dos hospitais de campanha, que, automaticamente, desafogaram os demais equipamentos da saúde e isolaram ainda mais pacientes que testaram positivo ao coronavírus. Exemplo disso foi a estrutura montada no Complexo Pedro Dell’Antonia, em Santo André. O local oferece 180 leitos para tratar pacientes com todas as complexidades da doença, assim com o Estádio Bruno Daniel, que abriu as portas na sexta-feira, com 120 acomodações.

Na quinta-feira, a diarista Cleunice Dias dos Santos, 46 anos, moradora do bairro Sacadura Cabral, recebeu alta médica do hospital de campanha do Dell’Antonia. Ela começou a sentir os sintomas, como dor de cabeça, febre, tosse e dor de garganta, dia 7 de maio, procurou um hospital particular que a orientou fazer o tratamento em casa. Não deu certo e Cleunice recorreu a UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do seu bairro. “Sentia que tinha algo de errado, fiz raio X e já constataram a Covid. Foi quando fui encaminhada para o hospital de campanha”, declara.

A diarista lembra que momentos antes de ser transferida para a unidade pensava que seu quadro clínico era preocupante, principalmente por apresentar pressão alta. “Na minha cabeça, os pacientes que vão para o hospital (de campanha) já estavam muito ruins e que eu não ia ter mais chance. Mas foi totalmente ao contrário do que pensei”, lembra Cleunice.

Ao longo do tratamento na unidade, a munícipe destaca que foi melhorando a cada dia. “Durante o tempo que fiquei lá (seis dias), foi tudo ótimo, desde quando entrei, até minha saída”, explica a diarista. Cleunice ainda destaca que, além da sua recuperação, a Covid lhe deu uma lição de vida. “Aprendi a valorizar cada momento, desde o menor, até os de extrema importância. A experiência ficou marcada em mim e, dessa vez, farei tatuagem com a data de entrada e a data de saída, pois me considero renascida. Agora tenho duas datas de aniversário para comemorar”, finaliza.

A aposentada Ineusa Ribeiro de Oliveira, 65, também recebeu alta no mesmo dia de Cleunice, após 13 dias internada no hospital andreense. “Desde o início foram momentos de orações. A falta de ar e a tosse eram frequentes, então, só pedia a Deus”, declara.

Ineusa recorda que, além da própria força em vencer a Covid, a oração de outras pessoas também colaboraram em sua recuperação. “A torcida não só da minha família e dos amigos, mas de todos os médicos e dos enfermeiros que me ajudaram. Preciso agradecer muito a eles”, finaliza Ineusa.

Especialista recomenda 14 dias de isolamento após recuperação

Alta é só o primeiro passo para quem pode se considerar um vencedor na luta contra a Covid. Médica infectologista e professora de saúde coletiva da PUC (Pontifícia Universidade Católica), Maria Carolina Pereira da Rocha reforça, com base nas recomendações do Ministério da Saúde, que é necessário ficar em isolamento físico por mais 14 dias depois de deixar o hospital, mesmo sem apresentar sintomas. Além disso, é preciso realizar dois testes da Covid, em intervalo de 24 horas.

“É fundamental que se atentem a esses procedimentos, principalmente, porque o paciente pode transmitir o vírus ainda. Além disso, o cuidado está em respeitar o próprio corpo e redobrar o cuidado com qualquer alteração física que se sinta”, detalha a infectologista.

Maria Carolina ainda comenta que, segundo estudos já finalizados, o tempo em que o vírus pode permanecer no corpo de um paciente varia de acordo com a gravidade do quadro clínico. “Alguns pacientes podem ficar com o vírus mais de um mês, por exemplo. Se o paciente apresentar comorbidades, então, sua recuperação demora mais. Já outros sentem os sintomas de forma mais leve e, com isso, se sentem melhor mais rápido”, avalia.

A especialista reforça que não existe um estudo que comprove se o coronavírus, causador da Covid, permanece no corpo mesmo após desaparecerem os sintomas. Por isso, Maria Carolina recomenda atenção ao isolamento. “Não se tem ainda estes detalhes, pois já teve casos dos sintomas ficar indo e voltando. Existe esta discussão de pegar de novo ou não, se os anticorpos adquiridos são suficientes para imunidade ou não. Vamos aprender conforme acontece e entender como o vírus funciona na prática”, observa Maria Carolina.




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