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Comoção marca adeus ao prefeito Luiz Tortorello
Giba Bergamim Jr.
Kléber Werneck
Roney Domingos
Do Diário do Grande ABC
19/12/2004 | 13:08
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Sob forte calor e grande comoção, o prefeito de São Caetano, Luiz Tortorello (PTB), foi enterrado por volta das 15h deste sábado no cemitério das Lágrimas. Entre as tardes de sexta e sábado, cerca de 25 mil pessoas deram o último adeus ao maior líder político da história da cidade durante o velório no Palácio da Cerâmica. Aproximadamente 5 mil pessoas – segundo a Polícia Militar – se espremeram para ficar bem perto do jazigo da família Tortorello, onde o prefeito foi sepultado.

Eram 13h55 quando o caixão com o corpo do prefeito foi colocado no carro do Corpo de Bombeiros, ao som dos trompetes que entoavam a Valsa da Despedida e logo após uma missa realizada na sala de reuniões do gabinete. Tortorello deixava para sempre o local onde assinou projetos e decretos e definiu os rumos da cidade nos últimos oito anos. Do lado de fora do Palácio e nas imediações do Parque Chico Mendes, uma multidão aguardava a passagem do cortejo.

Com as sirenes ligadas, o carro dos bombeiros despontou na avenida Fernando Simonsen, onde as pessoas se enfileiravam aplaudindo e saudando Tortorello. A cena se repetiria por todo o trajeto, que se estendeu pela avenida Engenheiro Armando de Arruda Pereira, estrada das Lágrimas e rua da Eternidade.

Idosos, jovens e crianças de colo se aglomeraram nas ruas, nas varandas das casas e sacadas de prédios. Os estabelecimentos comerciais baixaram as portas.

A pé – Alguns moradores optaram por seguir o cortejo, que se estendeu com cerca de 1,5 km, a pé. A dona de casa Lourdes de Fátima Correia Guilherme, 41 anos, foi uma delas. "Foi o melhor prefeito que essa cidade já teve. Ele merece a homenagem de todos nós e eu me sinto na obrigação de participar", disse Fátima, moradora do bairro Vila São José há 37 anos e eleitora fiel de Tortorello.

Por volta das 14h40, o caixão chegou ao cemitério. O caminho de asfalto que leva ao túmulo foi decorado com mais de 70 coroas de flores. À espera de Tortorello, estavam perfilados funcionários uniformizados do Cram (Centro Rápido de Atendimento ao Munícipe). De mãos dadas, eles representaram o serviço criado por Tortorello em 1989 e que absorve universitários bolsistas.

Momento da família – Os filhos do petebista, Marquinhos e Luiz Olinto Capovilla Tortorello, carregaram o caixão por uma ladeira com a ajuda de outros familiares e vereadores. À frente deles, a viúva Avelina Capovilla Tortorello, vestida com um conjunto creme e com os olhos vermelhos de tanto chorar, segurava uma rosa amarela. Ela estava cercada pelas filhas Maria Angélica e Marta e pelos oito netos. Rodeado pela multidão, o clã Tortorello se unia no momento de dor, no último adeus.

Um dos retratos da tristeza era o neto Lucas, 10 anos. Vestido com a camisa da AD São Caetano – com a qual ia aos jogos do Azulão acompanhado do avô –, Lucas abraçou o pai Marquinho Tortorello carinhosamente. Choraram muito. Abalada, Avelina Tortorello foi amparada pela filha Maria Angélica e pelo irmão do prefeito morto, Jaime Tortorello.

Geovana Tortorello, 14 anos, a neta mais velha do líder político, também estava muito emocionada. Para mostrar o amor pela garota, Tortorello mudou até uma lei municipal para dar o nome dela a uma escola, o que gerou críticas da oposição no município. Os familiares do prefeito se mantiveram em silêncio por cerca de 20 minutos, tempo que o coveiro demorou para acomodar o caixão e fechar o túmulo, às 15h02. Nesse período, todos oraram quietos, segundo a professora Marta Tortorello, outra filha do prefeito. "Nós somos de Jesus", disse ela, que é mãe de Geovana e carregava uma bíblia.

Em cima de outros túmulos e em volta de árvores uma multidão tentou o tempo todo se aproximar do caixão. O silêncio entristecedor só foi quebrado por um grito anônimo: "Viva Tortorello". Uma salva de palmas ecoou na seqüência.

Marca Tortorello – Alguns detalhes da organização do velório e do enterro do prefeito mostraram a marca dos investimentos feitos por ele na cidade e do sentimento agregador que ele cultivou.

Um dos exemplos foi o da Orquestra Filarmônica de São Caetano, que levou um grupo de metais com 12 instrumentos encarregado de executar quatro peças. Entre as músicas, o hino da cidade, que foi acompanhado pelas vozes de moradores e funcionários que sabiam a letra de cor. "Foi o único administrador público que criou e manteve uma filarmônica", disse o maestro Antonio Carlos Neves Pinto. No próximo dia 23, a orquestra tocará na inauguração da praça 1º de Maio. Segundo o maestro, esse foi um dos últimos pedidos do prefeito. Funcionários da administração e moradores cantaram o hino da cidade inteiro. "Do passado nos resta a lembrança de heróis que souberam te erguer. Para frente, para frente, São Caetano, tu tens que crescer", dizem os versos.




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