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Câmeras registram cenas 'picantes' na Ponte Rio-Niterói
Do Diário do Grande ABC
11/12/1999 | 13:47
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Na era dos pardais, radares e câmeras eletrônicas, todo cuidado é pouco. Posicionados em pontos estratégicos, esses equipamentos que monitoram o trânsito 24 horas também conspiram contra o anonimato das multidoes flagrando tudo o que acontece nas principais ruas e avenidas do Rio.

Tudo mesmo. Nesse superarquivo voyeur da cidade, registros de manobras arriscadas, acidentes, assaltos e tentativas de suicídio dividem a memória com cenas de sexo explícito e de escatologia.

A Ponte Rio-Niterói, um dos primeiros locais a ter os olhos eletrônicos, tem 20 deles. Conectados a cinco monitores em uma central operada por dois funcionários em turnos de seis horas, transmitem todo o tempo imagens das 10 pistas de subida e descida nos 14 km da ponte.

E em pouco mais de três anos de atividade, já registraram cenas que, diante de tanta ousadia, parecem até intencionais, puro exibicionismo.

Sao motoristas, que arriscam tudo por momentos de prazer, a qualquer hora. Segundo Edmundo Bittencourt, coordenador de Operaçoes da Ponte S.A., imagens de sexo explícito nao sao comuns, mas acontecem. "Tivemos um Chevette que enguiçou no retao. Quando a equipe foi ajudar, o casal estava entre beijos e afagos", lembra Bittencourt.

Alguns tentam o disfarce, mas os olhos eletrônicos conseguem captar até segundas intençoes. Um dos flagrantes mais curiosos mostra uma mulher fazendo sexo oral no acompanhante. Ele de pé, observando a paisagem, ela no carro.

Em outro caso, a câmera revela a vocaçao humorística de um motorista que usava a pista como banheiro. Agachado ao lado da roda dianteira do carro, sem as calças, ele simulava gestos como se trocasse um pneu toda vez que um farol o iluminava.

Desde setembro de 96 como operador do Centro de Controle Operacional (CCO), Marcelo Licker de Souza já viu de tudo. Uma vez, uma motorista deixou o carro na altura de Mocanguê e saiu, visivelmente nervosa. "Quando o socorro chegou, achou um rato no carro. Tivemos que rebocá-lo porque a moça nao quis entrar de volta de jeito nenhum", diz.

A decisao de filmar ou nao o que se passa depende de operadores como Licker. Nos casos em que um motorista imprudente poe em risco a vida de outros, podem comunicar à polícia.

Ano passado, por exemplo, um caminhao que vinha de Niterói, voltou praticamente toda a extensao da ponte em marcha-a-ré até ser detido.

Na maior parte das situaçoes, porém, as cenas envolvem açoes de violência. Como a do ladrao, flagrado pela câmera no momento em que tentava um assalto e perseguido pela polícia. Sempre sob a mira das câmeras, o assaltante cruzou as pistas mas nao foi preso: pulou a amurada perto do Cais do Porto, a quase dez metros de altura, e despistou policiais e a vigilância eletrônica.

Edmundo Bittencourt lembra, no entanto, que a funçao básica da câmera é de monitorar o trânsito, mas muitas vezes elas já salvaram vidas, ajudando a reduzir o número de suicídios. "Em 1997, um bombeiro parou o carro e subiu na mureta. A equipe médica conseguiu demovê-lo e ele nos contou que estava desempregado e há dois dias nao comia", conta.

Segundo Bittencourt, as tentativas de suicídio sao muitas mas poucos sao os casos fatais. Desde 97, foram apenas três.




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