Diarinho Titulo Haja coração!
Ansiedade faz parte da torcida

A emoção é tanta que organismo reage quase como se o torcedor estivesse em campo

Caroline Garcia
Do Diário do Grande ABC
25/05/2014 | 07:00
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Imagine ter de fugir de um leão. Por incrível que pareça, o corpo reage de maneira parecida – só que com intensidade um pouco menor – quando assistimos a um jogo de futebol pela TV ou no estádio.

“Meu pai grita com a televisão. Eu fico quieto assistindo, mas também fico nervoso”, diz Rodrigo Valeri, 9 anos, do Colégio Singular, de São Caetano.

A ansiedade de imaginar o resultado da partida gera alterações no organismo, que libera maior quantidade de adrenalina e noradrenalina. Essas substâncias químicas preparam o corpo para situações de emergência, em que é preciso agir rapidamente.

As pupilas (área negra no centro dos olhos) aumentam para que entre mais luz, facilitando a visão. A respiração e os batimentos cardíacos aceleram, assim, mais oxigênio entra no corpo. Os músculos passam a receber maior quantidade de sangue do que outros órgãos, como os do sistema digestório, que ficará quase sem trabalhar.

E não para por aí. As ligações entre os neurônios (células responsáveis por transmitir informações ao cérebro), chamadas sinapses cerebrais, também aumentam. Desse modo, o sistema nervoso recebe mais estímulos e fica pronto para responder velozmente a diferentes comandos, como sair correndo.

É natural ficar nervoso em dia de jogo. “É uma decepção quando o time perde”, afirma Giovanna Ceolin Arantes, 9. Mas é importante não ter uma reação muito exagerada. “Grito bastante, mas não fico triste porque faz parte (a equipe nem sempre ganhar)”, acredita Rodrigo.

Na verdade, conforme a gente cresce, aprende a controlar melhor a ansiedade. É o que ocorre também com os jogadores. Quanto mais experientes, menos aflitos e estressados ficarão em campo.

Nervosismo precisa estar sob controle

Dentro de campo, o controle da ansiedade é tão necessário quanto o treinamento físico. Por isso, os atletas e até o técnico passam por acompanhamento psicológico.

O nervosismo, então, é transformado em incentivo. Os jogadores aprendem a ter confiança durante as partidas. Com concentração e foco, os passes saem com mais facilidade, e o jogo fica menos tenso.

Fora dos gramados, o estresse causado pela disputa entre os times pode contribuir com as brigas nos estádios, que também têm outras causas, como a falta de respeito de alguns torcedores.

O futebol é forma de diversão e, mesmo que o time do coração perca, não devemos ficar tristes demais nem discutir com alguém por isso.

Estádio proporciona emoção extra

Durante a Copa do Mundo, cada jogo é momento de decisão. “No estádio tem muita gente e barulho. Gostei de ir, mas agora só vejo em casa”, conta Amabille Akemi Scarpa Hirano, 9 anos.

Quanto maior a empolgação, maior também a reação do corpo. Para alguns especialistas, a adrenalina em excesso liberada no organismo pode influenciar até confrontos entre torcidas.

“Fui em um jogo do Palmeiras e Corinthians que teve briga. Precisei ir embora mais cedo e assisti ao resto pela televisão. Fiquei com medo. Não sabia direito o que estava acontecendo”, diz Rodrigo Valeri, 9.

A experiência de Thiago Monte de Miranda, 9, no estádio é mais tranquila. “Fico pulando, torcendo, gritando e até narrando.” Por fazer aulas em uma escolinha de futebol, o corintiano foi chamado para acompanhar jogadores em campo. “Já entrei com Paulo André (hoje no Shangai Shenhua, da China) e com o Romarinho. Dei sorte. O Corinthians ganhou do Atlético Sorocaba por 3 a 0. Foi o Romarinho quem fez os três.”

Partidas também deixam animais estressados

Jogos de futebol são, geralmente, acompanhados de fogos de artifício e muito barulho. Nessa hora, é importante prestar atenção no bicho de estimação. Como a audição dos cachorros é quatro vezes melhor do que a nossa, os estouros os assustam.

O cão demonstra medo quando começa a tremer, babar e respirar mais rápido com a língua de fora. Também tenta se esconder ou procurar o colo do dono. Para acalmar o bichinho, é indicado mantê-lo em ambiente seguro, sem acesso à rua, colocar algodão nos ouvidos, ligar música e brincar para distraí-lo. Em casos extremos, é preciso até de medicação, que deverá ser indicada pelo veterinário.

Se o pet for velhinho ou tiver problemas no coração, a situação fica mais perigosa, pois ele pode até morrer por causa do estresse que o medo provoca.

Consultoria de Paulo Zogaib, fisiologista do esporte e médico da Unifesp, Érica Renata Leite, veterinária especialista em pequenos animais, e Suzana de Melo Contieri, professora da Universidade Metodista, responsável pelo Programa de Aprimoramento em Psicologia do Esporte.




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